Os deputados iniciariam o ano de 2023 com um aumento salarial de R$ 25.322,25 para R$ 29.469,99 e terminariam seus mandatos com o salário já em R$34.774,64. Isso representa um aumento geral de de 37,3%; ou R$9.400,00 a mais por mês ao final do mandato.
Diogo Leme
ABC PAULISTA – Os deputados estaduais Thiago Auricchio (PL), o qual possui domicílio eleitoral em São Caetano do Sul, e Carla Morando (PSDB), que têm a sua base eleitoral em São Bernardo do Campo, votaram “sim” para o projeto proposto por Alex de Madureira (PL) de aumento de seus respectivos salários durante sessão da Assembleia Legislativa realizada na última quarta-feira (21). A proposta em si projeta um aumento escalonável a partir de 1° de janeiro de 2023 até 1° de fevereiro de 2025.
Não restam dúvidas de que a maioria dos cidadãos do ABC Paulista se espantariam ao ler essa notícia quando, por exemplo, constata-se segundo o CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas) de São Caetano que o número de endividados do segundo semestre de 2022 da região aumentou cerca de 13,93% em relação ao mesmo período do ano de 2021, evidenciando um grande contraste social entre o povo pobre que necessita recorrer ao crédito bancário para conseguir sobreviver e deputados que supervalorizam suas próprias rendas a fim de satisfazer interesses unicamente próprios.
Um outro levantamento feito pelo CRAISA (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) aponta que pela primeira vez, no ano de 2022 o valor da cesta básica no ABC Paulista alcançou o valor de R$1.008,22 e quase atingiu o salário-mínimo atual de R$1.212,00.
A pesquisa aponta também que dentre os 34 alimentos integrados na cesta básica, 20 tiveram altas nos preços durante o último período. Ou seja, o povo pobre do ABC enfrenta uma bifurcação entre a queda no poder de compra devido ao não acompanhamento de sua renda mensal com o aumento exponencial dos produtos de subsistência nos mercados e lojas.
O carreirismo político e a defesa dos interesses dos grandes ricos são as reais perspectivas de Thiago Auricchio e Carla Morando no decorrer de seus mandatos. O contrário se torna impossível, pois se defende o povo trabalhador inserindo-o devidamente na economia e na democracia constitucional levando em conta o título de maioria que este leva no infográfico brasileiro, isso é, colocando-o nos espaços de poder.
Afinal, a pulga atrás da orelha daqueles que ergueram toda a região do ABC, contudo nada detém, instiga uma dúvida crucial: quem mais necessita de um aumento salarial são mesmo políticos que já ganham cerca de R$25.000,00 por mês?
Com uma extensão relativamente curta em comparação às outras zonas de São Paulo, o ABC Paulista, durante o ano de 2020, injetou na economia brasileira com apenas o município de São Bernardo do Campo cerca de R$48,6 bilhões segundo levantamento do IBGE, provando que a região possui um alto índice de abastecimento para o país.
Esses dados atualmente, contudo, estão imbuídos com a exploração de milhares de trabalhadores que não detém nem um terço daquilo que produzem, expressando que os moradores do ABC não estão fadados para sempre à miséria e à desindustrialização de seus municípios, mas sim que carregam consigo a contradição inerente de se nascer proletário dentro desse sistema capitalista, contradição essa que o capacita a se radicalizar.
Quer dizer, o aumento abusivo do salário dos políticos em contraste com o precário estilo de vida não deve significar lamúria, mas sim o levante de um povo que já não mais aguenta viver sob a asa de uma economia que gira em torno da exploração de suas famílias.
Um grande exemplo de mobilização popular diante o cenário atual na região foi o MLB que no fim de ano realizou a campanha Natal Sem Fome em diversas cidades e estados para garantir uma ceia de Natal digna ao povo trabalhador.
Essas ações, assim como as realizada pela UP, representam o grande signo de que somente a organização revolucionária trará para o povo trabalhador os meios de mudar significativamente o que hoje representa a política no país: a exclusão e a desigualdade.