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terça-feira, 19 de novembro de 2024

A luta de Manoel Lisboa e de Emmanuel Bezerra nos porões da Ditadura

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Manoel-LisboaEntre os dias 16 de agosto e 04 de setembro de 1973, travou-se nos porões da ditadura militar fascista um enfrentamento de vida e de morte dos militantes do Partido Comunista Revolucionário (PCR) com os terroristas da ditadura.

Qual o objetivo daquele vil e desigual combate, daquele terrorismo de Estado? Para eles, o aniquilamento físico e moral do PCR. Para nós, a salvaguarda física e moral do Partido, à custa do silêncio absoluto e do heroico sacrifício da vida dos seus principais dirigentes, Manoel Lisboa, Emmanuel Bezerra e Manoel Aleixo.

A praça de guerra, a arena dos covardes combates, onde uns estavam desarmados, amarrados, nus – porém vestidos de honra comunista –, e os outros, vermes fardados, armados de 45, metralhadora, fuzil, foi precisamente a sede do então comando do 4º Exército, no edifício situado diante da Faculdade de Direito do Recife, no Parque 13 de maio, e no DOI-Codi de São Paulo, subordinado ao 2º Exército, na Rua Tutóia, 921, Paraíso, próximo do Aeroporto de Congonhas.

Os responsáveis por estes crimes hediondos, os covardes assassinatos de Manoel Lisboa, Emmanuel Bezerra e Manoel Aleixo,  foram o general Walter Menezes Paz, Coronel Antônio Cúrcio Neto, os capitães Heber e Joaquim Gonçalves Vilarinho Neto, quando eles estavam presos em  Recife, e o delegado Sérgio Paranhos Fleury, o policial civil Luiz Miranda e o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, Raul Pudim, Carlinhos Matralha, Romeu Tuma, chefe do Dops, quando Manoel Lisboa e Emmanuel tinha sido transferidos para São Paulo. Todos estes indivíduos foram treinados na “Escola das Américas,” instalada pelo governo dos EUA, no Panamá, em 1946, para formar assassinos e torturadores entre os oficiais das Forças Armados dos países da América Latina e Caribe para eliminar as lideranças revolucionárias. Esta “Escola” continua seu macabro trabalho, hoje na Geórgia (EUA), com o nome de Instituto do Hemisfério Ocidental para Cooperação em Segurança, cumprindo o mesmo papel.

Nos casos de Manoel Lisboa, Manoel Aleixo e Emmanuel Bezerra estes serviçais da ditadura foram completamente desmoralizados, derrotados no objetivo de curvá-los e arrancar deles informações para sequestrar os demais dirigentes e exterminar o PCR.

O sequestro de Emmanuel Bezerra é um dos inúmeros crimes imprescritíveis da Operação Condor, órgão de repressão criado no início dos anos 1970, como resultado de uma aliança político-militar entre as ditaduras do Brasil, Chile, Bolívia, Argentina, Paraguai e Uruguai, com a finalidade de eliminar os militantes mais consequentes de oposição às ditaduras militares. Emmanuel foi arrastado da fronteira da Argentina com o Brasil e entregue ao DOI-Codi de São Paulo, quando voltava do cumprimento de uma missão internacionalista no Chile e na Argentina. Tombou sem dar uma só informação aos seus algozes, nem sequer o nome do estado onde morava. Sofreu terríveis torturas. Arrancaram seu umbigo com tesoura e o laçaram com o colar da morte. Seu assassinato foi comando pelo bandido fardado, com posto de coronel do Exército, Carlos Alberto Brilhante Ustra.

É por isso que a data de 04 de setembro, além de marcar a entrada para a imortalidade de Manoel Lisboa, Emmannuel Bezerra e Manoel Aleixo, marca também a transformação do PCR numa fortaleza indestrutível. Seus corpos, suas consciências de comunistas revolucionários, seus exemplos de nada confessarem aos carrascos dos inimigos de classe se transfiguraram em barreiras de proteção do Partido, em trincheiras ideológicas cujos esbirros da ditadura não puderam penetrar. Foi o dia do último sacrifício desses lutadores sociais e comunistas, que, depois de oferecer todas as suas forças e energias no combate à ditadura nas condições mais desfavoráveis, debaixo das mais brutais torturas, entregaram, com um olhar firme no futuro luminoso dos povos livres, a única coisa que lhes restavam, a vida.  

A altivez com que se portaram perante o pelotão de execução da ditadura é a comprovação de que eles pertenciam àquele tipo de homens considerados pelo poeta Bertolt Brecht como imprescindíveis.

Assim, é uma questão de justiça colocá-los na condição de heróis da classe operária e de todos os oprimidos. Mas não daqueles heróis dos livros dos historiadores burgueses, não são heróis mortos, mas vivos, daqueles que nunca morrem, que podemos sentir sua energia, sua presença, porque renascem de várias maneiras. Seus nomes são adotados no batismo do nascimento de novos revolucionários, na denominação de novos terrenos conquistados pelos pobres para erguerem suas casas, nas ocupações de um novo chão para se plantar no campo, nos nomes de grêmios, diretórios e centros acadêmicos, na rebeldia da juventude, na luta dos operários conscientes.

Seguiremos o caminho e os ideais de felicidade e de simplicidade de Manoel Lisboa, Emmanuel Bezerra, Manoel Aleixo, Amaro Luiz de Carvalho, Amaro Félix Pereira e de outros queridos compatriotas e combatentes do socialismo, como Carlos Marighella, Capitão Lamarca, Honestino Guimarães, Fernando Santa Cruz e Stuart Angel, que deram suas vidas pela liberdade e pela nova sociedade comunista.

Quando a classe trabalhadora da cidade e do campo, inspirada na força do exemplo destes heróicos brasileiros e a custo do nosso titânico trabalho diário de organização, alcançar o seu mais elevado grau de consciência independente, transformará suas insatisfações e greves em insurreições vitoriosas e construirá o Governo Revolucionário dos Trabalhadores, e o regime de democracia socialista.

Este governo, sim, garantirá trabalho e salário justo para todos, com a socialização dos meios de produção e a nacionalização dos bancos, dos consócios imperialistas, da terra e a planificação da indústria e de todas as necessidades da sociedade, como trabalho, casa, saúde, escolas, universidades, cultura e lazer. Assim, também acontecerá em todos os países da América e do mundo. Quando, finalmente, construiremos a sociedade de transição do socialismo para o comunismo, a sociedade dos trabalhadores livres, livres dos patrões e do Estado. É uma questão de tempo, nós trabalhadores conscientes e organizados, conquistaremos a sociedade do trabalho, da ciência, do autogoverno, da fartura, da fraternidade, da igualdade de oportunidade para todos e todas em plena liberdade.

Que façamos deste mês e de todos os meses de setembro seguintes um mês de jornada pelo crescimento do PCR, de formação política, de agitação e propaganda em todos os estados onde estamos presentes e organizados!

Viva o heroísmo do PCR na luta pela derrubada da ditadura e pela construção da revolução socialista personificado no exemplo, sempre vivo e presente, de Manoel Lisboa, Emmanuel Bezerra, Manoel Aleixo, Amaro Luiz de Carvalho e Amaro Félix Pereira!

Edival Nunes Cajá, Recife

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