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sábado, 21 de dezembro de 2024

Estudantes conquistam abertura do curso de licenciatura em história na UFABC

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Após intensa mobilização estudantil, o Conselho Universitário da UFABC aprovou por unanimidade a criação do curso de Licenciatura em História.

Marcelo Pavão | Santo André


EDUCAÇÃO – Após intensa mobilização estudantil, o Conselho Universitário da Universidade Federal do ABC aprovou por unanimidade a criação do curso de Licenciatura em História.

Durante meses, a campanha pela abertura do curso construída pelo Diretório Acadêmico das Licenciaturas Interdisciplinares (DALI) mobilizou centenas de estudantes, professores e figuras públicas, desafiando obstáculos burocráticos e a lógica mercadológica da Reforma do Novo Ensino Médio.

A demanda pela criação da Licenciatura em História na UFABC surgiu há alguns anos. Quando as Licenciaturas Interdisciplinares estavam sendo planejadas (cursos de ingresso que permitem que os estudantes escolham seu curso específico após sua conclusão), já se indicava a necessidade desse curso como uma opção na área de Ciências Humanas.

No entanto, em 2020, quando as primeiras turmas das licenciaturas foram abertas, os estudantes da Licenciatura em Ciências Humanas só tinham uma opção: a Licenciatura em Filosofia.

Para efeito de comparação, os estudantes do Bacharelado em Ciência e Tecnologia, focado em Ciências Exatas e Naturais, têm à disposição 15 opções de cursos específicos, incluindo 8 engenharias. Isso revela um claro desequilíbrio na oferta de cursos pela UFABC, prejudicando os cursos de Humanidades e Licenciaturas. Diante desse cenário, os estudantes das licenciaturas se mobilizaram, mesmo durante a pandemia, para lutar por suas reivindicações.

O avanço na organização

Assim, em 23 de setembro de 2022, o Diretório Acadêmico das Licenciaturas Interdisciplinares Maria Firmina dos Reis (DALI) foi criado com o objetivo de organizar a luta dos estudantes dos cursos de licenciaturas da UFABC.

Uma de suas principais demandas era a criação de mais cursos, especialmente na área de Ciências Humanas. Nas instâncias burocráticas da universidade, o debate sobre a abertura da Licenciatura em História já se arrastava por 10 anos quando os estudantes decidiram fundar a entidade representativa e lutar para tirar essa proposta do papel.

Para alcançar o sucesso nessa mobilização, os estudantes realizaram assembleias, protestos, ocuparam o Conselho Universitário e coletaram mais de 1300 assinaturas em uma carta de apoio.

A luta ultrapassou os muros da universidade, conquistando o respaldo de diversas figuras públicas e líderes políticos, incluindo Thiago Torres (Chavoso da USP), Ian Neves (Canal História Pública), Sâmia Bonfim (deputada federal por São Paulo), Renato Freitas (deputado estadual do Paraná) e Isis Mustafá (ex-secretária-geral da UNE). Após oito meses de pressão sobre a reitoria e uma mobilização abrangente, a abertura do curso de Licenciatura em História foi aprovada por unanimidade durante uma sessão do Conselho Universitário, consolidando a vitória dos estudantes.

Entrevistamos a Kananda Alves, militante do Movimento Correnteza, fundadora e coordenadora-geral do DALI, sobre essa importante vitória dos estudantes:

JAV – Qual a relevância da abertura do curso de história para a região do ABC?

Kananda Alves – A região do ABC Paulista é composta por sete grandes cidades e é um polo econômico de grande importância nacional. Mesmo com um vasto território e uma grande população, o único curso de História presencial ofertado na região é de uma instituição privada e finaliza suas turmas no ano de 2023 por alegações de “baixa procura”, o que é uma mentira!

A região do ABC é muito rica historicamente. Foi o berço de grandes mobilizações populares e greves fundamentais que até hoje servem como exemplo. No entanto, hoje carrega uma carência na formação docente em ciências humanas.

Além disso, a proposta do curso ousa avançar em áreas importantes para a Historiografia atual ao trazer uma matriz que foge da História tradicional. Sendo assim, a criação da Licenciatura em História na UFABC é de fundamental importância para a região do ABC, uma vez que, além de tornar possível a preservação da memória da História da região, possibilita uma formação inovadora e de qualidade de professores de História, o que em tempos de Novo Ensino Médio é, acima de tudo, resistir.

JAV – Qual aprendizado o movimento estudantil da UFABC obteve com essa conquista?

Kananda Alves – Os estudantes que se uniram por essa pauta aprenderam que quem luta, conquista. A discussão sobre o curso de história na UFABC já durava uma década, parecia um sonho esquecido e impossível de ser realizado, e olha o que fizemos!

Se construindo um movimento estudantil consequente pudemos abrir um curso, também somos capazes de conquistar mais orçamento para Educação, revogar a Reforma do Novo Ensino Médio e o Arcabouço Fiscal, fazer avançar as nossas reivindicações.

Só com mobilização e organização poderemos enterrar os projetos neoliberais que atacam nossas universidades e derrotar de vez o fascismo na sociedade.

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