Cresce o número de acidentes de trabalho em Pernambuco

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Um levantamento feito pela Vigilância de Saúde do Trabalhador (VISAT) de Pernambuco demonstrou que entre os meses de Janeiro até Setembro de 2023, foram registrados 8331 casos de doenças e agravos de notificação compulsória. Isso corresponde a 99,4% de acidentes de trabalho com exposição a material biológico, intoxicação exógena relacionada ao trabalho e LER/DORT.

João Pedro Souza | Redação – PE


SAÚDE – Os acidentes de trabalho no Brasil, e particularmente no estado de Pernambuco, revelam uma realidade preocupante que está profundamente enraizada nas dinâmicas do sistema capitalista contemporâneo de precarização do trabalho. Os números de acidentes de trabalho não apenas ressaltam as condições precárias às quais muitos trabalhadores estão submetidos, mas também mostram um sistema maior em que a segurança do trabalhador é frequentemente destruída por conta da incessante busca do lucro.

Para se ter uma ideia, no ano de 2022, o Brasil testemunhou um total impressionante de 612.900 acidentes de trabalho, resultando em cerca de 2.500 mortes de trabalhadores e trabalhadoras. Estes números são uma amostra clara da gravidade do problema no país com a falta de uma fiscalização mais efetiva das condições de trabalho​​. Em relação a Pernambuco, a situação não é menos grave, com milhares de acidentes de trabalho dos mais variados, reportados, incluindo ainda, um número significativo de mortes

Um levantamento feito pela Vigilância de Saúde do Trabalhador (VISAT) de Pernambuco demonstrou que entre os meses de Janeiro até Setembro de 2023, foram registrados 8331 casos de doenças e agravos de notificação compulsória. Isso corresponde a 99,4% de acidentes de trabalho com exposição a material biológico, intoxicação exógena relacionada ao trabalho e LER/DORT.

Confira o gráfico publicado pela própria VISAT sobre a situação atual dos agravos de acidentes de trabalho em Pernambuco:

Um detalhe importante do levantamento da VISAT é que os trabalhadores e trabalhadoras da saúde são os que mais se acidentaram entre o período de janeiro até setembro, sendo refletido nos acidentes na construção civil, perfazendo um percentual de 15,6% e aos trabalhadores da saúde através dos materiais biológico, sendo os técnicos em enfermagem (39%), Enfermeiros (8%), dentistas (5,4%) e estudantes (4,3%). Esta negligência não é apenas um reflexo de decisões errôneas dos patrões, mas é parte integrante de um sistema mais amplo que valoriza a produtividade excessiva acima da segurança e do bem-estar dos trabalhadores. 

No caso de Pernambuco, assim como em outras regiões do Brasil, muitos trabalhadores se encontram em ambientes de trabalho perigosos, com pouca proteção contra acidentes e sem nenhuma atenção devida por parte dos sindicatos ou da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, que tem sido cada vez mais cooptado pelas empresas para neutralizar o avanço dos direitos da classe trabalhadora.

Em um ambiente empresarial no qual os cortes de custos são frequentemente priorizados, medidas essenciais de segurança são vistas como despesas dispensáveis. Essa mentalidade não só expõe os trabalhadores a riscos significativos, mas também perpetua um ciclo de exploração e abuso.

Outro aspecto preocupante é a precarização do trabalho. Com o aumento da terceirização e de contratos de trabalho temporários, muitos trabalhadores e trabalhadoras no país, encontram-se em posições vulneráveis, com pouca proteção ou nenhuma representação sindical. Essa precariedade é muitas vezes explorada pelas empresas para reduzir custos, resultando em menos treinamento, supervisão inadequada e, por consequência, maior risco de acidentes, o que acaba impactando no número elevado dos acidentes.

É necessário uma abordagem holística e de uma reavaliação das prioridades econômicas e humanas, para que possamos aspirar a um ambiente de trabalho mais seguro e que as normas de segurança sejam respeitadas pelas empresas, além de uma maior fiscalização dos órgãos de proteção dos trabalhadores, visando melhoramentos de mecanismos por parte da Vigilância em Saúde do Trabalhador tendo em vista que cada vez mais se possa prevenir e promover saúde nos ambientes de trabalho para a classe trabalhadora que produzem as riquezas do nosso país todos os dias.