Apenas no período de janeiro a abril de 2022, foram registrados 174 casos de racismo nas cidades paulistas, superando os números dos últimos anos, segundo a Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo. Em Mogi das cruzes, além do caso já citado ocorreram outros 2 apenas no período de 5 meses.
Daniel Pedro | Mogi das Cruzes
BRASIL – Em 2022, ocorreu uma tentativa de assassinato em Mogi das Cruzes. Um homem preto de 28 anos sofria perseguições do guarda municipal que jogava cascas de banana em frente a sua residência e perseguia seus familiares na rua até que efetuou disparos contra a vítima na porta de sua casa e fugiu, sendo preso alguns dias depois do ocorrido. A polícia recebeu diversas denúncias da família sobre os casos de racismo que vinham enfrentando, mas nada fez para impedir a continuação do crime.
No mês de janeiro de 2023, um jovem de 25 anos, sofreu ataques racistas de um grupo, no Mogi Shopping. Insultos como “seu negrinho e vesgo” foram registrados pelo jovem enquanto os racistas o seguiam no momento em que descartava a bandeja na área de alimentação.
Um segurança e um bombeiro civil se aproximaram, observaram, mas não perguntaram nada sobre o ocorrido. Finalmente, quando estava indo para o ponto de embarque por aplicativo, se deparou novamente com o grupo e teve que retornar para o interior do shopping para se proteger.
Em fevereiro do mesmo ano, um homem de 44 anos sofreu racismo em um posto de gasolina. Insultos como “macaco” foram proferidos contra a vítima que reagiu. A esposa do racista lançou spray de pimenta na vítima e em seu assistente. A briga teve fim quando um vigilante interveio.
Construído com o sangue negro o Brasil manteve esta parcela da população escravizada por 338 anos. Durante esse período os africanos foram sequestrados de sua terra com o objetivo de serem escravizados até a morte. Muitos se rebelaram e fugiram para os quilombos, resistindo aos latifúndios.
Com apenas 134 anos desde o fim oficial da escravidão, nada foi feito como reparação por todos os anos de sofrimento e privações. A população negra ainda se encontra inserida em um cenário de exclusão social e desigualdade racial, uma vez que essa situação é mostrada pela precariedade dos empregos, moradias, renda, educação, etc.
Não podemos ficar parados diante de tanta injustiça em que nossos irmãos e irmãs são oprimidos e assassinados, onde pessoas se sentem à vontade para nos tratar como vermes, nos espancar na rua e nos alvejar na porta de nossos lares.
A luta se faz necessária e não podemos nos esquecer nunca dos nossos heróis e heroínas que não se ajoelharam diante dos colonizadores, latifundiários e fascistas. Nunca abaixaremos nossas cabeças para a escória racista, devemos construir uma sociedade onde não há exploração do homem pelo homem e desmantelar essa estrutura capitalista nefasta, onde o negro nada mais é que uma mercadoria para trabalhar e viver dos restos.