Fruto da mobilização do Diretório Central dos Estudantes com o apoio do Movimento Correnteza, Universidade Federal do Ceará realiza diplomação póstuma de Bergson Gurjão de Farias, estudante assassinado pela ditadura militar.
Dandahra Cavalcante e João Pedro Melo | Fortaleza (CE)
No dia 16 de maio, após mobilizações do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da
Universidade Federal do Ceará (UFC), do movimento Correnteza e de diversos movimentos
estudantis, a Reitoria da universidade realizou uma solenidade de diplomação póstuma em
homenagem a Bergson Gurjão de Farias, estudante assassinado pela ditadura militar.
O evento, realizado na véspera do aniversário de Bergson, contou com a presença de
representantes de movimentos estudantis, organizações sociais, parlamentares de
esquerda, além de colegas e familiares do homenageado.
Universidade Federal do Ceará (UFC), do movimento Correnteza e de diversos movimentos
estudantis, a Reitoria da universidade realizou uma solenidade de diplomação póstuma em
homenagem a Bergson Gurjão de Farias, estudante assassinado pela ditadura militar.
O evento, realizado na véspera do aniversário de Bergson, contou com a presença de
representantes de movimentos estudantis, organizações sociais, parlamentares de
esquerda, além de colegas e familiares do homenageado.
Representando a família, sua irmã Ielnia Johnson afirmou: “Além de um excelente filho, irmão e amigo, sua determinação e dedicação foi um exemplo para todos nós.” Em nome do DCE da UFC, Nathan de Deus, militante do Correnteza e da Unidade Popular (UP), declarou: “É por isso que nós seguiremos lutando pela memória, pela justiça e contra aqueles que cometeram crimes como esse que aconteceu durante a ditadura fascista. Temos absoluta certeza de que a vitória estará do nosso lado, porque estamos do lado certo da história.”
Quem foi Bergson Gurjão?
Bergson foi estudante de Química na UFC e envolveu-se ativamente nas lutas estudantis
durante o período de repressão da ditadura, chegando à vice-presidência do DCE. Em
1968, foi preso por participar do 30º Congresso da UNE, realizado em Ibiúna (SP). Após a
promulgação do Decreto-Lei 477, que visava reprimir a atuação política nas universidades,
foi expulso da instituição.
durante o período de repressão da ditadura, chegando à vice-presidência do DCE. Em
1968, foi preso por participar do 30º Congresso da UNE, realizado em Ibiúna (SP). Após a
promulgação do Decreto-Lei 477, que visava reprimir a atuação política nas universidades,
foi expulso da instituição.
Mais tarde, integrou a Guerrilha do Araguaia, movimento de resistência armada à ditadura.
Bergson foi capturado, torturado e assassinado pelas forças de repressão. Seus restos
mortais só foram localizados e entregues à família em 1996. Em 2009, a UFC sediou uma
cerimônia em sua homenagem na Concha Acústica, como parte da 1ª Caravana da Anistia
no Ceará. Organizado pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, o ato reconheceu
oficialmente a responsabilidade do Estado brasileiro pelo crime e incluiu um pedido
simbólico de desculpas à família.
Bergson foi capturado, torturado e assassinado pelas forças de repressão. Seus restos
mortais só foram localizados e entregues à família em 1996. Em 2009, a UFC sediou uma
cerimônia em sua homenagem na Concha Acústica, como parte da 1ª Caravana da Anistia
no Ceará. Organizado pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, o ato reconheceu
oficialmente a responsabilidade do Estado brasileiro pelo crime e incluiu um pedido
simbólico de desculpas à família.

A Luta por Memória, Verdade e Justiça
A diplomação póstuma é mais uma conquista do movimento estudantil na luta pela
preservação da memória dos perseguidos pela ditadura. Em dezembro de 2024, foi
inaugurado na universidade o Espaço Cultural Bergson Gurjão, cuja primeira mostra
abordou a história do movimento estudantil na UFC, desde a resistência à ditadura até as
mobilizações contra a intervenção na universidade durante a gestão do ex-reitor nomeado
pelo governo Bolsonaro.
preservação da memória dos perseguidos pela ditadura. Em dezembro de 2024, foi
inaugurado na universidade o Espaço Cultural Bergson Gurjão, cuja primeira mostra
abordou a história do movimento estudantil na UFC, desde a resistência à ditadura até as
mobilizações contra a intervenção na universidade durante a gestão do ex-reitor nomeado
pelo governo Bolsonaro.
Entretanto, essas não foram as únicas homenagens que os estudantes desejaram prestar.
Durante reunião do Conselho Universitário (CONSUNI) no ano passado, a Comissão de
Direitos Humanos — composta por estudantes, professores e técnicos — propôs renomear
a Concha Acústica da UFC, tradicional palco das colações de grau, como “Concha Acústica
Bergson Gurjão”. A proposta foi inicialmente aceita pela Reitoria, mas esta recuou após
sofrer ataques de portais da direita e lideranças fascistas de Fortaleza. Apesar disso, os
estudantes não desistiram dessa luta e homenagem e permanecem chamando o espaço
pelo nome do herói que tombou na ditadura.
Durante reunião do Conselho Universitário (CONSUNI) no ano passado, a Comissão de
Direitos Humanos — composta por estudantes, professores e técnicos — propôs renomear
a Concha Acústica da UFC, tradicional palco das colações de grau, como “Concha Acústica
Bergson Gurjão”. A proposta foi inicialmente aceita pela Reitoria, mas esta recuou após
sofrer ataques de portais da direita e lideranças fascistas de Fortaleza. Apesar disso, os
estudantes não desistiram dessa luta e homenagem e permanecem chamando o espaço
pelo nome do herói que tombou na ditadura.
Ainda hoje, o fascismo ataca a democracia e a memória daqueles que tombaram durante a
ditadura, e mobilizações como essa são fundamentais nesse enfrentamento. Portanto, além
dessas homenagens, a luta por memória, verdade e justiça também exige a
responsabilização de Bolsonaro e dos generais golpistas que ameaçam a democracia em
nosso país. Devemos nos inspirar no exemplo de estudantes como Bergson Gurjão,
Honestino Guimarães e Manoel Lisboa, assassinados pela ditadura, que deram suas vidas para lutar contra o fascismo
e construir o socialismo.
ditadura, e mobilizações como essa são fundamentais nesse enfrentamento. Portanto, além
dessas homenagens, a luta por memória, verdade e justiça também exige a
responsabilização de Bolsonaro e dos generais golpistas que ameaçam a democracia em
nosso país. Devemos nos inspirar no exemplo de estudantes como Bergson Gurjão,
Honestino Guimarães e Manoel Lisboa, assassinados pela ditadura, que deram suas vidas para lutar contra o fascismo
e construir o socialismo.