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domingo, 22 de dezembro de 2024

População trans é impedida de entrar na universidade por causa da violência

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Enquanto nas universidades brasileiras apenas 0,2% do corpo discente é de estudantes trans e travestis, nas ruas, essa é a população que mais morre vítima de violências de gênero.

Alice Oliveira | Nova Iguaçu (RJ)*


EDUCAÇÃO – Dados levantados pela Rede Nacional de Pessoas Trans no Brasil mostram que 82% das pessoas trans e travestis entre 14 e 18 anos de idade abandonam o ensino básico, tendo como principal causa a transfobia. Outra pesquisa, desta vez realizada pela Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), revela que a imensa maioria das pessoas trans e travestis é expulsa de casa a partir dos 13 anos de idade. 

Se observarmos as universidades brasileiras, vemos o verdadeiro tamanho do buraco. De acordo com a Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES), apenas 0,2% dos estudantes em instituições públicas são pessoas trans e/ou travestis.

Em síntese, as políticas de expansão do acesso ao ensino, atacadas e sucateadas durante o Governo Bolsonaro, apesar de promoverem avanços, foram insuficientes para alcançar as camadas sociais mais oprimidas. Hoje, de forma geral, as universidades não garantem cotas para pessoas trans e não existe nenhum tipo de política de permanência, ocasionando muitas evasões.

Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo

De acordo com o relatório publicado pela Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (ANTRA), o Brasil é o país que mais mata pessoas trans e travestis no mundo. Outra pesquisa realizada pela SBMFC estima que 80% das pessoas trans e travestis assassinadas em 2019 eram negras e 64% foram mortas ao ar livre, no meio da rua.

Os dados são alarmantes e escancaram a violência que o capitalismo, sistema que impulsiona as opressões como o machismo e a cis-heteronormatividade, exerce sobre as populações dissidentes de gênero. É preciso ter em mente a dimensão dessas violências para compreender a precarização e a baixa expectativa de vida da população trans que, sem conseguir se manter na Universidade e no mercado de trabalho, é empurrada para as piores condições de vida.

A violência é sistêmica

Essa é justamente a base do sistema capitalista. A exploração da classe trabalhadora, que tem sua manutenção através  da reprodução das opressões de gênero, sexualidade e raça, que tenta impor suas concepções ultrapassadas e excludentes, incapazes de garantir o mínimo de dignidade para a maior parte da população.

Em conclusão, para garantir futuro onde pessoas trans e travestis não são agredidas e mortas nas ruas, para garantir acesso pleno à educação e emprego, é apresentada para todas as pessoas a fundamental tarefa de organizar a luta da população LGBTIA+ pelo fim do capitalismo e pela construção de uma sociedade socialista, que nos garanta o direito de existir!

*Estudante do curso de letras da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

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