Cinco policiais vão a júri popular em Maceió nesta quarta-feira, dia 13 de novembro. A família do servente de pedreiro Jonas Seixas, cujo corpo nunca foi encontrado depois de seu sequestro pela PM, se mobilizará para exigir justiça
Redação AL
Após quatro anos do desaparecimento forçado na periferia de Maceió, a família do servente de pedreiro Jonas Seixas continua a exigir justiça. Nesta quarta-feira, dia 13 de novembro, finalmente, estarão no banco dos réus os policiais militares Fabiano Pituba, Felipe Nunes da Silva, Jardson Chaves Costa, João Victor Carminha Martins de Almeida e Tiago de Asevedo Lima para responder pelos crimes de sequestro, tortura e homicídio triplamente qualificado.
O julgamento está marcado para às 8 horas no Fórum Desembargador Jairon Maia Fernandes, no Barro Duro, em Maceió.
“Espero que a justiça seja feita, porque são 4 anos de espera, 4 anos de luta e de sofrimento. Que seja feita [justiça] não só por mim, mas também por todas as mães que passaram por isso ou que estão passando”, afirma dona Claudineide Seixas, 61 anos.
O advogado Arthur Lira, do Centro de Defesa dos Direitos Humanos CEDECA Zumbi dos Palmares, que atua como assistente de acusação no processo, tem grande expectativa na condenação dos policiais envolvidos no crime.
“Foi um inquérito muito bem produzido, com muitas provas técnicas, com interceptação telefônica, com leitura de GPS das viaturas, o que identificou as incongruências dos depoimentos dos policiais, tanto é que houve posteriormente uma prisão preventiva. Até a fase do júri, foram cinco audiências para concluir. Foram ouvidas testemunhas arroladas pelo Ministério Público, ouvimos testemunhas arroladas pela defesa, ouvimos o interrogatório dos cinco réus, e, com isso, a decisão final de encaminhar para o tribunal de júri. Então é uma data que aguardamos muito. Lutamos muito para que essa data chegasse”, explica Lira.
Além da família de Jonas, como a mãe dona Neide e a esposa Angélica, membros da sociedade civil também se mobilizaram nesses quatro anos e realizarão ato na porta do Fórum, nesta quarta-feira. “Dona Neide não teve direito ao menos de velar o corpo e poder sepultar o filho e sofre, desde então, por problemas de saúde, por depressão. E nós precisamos exigir justiça. A Polícia Militar não tem direito de julgar, condenar e executar uma pessoa. Vamos exigir justiça para Jonas Seixas ”, convocou a dirigente da Unidade Popular, Lenilda Luna.
Sobre o caso
Era fim de tarde do dia 9 de outubro de 2020, quando Jonas Seixas, 32 anos, foi surpreendido por uma viatura saindo da sua residência, na Grota do Cigano, sob a justificativa de que procurava drogas ou material ilícito. Sem qualquer explicação e de forma agressiva, inclusive fazendo uso de spray de pimenta, os policiais ordenaram que o servente de pedreiro entrasse na viatura.
Diante de diversas testemunhas que passavam pelo local, Jonas gritava por socorro, enquanto os policiais alegavam que o levariam para a Central de Flagrantes. A esposa de Jonas, Angélica, seguiu até a unidade, mas Jonas nunca chegou lá. Desde então, o inquérito apontou diversas outras provas técnicas indicando que Jonas foi levado a uma região de mata em Jacarecica, onde foi submetido a torturas. O corpo de Jonas, entretanto, nunca foi encontrado.