A Unidade Popular pelo Socialismo (UP), que está recolhendo assinaturas de apoio para obter o registro de partido político no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), já coletou, até o fim de setembro, 65 mil assinaturas de apoio.
Ao todo, são necessárias 492 mil assinaturas de eleitores autorizando o funcionamento do partido, conforme exige a legislação eleitoral. “Pelo desejo de mudança e o descrédito dos atuais partidos políticos, estamos confiantes que é possível conseguir”, declarou Leonardo Péricles, dirigente nacional do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e presidente da Executiva Nacional da UP.
Nas fichas devem constar: nome do eleitor e nome da mãe (completos e sem abreviaturas) e a data de nascimento. Depois de preencherem os dados do eleitor, os militantes da UP pedem que a pessoa assine, conforme assinou na última eleição. Com esses dados legíveis, é possível obter o número da inscrição eleitoral no site do TSE (é obrigatório), já que a maioria das pessoas não costuma ter em mãos o título de eleitor.
Os locais de grande circulação são os preferidos da militância para o trabalho de coleta de assinaturas: estações de ônibus e metrô, as grandes praças centrais das maiores cidades, empresas com grandes fluxos de trabalhadores nos horários de entrada e de saída, e porta-a-porta nos bairros populares. “Temos obtido excelentes resultados nas assembleias das ocupações de sem-teto, nas estações de metrô e na porta de empresas de telemarketing”, declaram os militantes.
O discurso é direto e objetivo: “Estamos construindo um novo partido. Precisamos de 500 mil assinaturas autorizando o seu funcionamento. Você pode assinar?”. De uma maneira geral, as pessoas assinam.
Quando é necessário, vai-se mais a fundo, na mesma medida da resistência que é encontrada. “Tudo passa pela política: desde o salário mínimo até os investimentos em saúde e educação. A única maneira que encontramos de defender melhorias para o povo sem nos envolver com políticos em que ninguém mais acredita é fundando um novo partido”. Ou ainda: “As denúncias de corrupção mostram que precisamos de uma alternativa à esquerda”; “Nosso partido defende a redução no valor da conta de luz, aumento dos salários dos trabalhadores, congelamento dos preços das mercadorias e do aluguel. Queremos casas populares para os que não têm casa e reforma agrária para os sem-terra”. São algumas das explicações para motivar o apoio em poucos segundos, durante a abordagem às pessoas que transitam nos locais onde ocorrem as campanhas.
O trabalho é simples e empolgante: os militantes se agrupam em equipes, geralmente de três a sete pessoas, com fichas de apoio, caneta e pranchetas e fazem individualmente a abordagem. Para estimular o trabalho, costumam estabelecer metas para os membros dos grupos, e é comum ocorrerem competições entre os seus membros para saber quem vai coletar mais assinaturas por dia. O uso de recursos visuais como faixas, banners e camisas desperta a curiosidade das pessoas que passam e facilita a abordagem.
Quando perguntados sobre quem está fundando esse partido, assim se definem os militantes da UP: “Somos um partido de trabalhadores, que desejam melhores salários e trabalho decente. De mulheres que lutam contra a violência, a discriminação e o machismo. De jovens que querem mais verbas públicas para a educação, em vez de bilhões para financiar banqueiros e empresários; Queremos emprego de qualidade, casa para o povo e terra para a reforma agrária”.
Empolgados com os resultados obtidos até agora, a executiva nacional provisória pretende chegar até o final do ano com 150 mil assinaturas, conforme resolução divulgada em agosto: “Rumo às 150 mil assinaturas em 2015! Trabalhando incansavelmente com a contribuição militante de cada equipe que saí às ruas, vamos construir uma alternativa de esquerda e socialista, fruto da vontade e do apoio dos próprios trabalhadores”.
Uma brutal e esmagadora luta de classes contra os interesses dos explorados e a favor dos capitalistas se desenvolve em toda a sociedade, em particular, nos espaços políticos institucionais e tem se agravado com a crise. Exemplos não faltam: ajuste fiscal, que aperta os trabalhadores e beneficia os capitalistas; ministérios ocupados por latifundiários, usineiros e empresários; e uma enorme quantidade de deputados aprovando leis que retiram direitos conquistados à duras penas, como PIS, seguro desemprego e aposentadoria.
Aprendemos a defender nossos interesses nas greves, nas ocupações, passeatas e nas lutas em geral. Com a construção da UP, poderemos levar nossa ação para dentro do atual aparelho político do Estado: com nossos próprios representantes vamos estender aos espaços de poder atualmente estabelecidos a luta que nossa classe já trava contra os patrões capitalistas (que fazem do Estado uma mera continuação dos seus negócios, deixando para apenas as migalhas para o povo oprimido). Coletar as assinaturas de apoio à Unidade Popular pelo Socialismo é uma tarefa urgente e fundamental. Vamos trabalhar com dedicação para avançar na construção do socialismo no Brasil!
Thiago Santos, Recife