Dezenas de mulheres do movimento Olga Benario ocuparam nos últimos dias uma casa abandonada em SP. A ocupação leva o nome da revolucionária Helenira Resende (Preta) e tem por objetivo a construção de uma casa para acolher vítimas da violência.
Neste dia 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, dezenas de mulheres organizadas pelo Movimento de Mulheres Olga Benario, ocuparam uma casa abandonada ao lado da agência dos correios no centro de Mauá, região do grande ABC paulista. O objetivo da ocupação é exigir do Governo do Estado de SP e da Prefeitura de Mauá a reforma do imóvel, de propriedade da prefeitura, e sua transformação em uma casa de referência para acolher mulheres vítimas da violência doméstica.
Os motivos da ocupação são assim apresentados na página do movimento: “a vida das mulheres no sistema em que vivemos está cada vez pior, com índices de violência e estupro que só aumentam, principalmente das mulheres negras. Por esse motivo e para defender a vida das mulheres foi organizada a ocupação, que foi nomeada de Helenira Preta em homenagem a Helenira Resende, mulher negra assassinada e desaparecida pela ditadura militar.”
Ocupação Helenira Preta comemora o mês nacional da mulher negra
Em julho, mês internacional da Mulher Negra, Latino Americana e Caribenha, se destaca na cidade de São Paulo a Ocupação de Mulheres Helenira Preta. As mulheres negra que são as mais atingidas pela violência, tendo ao menos o dobro de homicídios em relação às mulheres brancas, segundo dados do Mapa da Violência, divulgado em 2015 pela FLACSO.
Nos últimos anos, o país vem sofrendo consideráveis retrocessos nas políticas públicas, que antes já eram escassos para as mulheres. O Ministério das Mulheres e o Ministério da Igualdade Racial foram extintos, assim como as secretarias e pastas de mulheres em muitos municípios de São Paulo. Esse cenário se agrava significativamente com a aprovação da Reforma Trabalhista, que tende a precarizar ainda mais a vida das mulheres negras, infringindo sobre aquelas que levam a base de nossa economia nacional, o trabalho informa e a miséria que as prendem em um circulo de negligencia no que se refere ao combate da agressão às mulheres.
Grande parte das mulheres que sofrem violência não denunciam o ato e muito menos o agressor, por medo e também pela ineficácia das delegacias e leis que deveriam garantir a segurança das denunciantes. Por isso, a Ocupação Helenira Preta visa atuar como um Centro de Referência da Mulher, que pode apoiar, orientar e encaminhar mulheres que buscam ajuda, e oferecer caminhos para o rompimento deste ciclo de opressão.
Guerrilheira Helenira Rezende
Helenira Rezende de Souza Nazareth, mais conhecida como ‘Preta”, se destacou na militância como líder estudantil na cidade de São Paulo e foi vice-presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), construindo diversas lutas importantes. Em 1968 foi presa pela repressão da ditadura militar e transferida para o DOPS e jurada de morte pelo delgado Sergio Fleury. Foi solta por intermédio de um habeas-corpus cedido ás vésperas do decreto do AI-5.
A partir desse período, adotou o codinome de Fátima e passou a viver na clandestinidade em algumas regiões do país, até ir o sul do Pará, onde contribuiu com a Guerrilha do Araguaia, organizando a luta armada rural contra o regime militar. Em setembro de 1972, a militante Helenira foi ferida durante um tiroteio contra os militares, capturada e torturada até a morte. Até hoje, o corpo da jovem não foi encontrado.
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