Maior força de oposição ao imobilismo na União Nacional dos Estudantes (UNE), o Movimento Correnteza expressou a sua força com as intervenções durante todo o congresso e teve um crescimento de 40% no número de delegados.
Alexandre Ferreira e Guilherme Goya | Goiânia (GO)
Neste domingo (20), último dia de congresso, foi realizada a plenária final, onde as chapas candidatas à direção da entidade defenderam seus programas. A chapa de oposição, liderada pelo Movimento Correnteza, lançou Thais Rachel à presidência. Ela é estudante de Ciências Contábeis na UFRJ e, na última gestão da UNE, foi primeira vice-presidente da entidade.
O Movimento Correnteza foi a força que mais cresceu desde o último congresso. De 2023 para este ano, cresceu mais de 40% o número de delegados no congresso. Tendo uma grande representatividade de mais de 1200 estudantes de todas as regiões do país, de 23 estados e do Distrito Federal, a delegação contou com diretores dos principais Diretórios Centrais dos Estudantes do País e diversos estudantes de entidades de base.
Na defesa das teses, a oposição apresentou as propostas para a próxima gestão e apontou a necessidade da entidade sair do atual imobilismo que se encontra. Propondo que a UNE convoque uma jornada de lutas pelo fim de políticas como o arcabouço fiscal e o pagamento da dívida pública, que vem sufocando o orçamento das universidades públicas. O Movimento Correnteza defendeu mais permanência estudantil nas universidades, bandejões gratuitos, passe livre no transporte público para os estudantes, ampliação da lei de cotas e aumento geral das bolsas para um salário mínimo.
Segundo Thais Rachel, as últimas gestões da União Nacional dos Estudantes não têm honrado o histórico de luta da entidade, que enfrentou bravamente a ditadura militar. Prova disso é o distanciamento da UNE do dia a dia dos estudantes e a baixa mobilização para as lutas em defesa dos universitários. A partir da atuação de sua direção imobilista (PCdoB/PT), a entidade abaixa a cabeça para políticas econômicas do governo federal, como o arcabouço fiscal.
Thais também denuncia que a democracia interna da entidade tem se fragilizado. Esse setor tem adotado práticas antidemocráticas para garantir uma maioria artificial nos congressos e fóruns da UNE. Em várias universidades, os estudantes foram proibidos de inscrever chapas, e os grupos do imobilismo censuram a oposição, além de cometerem fraudes nas eleições EaD e impedirem o debate de ideias que sempre marcou o movimento estudantil.

Ao fim do congresso, a candidata da oposição fez um balanço de que o Movimento Correnteza cumpriu um papel importante, honrando a vida e a luta de Welfesom, Leandro e Ana Letícia, militantes da organização que morreram a caminho de Goiânia (GO), em um trágico acidente.
“A gente consolidou metas muito importantes do nosso trabalho. Hoje, estamos encerrando aqui com a sensação de dever cumprido. Com certeza, fomos a bancada mais combativa e mais animada, apesar de toda a dor que vivemos com a perda dos nossos companheiros Welfesom, Leandro e Ana, que foram mortos a caminho daqui em um trágico acidente. Mesmo assim, a gente manteve a energia e a disposição, sabendo que seria o desejo dos companheiros que a gente honrasse o que eles viriam fazer aqui, que era lutar em defesa da educação, em defesa de uma UNE que se livrasse do imobilismo e que a gente pudesse usar a UNE como uma ferramenta da luta dos estudantes”, declarou.
Na avaliação de Thais Rachel, a tarefa do movimento após o congresso é voltar para as suas entidades e núcleos nas universidades, com o objetivo de aprofundar o acúmulo vivido em Goiânia.
“Agora, o nosso compromisso é voltar para as nossas bases, levar muito do que a gente debateu na nossa bancada de volta para os nossos Centros Acadêmicos e nossos DCEs, para a gente continuar tocando muita luta em todo o Brasil”, afirmou Thais.
O Congresso também foi um espaço importante de propaganda do marxismo-leninismo para o conjunto dos estudantes. Foi realizado uma grande brigada do Jornal A Verdade, na qual foram vendidos cerca de 2000 jornais e mais de 500 livros marxistas das Edições Manoel Lisboa, demonstrando o interesse da juventude em aprofundar seu conhecimento por uma teoria revolucionária.
Os estudantes, após a defesa das chapas, se deslocaram para a votação nas urnas durante a tarde e a apuração dos votos começou e deve durar ao longo de toda a noite.