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sexta-feira, 9 de maio de 2025

Ato nacional cobra fim da escala 6×1 no Brasil

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“A moral capitalista tem por ideal reduzir o trabalhador ao mínimo de suas necessidades, suprimir suas alegrias e suas paixões e condená-lo ao papel de máquina que entrega trabalho sem trégua ou misericórdia.” (Paul Lafargue, O Direito à Preguiça – Introdução à 2ª edição, 1883)

Juliete Pantoja (UP) e Redação


BRASIL – No último dia 19 de março, milhares de trabalhadoras e trabalhadores atenderam ao chamado do partido Unidade Popular (UP) e somaram forças no Ato Nacional contra a Escala 6×1 em mais de 40 cidades, de 18 estados, além do Distrito Federal.

Desde a madrugada até o final do dia, foram distribuídos cerca de 200 mil panfletos na porta de empresas, hospitais, fábricas, centros comerciais, shoppings e terminais de transporte urbano para dialogar com a classe trabalhadora, aqueles que sentem na pele as consequências da desumana escala 6×1.

Em Natal (RN), o ato contou com 150 pessoas na praça de alimentação do shopping Midway Mall para denunciar que, enquanto os trabalhadores passam o dia inteiro em pé atendendo, limpando ou repondo mercadorias, muitos recebendo apenas um salário mínimo que mal dá para se alimentar, os donos das grandes redes de lojas estão batendo recordes de lucros.

Já em São Paulo, mais de 500 pessoas ocuparam o shopping Metrô Itaquera, na Zona Leste da Capital. “No início da intervenção, surgiram mais trabalhadores para se juntar aos manifestantes e muitos deles, impossibilitados de ir até o centro do protesto, ficavam na porta das lojas e de lá mesmo gritavam as palavras de ordem, pulavam, sorriam, aplaudiam, filmavam e agradeciam pela luta. Enquanto o discurso era lido e repetido em jogral por centenas de vozes tão indignadas quanto a primeira, os vãos do shopping eram tomados por pessoas acenando com o panfleto da UP em mãos e gravando com seus celulares. Uma ação que despertou o interesse de centenas de trabalhadores, que pegaram o panfleto e deixaram seus contatos de telefone com um pedido: não esquece de me chamar lá”, relata Wildally Souza, fotógrafo do jornal A Verdade que fazia a cobertura na ocasião.

De Norte a Sul, foram muitas declarações de apoio de trabalhadores animados, vendo a luta ganhar as ruas e se intensificar pelo país, reafirmando que essa é a única forma de acabarmos com a escala 6×1 e de avançarmos na redução da jornada de trabalho.

Em Patos, no Sertão da Paraíba, uma trabalhadora que fazia compras num supermercado enviou uma mensagem para o contato da UP que está indicado no panfleto nacional. “Quero aqui me manifestar contra a escala 6×1. Nós, trabalhadores, precisamos trabalhar, mas esse trabalho precisa ser digno, com descanso necessário e salário digno. Que tipo de valorização é essa, onde trabalhamos com uma jornada exaustiva, com um salário injusto, para enriquecer os patrões?! E, quando um trabalhador adoece, é esquecido, não recebe assistência. Que espécie de sociedade é essa, onde não se tem preocupação com o próximo?! Entra ano e sai ano, só quem perde é a classe trabalhadora. Um milhão e meio de trabalhadores afastados por problemas mentais. Abaixo a escala 6×1! Por um país mais justo e pela redução da jornada de trabalho!”, escreveu Daiana Campos, técnica em segurança do trabalho.

Escala 6×1

Desde a primeira movimentação sobre o tema, com a coleta de assinaturas para o Projeto de Lei pelo Fim da Escala 6×1, encabeçado pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), as mobilizações têm sido impulsionadas por milhões de trabalhadores cansados de esperar pelos governos para resolver seus problemas. Afinal, desde a Reforma Trabalhista, aprovada em 2017 pelo presidente golpista Michel Temer (MDB), todos os anos, mais direitos são cortados. O Governo Lula também nada fez até agora para revogar essa criminosa reforma, que extinguiu mais de 100 pontos da CLT e regulamentou verdadeiros absurdos em favor dos patrões.

Desde então, aumenta ano após ano a quantidade de trabalhadores informais no país, engrossando o imenso “exército de reserva” de desempregados, que, pressionados para levar o sustento para casa, submetem-se a viver para trabalhar e receber um salário de fome, que não cobre as contas do mês. Prova disso é a quantidade de pessoas que têm parcelado no cartão de crédito as compras de alimentos nos supermercados e se endividado cada vez mais para sobreviver, como vem denunciando o jornal A Verdade.

Segundo o IBGE, o Brasil possui mais de 33 milhões de pessoas trabalham até 44 horas semanais, e estima-se que, grande parte destes, na jornada 6×1, com apenas um dia de folga na semana. A escala 6×1 transforma a trabalhadora e o trabalhador em escravos, que recebem um salário baixo e trabalham só para que o patrão fique mais rico.

Tudo isso somado ao tempo de deslocamento, que, em algumas capitais, pode superar quatro horas por dia, o que afeta diretamente as condições de descanso, saúde e lazer dos trabalhadores. Essa jornada de trabalho exaustiva é apontada por especialistas na área de saúde mental como um dos fatores de aumento dos casos de ansiedade, estresse e suicídios, além do desgaste físico.

Lutar contra o capitalismo

Essa realidade é a mesma em grande parte do mundo, pois, no regime capitalista, 1% da população detém a mesma riqueza que os outros 99%. Isso só é possível porque vivemos em uma sociedade em que as terras, fábricas, máquinas, edifícios, mercadorias, etc., são propriedade privada de poucos bilionários, que exibem uma vida de luxo, enquanto os filhos da classe trabalhadora, a nossa classe, passam fome.

Contra essa situação de fome, desemprego, baixos salários e violência, milhões de pessoas ao redor do mundo estão indo às ruas para exigir emprego, solidariedade e paz. Trabalhadores, jovens e mulheres sentem cada vez mais a necessidade de se organizarem e protestarem nas ruas contra os políticos da classe burguesa e seus governos.

No Brasil, vemos crescer ainda mais a insatisfação dos trabalhadores e do povo com o Governo Lula, principalmente com sua política econômica neoliberal, que submete nosso país e seus recursos ao agronegócio, aos banqueiros e ao capital estrangeiro da China e dos Estados Unidos.

Como se não bastasse, o PT e o PCdoB (apoiados pelo PSOL), decidiram, em nome da velha “governabilidade” (isto é, da manutenção do capitalismo), aliar-se aos partidos de direita e de extrema-direita, entregando vários ministérios a corruptos e elegendo seus representantes (políticos conhecidamente corruptos e apoiadores do golpe fascista) para as Presidências da Câmara e do Senado.

Ao mesmo tempo que repudiamos essas alianças, exigimos a mudança imediata da política econômica do Governo Federal. Essa é uma luta em defesa dos interesses e direitos do povo brasileiro: direito ao pão, a se alimentar, a viver com dignidade, a trabalhar e a receber salários dignos, enfim, a viver melhor. Além disso, essa luta é também contra o agronegócio (que enrique mais e mais com o aumento dos preços dos alimentos), como é também uma luta contra a oligarquia financeira, que, por meio de juros estratosféricos (14,25%), obriga o povo brasileiro a trabalhar para pagar dívidas aos bancos.

Por tudo isso, é necessário crescer as mobilizações, construir greves, paralisações e todas as formas de luta necessárias para pôr fim ao regime de exploração da classe trabalhadora. A luta pelo fim da escala 6×1 está na ordem do dia e a próxima jornada nacional será ainda maior. Até a vitória!

Todos à construção de grandes mobilizações pelo fim da escala 6×1 no dia 23 de abril e no 1º de Maio!

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