Kivia Moreira | Natal – RN
EXPLORAÇÃO = Segundo a Organização Internacional para Migrações (OIM), a prostituição de mulheres e de meninas latino-americanas gerou lucro de U$ 16 bilhões para os grandes capitalistas. Isto é, a mulher, muitas vezes, sem quaisquer opções para poder sobreviver, precisa vender seu corpo por um prato de comida.
Infelizmente, essa é a realidade de diversas moças e mulheres as quais moram na região da tríplice fronteira entre Colômbia, Peru e Brasil. Das vítimas tráfico humano na região são 62% mulheres de 23% meninas – 80% delas são submetidas à exploração sexual.
Isso ocorre pois, como em diversas localidades e periferias do Brasil, há menor qualidade de vida, saneamento básico, bem como aumento da evasão escolar e desemprego e, nesse cenário, muitas jovens não veem perspectiva de vida. Nesse sentido, muitos indivíduos ricos, geralmente homens, prometem roupas e celular novos, algum dinheiro em troca de favores sexuais dessas mulheres.
As redes de exploração sexual na Amazônia
Muitas vítimas não possuem outra oportunidade além de aceitar propostas de exploração sexual e violência contra elas. A rede de prostituição da Amazônia enxerga essa vulnerabilidade e aproveita a situação para explorá-las ainda mais.
Nos fins de semana, há grande fluxo de jovens mulheres na fronteira levadas a estabelecimentos conhecidos como prostibares, que são propriedades de traficantes de coca e usados para negociações e comércios ilícitos, geralmente tendo consentimento das autoridades locais.
No entanto, com o início da pandemia da COVID-19 no Brasil e no mundo, a negligência e falta de fiscalização entre as fronteiras foi evidente. Isto porque se acreditava-se que, com a diminuição do turismo e de viagens entre países, essa rede de prostituição seria combatida naturalmente.
Entretanto, o comércio ilegal e o tráfico humano não cessaram, pelo contrário, com a evasão escolar, aumento do desemprego, fome e carestia, muitas jovens foram submetidas à prostituição para garantir sua sobrevivência e de sua família.
Prostituição: face cruel do capitalismo
A prostituição é a face cruel de exploração e domínio capitalista sobre as mulheres, apodrecendo ainda mais a relação entre homens e mulheres. Alexandra Kollontai, revolucionária soviética, afirmava que “a prostituição destrói a igualdade, solidariedade e a camaradagem das duas metades da classe operária. Um homem que compra os favores de uma mulher não a vê como uma camarada ou como uma pessoa com direitos iguais. Ele vê a mulher como dependente dele e como uma criatura desigual de uma ordem inferior que é de menor valor para os de condição operária.”
E isso afeta não somente a vítima que está sofrendo diretamente dessa exploração, mas também todo o coletivo, toda a sociedade e a classe trabalhadora. Nesse sentido, não há como falar em liberdade enquanto meninas e mulheres, que possuem classe e cor, precisam vender seu corpo em troca de comida. É indigno e cruel.