Uma falha na rede elétrica da estação Imperatriz Leopoldina teria afetado a circulação. Ministério Público já pediu devolução da operação das linhas, sob concessão da Viamobilidade, para o serviço público.
Carolina Matos
OSASCO – Logo cedo, no primeiro dia da semana, milhares de pessoas da região metropolitana de São Paulo enfrentaram muitos transtornos nas linhas 8 e 9 do sistema ferroviário, operadas pelas Viamobilidade, consórcio liderado pela CCR. Os passageiros tiveram que sair do trem e caminhar pela via até a estação mais próxima.
Imagens nas redes sociais mostraram fumaça saindo de uma das subestações, o que pode indicar um princípio de incêndio que afetou a rede elétrica e o funcionamento da linha 8-Diamante.
Ao longo de toda a manhã, usuários relataram que os trens estavam operando com maior tempo de parada e com velocidade reduzida. Junto com o calor e a lotação, a lentidão fez muita gente passar mal.
Os relatos também denunciaram que a Viamobilidade demorou para informar o que estava acontecendo. Foi preciso acionar veículos da operação Paese entre Carapicuíba e Lapa.
A circulação de trens na Linha 9 – Esmeralda também apresentou falha nesta manhã. Uma oscilação do fornecimento de energia teria prejudicado a operação, causando uma falha no sistema de tração, o que obrigou os usuários a esvaziarem o trem na estação Cidade Universitária.
Em um ano de concessão, falhas nas linhas 8 e 9 aumentaram sete vezes
No último ano sob operação e manutenção da CPTM, ocorreram 19 falhas nas linhas 8 e 9 do trem. Depois da concessão, foram registradas pelo menos 130 falhas, quase sete vezes mais. O Ministério Público (MP) anunciou que irá pedir que a rescisão de contrato com a Viamobilidade.
Em novembro de 2022, a concessionária se recusou a assinar o Termo de Ajustamento de Conduta proposto pelo MP e já acumula mais de R$ 10 milhões em multas devido a falhas e fatos graves, como a morte de um funcionário da manutenção durante o serviço. A empresa recorreu e até agora nenhum pagamento foi feito.
É grande a insatisfação com o serviço nas linhas 8 e 9. São flagrantes o descaso com a estrutura da ferrovia e o desrespeito com os passageiros. Ainda assim, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), declarou diversas vezes que pretende privatizar mais linhas da CPTM e do Metrô – um total desprezo à vontade da população.
A Viamobilidade deu inúmeras provas de que a privatização piora o transporte público. Seguir com essa concessão só tornará ainda mais penoso o dia a dia do povo trabalhador.
É urgente que a população e os movimentos sociais pressionem o governo estadual e as instituições a rescindir o contrato e devolver a operação das linhas para a CPTM, cobrando também mais investimentos e contratação de funcionários.