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domingo, 22 de dezembro de 2024

Falta de equipamentos nos hospitais ameaça profissionais da saúde em SP

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Por Ana Laura Alvarez, Mauá-SP.

O estado de São Paulo possui, atualmente, segundo os números divulgados até o dia 29/04, 2.247 mortes devido a Covid-19 e mais de 26 mil casos já confirmados, sendo um dos estados onde a proliferação da doença se tornou mais alarmante. Os locais com maior concentração de casos não são os que possuem maior número de habitantes idosos e, sim, aqueles localizados nas periferias do estado, como a Brasilândia, Sapopemba e Itaquera, que lideram o número de mortes na grande São Paulo.

Os moradores dessas regiões, além de apresentarem dificuldades para realizar o isolamento social, já que a realidade nas periferias é a de ao menos cinco moradores por casa, residindo em condições precárias e sem saneamento básico, são os que mais dependem do sistema público de saúde.

Entrevistamos uma funcionária de um hospital de São Paulo que preferiu não se identificar a também pediu para não publicar seu local de trabalho relatou:

“O hospital não está mais distribuindo máscaras para os funcionários. Enfermeiros e recepcionistas, que tem contato direto com os pacientes, tem que trabalhar sem equipamentos de proteção, e recebemos a notícia de que uma das recepcionistas já foi contaminada. O que vemos na televisão, com funcionários totalmente equipados, é uma ilusão. Somos obrigados a carregar caixas cheias de amostras, onde existe 50% de chance de haver infecção sem os equipamentos necessários. Os funcionários tem medo de se recusarem, ainda que estejam certos, e colocar seus empregos em risco. Os resultados demoram ao menos duas semanas para ficar prontos”.

Devido a esse cenário preocupante, que se reflete em hospitais públicos e até mesmo nos particulares, os números de funcionários contaminados cresce cada vez mais. Estima-se que ao menos 3,2 mil profissionais de saúde estejam afastados devido ao coronavírus. Porém, a suspeita é de que os dados estejam sendo contidos ou amenizados em sua divulgação, uma vez que os números parecem não refletir as condições reais dos funcionários e da população, e estima-se uma perda de trabalhadores bem maior.

O acesso a saúde pública de qualidade deve ser um direito para todos, defendido e apoiado pelo Estado. Sem estruturas como o SUS (Sistema Único de Saúde), em países como os Estados Unidos, por exemplo, o que vemos são pessoas que se recusam a procurar assistência médica por medo dos altos valores cobrados posteriormente, e os números de casos crescem desenfreadamente numa medida maior que no resto do globo.

Mais de 75% da população brasileira depende dos hospitais públicos para sobreviver, e estes vem sendo cada vez mais sucateados ao longo dos anos. Na área de saúde, mais especificamente, o orçamento foi reduzido em 30 bilhões nos últimos quatro anos, e entidades afirmam que a Emenda Constitucional apresenta um forte risco no combate ao Covid-19.

O Estado não oferece o suporte necessário para a saúde pública, e os hospitais tendem a colapsar durante as próximas semanas. Os funcionários estão sendo deixados ao acaso, lutando todos os dias para ajudar o povo mas sem ter as condições necessárias para trabalhar em segurança. Dessa forma é o urgente o fortalecimento e aprimoramento do SUS, pois somente através dele poderemos avançar no combate ao coronavírus de modo justo. É pela vida dos trabalhadores, pelo fim do teto de gastos e pelo acesso à saúde pública e de qualidade para todos.

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