Pela primeira vez na história da cidade o metrô está mais caro que o ônibus. Se antes, com o metrô público, o subsídio dos governos garantia o acesso da população ao serviço, agora o subsídio garante o enriquecimento da família Constantino, que possui patrimônio estimado em R$ 5 bilhões e são os donos do Grupo Comporte.
Coordenação Estadual MLC-MG
TRABALHADOR UNIDO – Com a privatização da CBTU MG o serviço de operação do metrô de Belo Horizonte passou a ser propriedade da Holding Grupo Comporte, empresa comprou a concessão do serviço pelos próximos 30 anos. Quatro meses após a venda os efeitos desastrosos dessa política já se evidenciam. Cresceram os casos de assédio moral e retirada de direitos entre os trabalhadores, e para a população há o aumento na tarifa e a piora na qualidade do serviço.
A privatização ocorreu durante a negociação do acordo coletivo de trabalho 2023/2024 da categoria, que antes era feita com o Governo Federal e foi transferida para a Metrô-BH. Após inúmeras rodadas de negociações das 67 cláusulas do acordo a empresa propôs excluir 45, alterar 07 e manter apenas 15.
Ataque às mulheres trabalhadoras
A tentativa de desmonte do Acordo Coletivo (ACT) ataca principalmente as metroviárias. Entre as cláusulas propostas de serem retiradas estão: Auxilio creche, auxilio materno infantil, auxilio filho com necessidades especiais, licença maternidade, licença amamentação, garantia de emprego para gestante/adotante, proteção a gestante, horário flexível para filhos com necessidades especiais, entre outras.
É no serviço público onde a diferença salarial e de ocupação de cargos de direção entre homens e mulheres é menor. O ACT da categoria é um dos fatores que garante que as metroviárias estejam mais próximas de terem condições iguais aos homens no ambiente de trabalho. Ao assumir a gestão do serviço a Metrô-BH se mostra insensível a essa luta e aos direitos das mulheres trabalhadoras.
Com privatização mais demissões
A empresa desrespeita entre outros direitos o edital de venda. No mês de maio demitiu cerca de 150 trabalhadores da CBTU-MG que estavam cedidos para a UFRRJ há mais de 10 anos. Os empregados foram notificados da necessidade de se apresentar em Belo Horizonte em 72h, inconformados com o prazo conseguiram uma liminar que garantiu a permanência no RJ. Após a liminar ser derrubada pela empresa cerca de 60 dias após ser concedida os empregados foram demitidos por abandono de emprego.
No tratamento com os empregados houve um aumento da política do medo e da punição. O reflexo disso é que nos últimos meses houveram segundo o sindicato pelo menos quatro tentativas de suicídio entre os trabalhadores. No mês de junho a empresa apresentou um PDV e cerca de 430 metroviários assinaram, a maioria por não suportar trabalhar em um ambiente extenuante e opressivo.
A categoria que antes era de 1458 metroviários reduziu para cerca de 870 metroviários, causando uma sobrecarga de trabalho para os que permaneceram. Em alguns setores a baixa de efetivo são tão grandes que não há condições dos trabalhadores fazerem 1h de refeição durante a jornada de trabalho, tendo que reduzir o tempo para que o serviço não pare. Devido a falta de funcionários da manutenção, o sindicato e a categoria vêm alertando os usuários e o poder público do aumento no risco de acidentes.
A empresa abriu contratação apenas para maquinista e chefe de estação, mas o número não resolve a defasagem. O contrato assinado pelos novos empregados é mais precário, pegando como exemplo maquinistas, há o aumento na jornada diária de trabalho de 6h para 8h sem aumento salarial.
Piora do serviço
Para a população há a piora do serviço, já que com o baixo efetivo fica impossível manter a qualidade de antes, há filas imensas na bilheteria e atraso nas viagens. Outro impacto é o aumento de 17,78% na tarifa, saltando de R$ 4,50 para R$ 5,30. Vale ressaltar que antes da privatização a passagem custava R$ 1,80 e se transportava por dia em média 230 mil passageiros, com o aumento para R$ 4,50 o número caiu para 105 mil passageiros por dia. Agora a R$ 5,30 esse número é ainda menor, porém os números não foram divulgados pela Metrô-BH.
Pela primeira vez na história da cidade o metrô está mais caro que o ônibus. Se antes, com o metrô público, o subsídio dos governos garantia o acesso da população ao serviço, agora o subsídio garante o enriquecimento da família Constantino, que possui patrimônio estimado em R$ 5 bilhões e são os donos do Grupo Comporte. A privatização do metrô de Belo Horizonte garante lucro a burguesia e impede o povo trabalhador de acessar o direito a mobilidade urbana.
Matéria publicada na edição nº 275 do Jornal A Verdade.
Pelos dados da reportagem, mesmo com a redução de usuários, a concessionária está lucrando mais e atendendo uma população menor.
Só li verdades…