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sexta-feira, 19 de abril de 2024

Linha de metrô operada por empresa privada deixa usuários presos no trem em São Paulo

Uma falha elétrica na primeira linha de operação Público-Privada de São Paulo deixou milhares de trabalhadores e trabalhadoras presos em trem na volta pra casa.

André Molinari
Movimento Correnteza São Paulo


Foto: Reprodução/Twitter

SÃO PAULO – Hoje (03) pela tarde, em pleno horário de pico de funcionamento, a Linha 4 – Amarela (linha de Parceria Público Privada, entre o estado de São Paulo e a concessionária ViaQuatro) teve uma falha elétrica, deixando vários usuários presos dentro dos vagões durante quase uma hora.

No começo da falha,  com espírito de solidariedade, o povo que estava preso no trem tentou se divertir cantando músicas e se distraindo, mas em pouco tempo a indignação tomou conta, o ar condicionado em mau funcionamento, a espera e os desmaios revoltaram os trabalhadores que tentavam voltar para suas casas em horário de pico. 

Várias pessoas passaram mal com o ocorrido. Idosos e crianças ficaram presos nos vagões e a circulação de ar só piorou com a falta de energia. Algumas pessoas tiveram que ser removidas por ambulâncias do local. A falha nos trens da Linha 4, que não possuem maquinistas, são computadorizados e controlados à distância por uma central, foi sentida na Linha 2 – Verde.

Estações lotadas, plataformas cheias de pessoas esperando trens que não chegaram, pessoas desmaiadas, os ônibus vizinhos às estações lotados e o estresse do nosso povo, voltando de seus trabalhos e afazeres diários, num alto nível.

A falta de preparo da empresa ViaQuatro para atender os usuários nessas situações se mostrou na prática. Os trabalhadores que dependem da linha, que têm de buscar suas crianças, ir para empregos no período noturno, estudantes em fim de semestre foram todos prejudicados. A concessionário nem mesmo disponibilizou alternativa de transporte, deixando todo o prejuízo para as milhares de pessoas que utilizam seus serviços todos os dias.

Vale lembrar que na mesma linha (que já era operada pela ViaQuatro) em 2007 ocorreu um desabamento em um canteiro de obras, matando diversos trabalhadores na estação Pinheiros. Foi relatado que anteriormente ao início das construções, e durante e após, houve um esquema de propina entre as empreiteiras, a empresa de transporte e o poder “público” para adquirir vantagens nos contratos e superfaturamento nas obras. O desvio de dinheiro dos materiais para o bolso dos empresários foi o elemento central para o acidente, que comprometeu a qualidade da estrutura. 

Já não fosse ridículo o descaso, ainda no mesmo caso, as empreiteiras envolvidas na obra (Odebrecht, Camargo Corrêa, OAS, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez) negociaram com um promotor para abafar o caso e favorecer os executivos, colocando de que o “acidente” foi gerado unicamente pelo excesso de chuvas e não como consequência de um negligência nas obras. Mostrando também de que o judiciário brasileiro não tem em sua função ou moral servir ao povo, e sim aos seus próprios bolsos e aos grandes empresários.

Como vimos, para os empresários, judiciário e para o Estado dos banqueiros em que vivemos, de nada importa uma vida ou outra, um bem estar ou outro, quando colocados na balança contra o lucro. Esses valores que endeusam o lucro foram o motivo dos desmaios e caos que ocorreu hoje e não se pode confiar nos relatórios que saíram sobre o acidente, provavelmente o motivo foi falta de manutenção.

A indignação de todos que passaram pelo evento deve ser conduzida em um sentido: a luta por um transporte público gratuito e de qualidade. O estado de São Paulo, durante seus anos e anos seguidos de domínio do PSDB não teve intenção alguma, em momento algum, de construir um bom transporte público, que garanta as necessidades materiais dos trabalhadores paulistas e que dê ao povo o direito do acesso à cidade.

É necessário mobilizar o povo, lutar por transporte digno e acessível, que atenda de fato as necessidades da sociedade trabalhadora. Devemos construir debates sobre transporte público nos bairros, vilas, favelas, escolas e faculdades; lançar campanhas de luta contra as empresas monopolistas do ramo de transporte e denunciar os políticos que continuam a ganhar sem de fato construir nada para o nossos trabalhadores e trabalhadoras.

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