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domingo, 24 de novembro de 2024

Avanço nas investigações do assassinato de Marielle mostra indústria da morte

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Delação de ex-PM comprova suspeitas sobre executores de Marielle Franco. Assassinato da vereadora socialista escancaram domínio político das milícias no RJ. Justiça ainda tem que responder quem mandou matar Marielle e por que estamos há 5 anos sem respostas.

Redação RJ


BRASIL – Uma submetralhadora desviada do BOPE da PMRJ, um desmanche de carros controlado por máfias criminosas, responsáveis por dirigir o carro do assassino, sumir com provas do crime são alguns dos elementos revelados pela Polícia Federal, ontem (24), que surgiram na investigação do brutal assassinato da vereadora socialista Marielle Franco, ocorrido em 2018.

São 5 anos sem respostas de quem mandou matar e porque, mas ontem a polícia finalmente conseguiu terminar a investigação sobre que executou o crime. As suspeitas de que o ex-PM e assassino de aluguel Ronnie Lessa é o culpado foram confirmadas pela delação premiada pelo também ex-PM Élcio Queiroz, que era o motorista de Lessa na noite do crime e deu detalhes do passo a passo para assassinar Marielle.

A arquitetura do atentado político

Entre as revelações do delator ficou claro que o assassinato foi planejado com pelo menos 7 meses de antecedência e que foi sim encomendado por uma terceira pessoa. Élcio também delatou o ex-bombeiro militar Maxwell Simões Corrêa, que tinha a função de monitorar Marielle nos meses anteriores ao crime.

Com todas essas confirmações se fechou a parte da investigação sobre os executores. Desde o assassino, até o motorista a Polícia Federal conseguiu estabelecer o papel de cada um no assassinato.

Maxwell foi quem monitorou, Élcio o motorista e Ronnie quem puxou o gatilho. Um assassinato político meticulosamente planejado e que envolveu várias partes do crime organizado no RJ.

Investigação mostra como as milicias dominam a política no RJ

Outros fatos foram também comprovados pela delação. Élcio afirmou que, em 2019, vazou a operação da polícia que levaria a prisão de Ronnie Lessa. Ele foi preso após encontrarem na sua casa, no condomínio onde a família Bolsonaro mora, mais de 100 fuzis. O vazamento quase possibilitou a fuga do ex-militar criminoso.

Ou seja, todos os fatos até agora comprovados mostram a extensão do assassinato político da vereadora socialista. A arma desviada do arsenal da Polícia Militar, o recrutamento de ex-militares na vigilância e planejamento, os contatos permanentes dos criminosos na polícia, que ajudaram no vazamento de operações, mostram até onde chega o poder político das milícias no RJ.

Mais do um estado paralelo ou simples criminosos, os milicianos são hoje o próprio poder político no estado. Toda a política de segurança, que no RJ é um negócio de bilhões, está nas mãos destes personagens. Hoje, existe uma indústria da morte no Rio, responsável pela morte de milhares de pessoas todos os anos e que viu em Marielle um alvo que ameaçava seu poder político no estado.

A delação de Élcio deixa claro que não foi ódio pessoal que levou ao assassinato, mas um projeto político que hoje governo o RJ. Ainda falta a PF responder as duas perguntas que não querem calar: Quem mandou matar Marielle e por que estamos há mais de 5 anos sem resposta?

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