Ícaro Santos
SÃO PAULO – No dia 08 de fevereiro deste ano, o apresentador do podcast mais famoso do país usou mais uma vez de seu espaço para defender o que há de mais atrasado na humanidade. Junto do deputado federal de direita liberal Kim Kataguiri e da deputada federal Tábata Amaral, abertamente, o apresentador Monark defendeu a existência de um partido nazista. A verdade: até mesmo a justiça burguesa brasileira, devido a luta do povo foi obrigada a reconhecer nas suas leis o quão podre e desumano é fazer apologia ao nazismo.
Em suas palavras sobre “o direito da expressão do ‘antijudeu’ e a defesa de um partido político nazista legalizado”, Monark reproduziu um fato importante da nossa realidade: algumas pessoas tem liberdade para dizer o que bem entendem. Vamos ainda além, pois não foi o fim dessa história. O apresentador foi defendido por diversos representantes da direita liberal, como por exemplo Adrilles Jorge, ex-comentarista da Jovem Pan, que veio a público opinando que “o que deveria ser proibido era falar sobre comunismo” antes de se despedir, com um gesto associado a Hitler pela própria emissora. Claro que, para um jornalista burguês e representante das opiniões da classe dominante, é um crime, quase um pecado, defender que o povo tenha o que comer, que todos tenham trabalho, que uma dúzia de famílias não detenha mais do que 50% da população do país somada. Que pecado atacar a propriedade herdada por eles, que crime o de lhes impedir de prosseguir com seus projetos nefastos até o fim de nossas vidas.
Neste cenário, surgiu um argumento interessante: silenciar vozes nazistas seria atacar a “liberdade de expressão”. Antes de se aprofundar sobre isso, vale lembrar: cinco famílias detém controle da grande maioria da mídia no Brasil, empresas patrocinam e financiam diversos programas online, jornais, canais, etc., parlamentares defendem os interesses específicos de organizações de bilionários nacionais e internacionais. Neste cenário, onde toda a voz está centralizada nas mãos de meia dúzia, onde um homem branco e rico pode defender o maior crime da história recente da humanidade e ainda ser defendido por seus iguais, onde tais crimes são considerados opiniões, ainda há aqueles da direita extrema que dizem não serem livres para se expressarem.
A verdade: quem não é livre para se expressar é o povo pobre e trabalhador, periférico, camponês e oprimido. Quando as mães de São Bernardo do Campo são ameaçadas e insultadas na câmara dos vereadores, não há liberdade de expressão, quando as famílias que, cansadas da carestia e da exploração imobiliária, ocupam prédios abandonados e sofrem reintegração violentamente, não há liberdade de expressão alguma. Quando Moïse é morto por tentar cobrar seu salário, não existe liberdade de nenhum tipo. A liberdade, dentro desse mundo do lucro, desse mundo da desigualdade, desse mundo da exploração do ser humano, é um produto a ser vendido para quem puder pagar.
Mas não estamos perdidos, muito pelo contrário. Se ousam tirar nossas vozes, nós gritamos em um só som, se querem calar nossa história, escrevemos no nosso Jornal A Verdade a luta de todo dia, se querem nos dizer que não temos condições de cuidarmos do país, de construirmos um mundo melhor, nós, o povo pobre, preto, das periferias, que já não tem nada a perder e acima de tudo, trabalhador, avançamos onde nos diziam ser impossível, nos organizamos, tomamos nosso partido, a Unidade Popular pelo Socialismo, erguemos nossas bandeiras e dizemos que podemos sim. Que podemos construir pré-candidaturas que realmente nos representam, como a de Leonardo Péricles, que podemos construir um projeto de país melhor.
A voz que queremos ouvir é a do povo, a liberdade de expressão que defendemos não é a de oprimir, mas sim a de libertar, não é a de exterminar, mas a de defender a vida, não é a do 1%, é a de todas e todos que não tem voz nesse sistema. Os choros escandalosos da direita e do neoliberalismo, defendendo seu irmão mais podre, o nazismo, todos no colo do capital, em breve vão ter um fim. Porque no mundo de hoje, a liberdade de expressão dos ricos é direito apenas dos ricos, e em breve, isso mudará. Um dia, a voz que será ouvida será a do nosso povo, os espaços e as ferramentas estarão mas nossas mãos, a construção de toda essa sociedade virá por nós e para nós. Eles nos dizem que não conseguiremos ou que esse dia está muito longe, mas como diria Emmanuel Bezerra, que deu sua vida pela liberdade, não só de expressão, mas total para todo o nosso povo: “o grande dia chegará”.