Trabalhadores da GM decidem pela greve nas cidades atingidas por demissões. As principais reivindicações envolvem a estabilidade no trabalho.
Marcelo Pavão e Diogo Leme| UP ABC Paulista
TRABALHADOR UNIDO| Nesta segunda-feira, 23/10, os metalúrgicos da General Motors (GM) iniciaram uma greve por tempo indeterminado após a fábrica ter demitido centenas de trabalhadores e trabalhadoras de forma arbitrária durante o fim de semana.
As demissões atingiram as plantas de São Caetano do Sul, Mogi das Cruzes e São José dos Campos, em São Paulo. A decisão de deflagrar a greve foi tomada pelos trabalhadores em Assembleias realizadas entre domingo, 22, e segunda-feira, 23, tendo como reivindicações principais o cancelamento das demissões, estabilidade no emprego e manutenção dos postos de trabalho.
De fato, os trabalhadores e os sindicatos foram surpreendidos com as demissões. Sem aviso prévio, mães e pais de família receberam a notícia da sua demissão no sábado de manhã por meio de telegramas e e-mails.
Pior: outros apenas souberam que não eram mais funcionários da fábrica na segunda-feira, ao chegarem na catraca e tentarem cumprir seu expediente. “Descobri que tinha sido demitida quando fui entrar no meu turno [00h às 06h] e o crachá não passou na catraca. Tive que esperar na rua até às 6h porque não tinha como voltar para casa. Sou mãe solteira, não posso perder esse emprego.” – relatou uma das trabalhadoras demitidas para o Jornal A Verdade.
CRISE PARA QUEM?
Em nota, a GM culpou a “queda nas vendas e nas exportações” para justificar as demissões em massa. Declarou ainda que “entende o impacto que esta decisão pode provocar na vida das pessoas, mas a adequação é necessária”.
Nada mais hipócrita. No segundo trimestre do ano, a GM aumentou sua receita para 44,7 bilhões de dólares e obteve um lucro líquido de 2,6 bilhões de dólares. A “queda” nas vendas não faria nenhuma diferença para os já bilionários donos da montadora. Para os trabalhadores, no entanto, a falta de emprego significa a falta de comida e moradia para suas famílias.
Portanto, a culpa das demissões em massa é da ganância dos capitalistas por cada vez mais lucros. No capitalismo, os proprietários das fábricas sugam a força de trabalho dos operários para terem fortunas exorbitantes, apropriando-se das riquezas produzidas por eles e os descartando quando o sistema entra em “crise”.
Nas palavras de Lênin, “Quando a indústria prospera, os patrões obtêm grandes lucros e não pensam em repartir com os operários. Mas durante a crise os patrões tratam de despejar sobre os ombros dos operários os prejuízos.”¹
AS GREVES MOSTRAM O CAMINHO
No Brasil e no mundo inteiro, especialmente nos países centrais do capitalismo – como os Estados Unidos, França, Alemanha, Inglaterra, Japão, etc. – Os trabalhadores e as trabalhadoras têm se organizado e travado lutas por melhores condições de vida. Apenas no primeiro semestre deste ano, mais de 550 greves foram registradas só no Brasil.
A deflagração de centenas de greves, inclusive a greve histórica nas plantas da GM, Ford e Stellantis nos Estados Unidos, demonstram que os trabalhadores são os verdadeiros senhores do mundo.
A burguesia não passa de uma classe parasita, vampiros que vivem sugando o sangue dos trabalhadores. Ora, se os operários não ligarem as máquinas e não produzirem os carros, como os donos das montadoras vão lucrar?
Somente nesta greve em curso na GM, por exemplo, com a paralisação dos operários, a montadora deixa de fabricar ao menos 800 veículos por dia.
As greves evidenciam que não somente o nosso salário deveria ser melhor, mas, se vivêssemos em um sistema realmente justo, o produto do nosso trabalho seria apropriado coletivamente pela sociedade, e não transformado em fortuna para os donos das máquinas que mal sabem como operá-las.
As greves devem servir, portanto, como um momento educador para o nosso povo, deve elevar a consciência do papel que os trabalhadores têm na sociedade capitalista. Para isso, a transformação da greve econômica em uma grande greve política geral deve estar no horizonte da vanguarda, daqueles que estão à frente das greves.
Somente desse modo é que a luta popular despertará a consciência de classe dos explorados, como os trabalhadores da GM, ou seja, nos esclarecerá de nosso objetivo histórico enquanto classe: a realização de uma revolução e a construção do socialismo, coletivizando os meios de produção e, consequentemente, extinguindo a classe burguesa, que se apropria desses meios para subtrair do trabalhador a riqueza de seu trabalho.
¹ Sobre as Greves, 1899.