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sexta-feira, 29 de março de 2024

Intolerância religiosa

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O racismo, face brutal do sistema capitalista, se manifesta de diversas formas no cotidiano, sendo a intolerância religiosa uma das mais comuns. As religiões de matriz africana são ridicularizadas, seus adeptos são agredidos gratuitamente e não raro vemos notícias de terreiros sendo depredados. Essas manifestações de racismo religioso são uma das ferramentas que o capitalismo usa para diminuir a coesão da classe trabalhadora, pois a desigualdade de raça e gênero entre os trabalhadores tem a função de manter a mão de obra barata e as condições de vida precárias para, assim, tentar impedir a organização dos trabalhadores.

A construção da sociedade brasileira se deu com tentativas constantes de apagar a cultura e história do povo negro. Esses esforços racistas empregados contra a população negra na nossa sociedade existem porque o negro é visto como um ser inferior, que não possui dignidade. O racismo é o que legitima a exploração do trabalhador negro e tudo que se relaciona a sua história, sua cultura, é desprezada em prol do que os patrões acham certo.

A liturgia das religiões afro-brasileira bate de frente com a história escritas pelos dominantes. Ali, se mantém viva a história dos nossos ancestrais, aqueles que não aguentaram calados a opressão que viviam e que lutaram até a morte pela liberdade de seu povo. Nos terreiros são aceitas as diversas minorias da sociedade que são oprimidas pela ideologia conservadora dominante, como por exemplo, os LGBTs, que são acolhidos e respeitados dentro dessas religiões, tendo inclusive papel de sacerdotes muitas vezes.

Nos terreiros e centros são celebrados ancestrais que tiveram vidas célebres, que lutaram pelo nosso povo, como por exemplo Malunguinho, mestre muito cultuado no nordeste brasileiro. A história de Malunguinho está relacionada com a história do quilombo de catucá, que ficava na atual cidade de Abreu e Lima. O nome malunguinho foi dado a um líder quilombola chamado João Batista, um sobrevivente dos malungos, como ficaram conhecidos os integrantes daquela comunidade. Malunguinho era conhecido pelos latifundiários por sua ousadia e coragem na luta pela libertação do seu povo, pois ele abria as senzalas, quebrava correntes, sendo cultuado até hoje nos terreiros por conta de seu heroísmo e amor pelo seu povo.

A ideologia burguesa, com sua ideia de meritocracia, euro-centrismo e machismo, tenta fazer com que a classe trabalhadora se torne passiva frente os seus interesses de classe. Apagar nossa história de resistência, depreciar nossa cor e traços físicos e demonizar nossas crenças é um projeto político e que devemos combater. A organização política de todos aqueles que sofrem nessa sociedade é questão de sobrevivência tanto do nosso culto quanto de nossas vidas. Façamos como nossos ancestrais, precisamos de coragem para lutar!

Ana Carolina – PE

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