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sábado, 27 de julho de 2024

Com passagem de R$ 7,50, concessionária do RJ suspende “Metrô na Superfície”

Na última semana, a concessionária MetrôRio, anunciou o fim do serviço de ônibus “Metrô na Superfície”, que permitia integração de ônibus entre o metrô e certas áreas que não possuíam cobertura deste modal. A medida passa valer já a partir do próximo dia 27 (sábado).

Igor Marques | Rio de Janeiro (RJ)


BRASIL – Na última semana, a empresa MetrôRio, concessionária responsável pelos serviços metroviários no Rio de Janeiro, anunciou o fim do serviço de ônibus “Metrô na Superfície”, que permitia maior integração entre o metrô e áreas que não possuíam cobertura deste modal. Essa decisão foi autorizada pelo governo do estado do Rio de Janeiro, a partir de sua secretaria de transportes.

A partir do dia 27 de julho (sábado), o serviço de Metrô na Superfície será descontinuado, dando lugar a uma integração entre o metrô e seis opções de linhas de ônibus convencionais. O absurdo dessa decisão fica ainda maior quando se constata que a concessionária anunciou esta decisão com apenas uma semana para o fim das operações, deixando muitos usuários surpresos.

A decisão de acabar com o serviço foi anunciada poucos meses após a tarifa de metrô ser aumentada para R$ 7,50, a mais cara do Brasil, e faz parte da busca da empresa privada por um lucro cada vez maior. Mesmo com o povo carioca gastando 15 reais por dia apenas no metrô para se deslocar, ainda sofre com um serviço precário oferecido pela MetrôRio, com a falta de integração com outros modais, longos intervalos entre trens e a descontinuação de serviços – como o Metrô na Superfície.

Metrô não atende toda a população

O Rio de Janeiro, mesmo sendo a segunda maior cidade do país, não possui um sistema de metrô que atende toda a cidade. Hoje em dia, áreas importantes do município, como toda a Zona Oeste e parte da Zona Norte, não possuem qualquer cobertura deste modal.

 Jacarepaguá, uma das regiões mais populosas da cidade, ainda hoje não é atendido pelo sistema metroviário, forçando a população a circular em ônibus sucateados e superlotados por longos trajetos. Mesmo tendo sua cobertura prevista no projeto inicial do metrô, da década de 1970, o bairro segue sem ser servido pelo metrô.

Além disso, a rede metroviária da cidade do Rio de Janeiro não sofre qualquer expansão há anos. O metrô do Rio de Janeiro, quando privatizado, em 1998, contava, com 24 estações. Hoje, após quase 30 anos, apenas 17 novas estações foram inauguradas, revelando que o governo do estado pouco fez para ampliar a rede e amenizar um grande problema da população fluminense: a mobilidade urbana.

O último processo de expansão foi realizado há quase 10 anos, como parte das obras para as Olimpíadas. Porém, essa expansão buscou atender, principalmente, os bairros nobres da Zona Sul da cidade, com a inauguração das estações Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, Jardim de Alah e Antero de Quental, no Leblon, e São Conrado, além da estação Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca.

Ou seja, a política de expansão do metrô, além de lenta e insuficiente, também não é feita de forma a atender a população mais pobre da cidade do Rio de Janeiro, e, muito menos, busca a expansão para áreas da região metropolitana da cidade. O governo do estado, principal responsável pelas obras de expansão do metrô, não empreende uma verdadeira política de transportes para a população fluminense, deixando vários projetos engavetados – como o de expansão do metrô para Niterói e São Gonçalo, na região metropolitana, ou para Jacarepaguá, na Zona Oeste.

Metrô na Superfície revela falta de investimentos em expansão

A própria existência do Metrô na Superfície, no entanto, revela a insuficiência das políticas de expansão do serviço. Isso porque as áreas que eram cobertas por esse serviço deveriam, na realidade, ser atendidas pelo sistema de metrô regular, porém não foram feitos os investimentos necessários para a expansão.

Um importante exemplo disso é o bairro da Gávea. Ainda que, novamente, sejam parte de um processo de expansão voltado para a Zona Sul da cidade, as obras de construção da estação de metrô da Gávea se encontram paralisadas há anos, sem previsão de serem concluídas. A “solução” para a falta de expansão do metrô, portanto, foi o Metrô na Superfície.

O serviço de Metrô na Superfície, embora também sofresse de diversos problemas, especialmente nos finais de semana, possibilitava uma maior integração com o metrô. E essa mudança irá diminuir consideravelmente a qualidade do serviço, na medida em que muitos dos ônibus convencionais em que a integração será possível estão frequentemente superlotados, e com a demanda do Metrô na Superfície esta realidade tende a se agravar. 

Lutar contra a privatização e pela estatização dos serviços de transporte

Atualmente, os principais meios de transporte de massas do Rio de Janeiro, como metrô, trens e ônibus são privatizados. Essa realidade impõe um crescente sucateamento, com um serviço precário e falta de investimentos, com cobertura e integração insuficientes.

A luta contra as privatizações tem sido central em todo o país. São diversas tentativas de privatizar serviços públicos, como o de fornecimento de água e esgoto no Pará (Cosampa), em São Paulo (Sabesp) e no Rio de Janeiro (Cedae), o metrô de Belo Horizonte, e até mesmo escolas e praias. 

Essa luta revela, também, a forma com que o capitalismo opera para oprimir e retirar direitos do povo em nome do lucro dos grandes empresários e banqueiros, inclusive do exterior, como no caso MetrôRio, de propriedade de um fundo dos Emirados Árabes Unidos.

É preciso organizar a luta contra as privatizações e pela reestatização de todas as empresas privatizadas, além de construir uma política de transportes que realmente atenda os interesses do povo trabalhador.

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