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terça-feira, 3 de dezembro de 2024

O erro do discurso do “Eu avisei”

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Mesma na quarentena povo quer lutar contra o presidente fascista. Foto: Reprodução

Matheus Costa
Minas Gerais

Com o acirramento das consequências da crise para a população pobre do país, devido as medidas de Jair Bolsonaro na contramão das recomendações internacionais no período da pandemia, passou a ser mais comum a tomada de um preocupante discurso por grande parte das pessoas: o discurso do “Eu Avisei”. Precisamos nos alertar sobre o quão grave é assumir essa postura e discurso em um país em que tem a frente um presidente fascista e sem respeito nenhum nem pela própria democracia na qual foi eleito e que é um admirador de torturadores.

Vivemos em um país capitalista, extremamente escasso para a classe pobre do país (que é sua maioria) e com Bolsonaro a frente do governo. Mesmo em momentos de crise de saúde pública, o presidente fascista insiste manter o arrocho salarial, cortar salários dos servidores e seguir a retirada de direitos.

Vejamos, por exemplo, a dificuldade da população em ter em mãos o auxílio emergencial, garantido pela pressão dos setores progressistas, com diversos impeditivos que atrapalham o acesso a essa ajuda financeira, e consequentemente a alimentação do povo. E mesmo sobre esse contexto atual, havíamos alertado sobre os riscos do comando do país tendo Bolsonaro a frente.

Havíamos avisado porque sabíamos dos riscos evidentes em seu projeto de governo e no quanto isso só representava o projeto capitalista internacional contra o povo. Ainda que seu discurso fosse pela família e pelo Brasil, sabíamos que não era. Tínhamos conhecimento do quanto esse governo representava a defesa de somente uma parcela do povo, os banqueiros, burgueses e grandes empresas do capital internacional e que tem um objetivo evidente de cortar verbas da saúde para financiar bancos e monopólios capitalistas, como denunciou o Jornal A Verdade.

Apesar disso tudo, não é viável que assumamos o discurso do “Eu Avisei”, por evidentemente já termos avisado. Porque assumir esse discurso nesse momento significa negligenciar a luta de muitas e muitos pelo direito de moradia, saúde de qualidade e pública, alimentação, educação, emprego, contra o genocídio da população negra, jovem e pobre, LGBT dentre outros.

É preocupante porque parece que assumir essa postura significa que “fizemos tudo que podíamos” e nos resta somente assumir qual foi a parcela que estava contra e que agora “avisa”. É preocupante porque enquanto assumimos essa postura, milhares de pessoas continuam sem ter o que comer, sem moradia, serviços básicos de saneamento e esgoto, educação sucateada. Não obstante, casos de violência doméstica aumentam durante quarentena, tornando essa situação mais uma das preocupantes nesse momento.

O caminho é a luta para derrotar o fascismo

E mesmo com o atual contexto nacional, há movimentos destacados como Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) que lutam incessantemente pela garantia de alimentação e moradia da população em meio à pandemia. Esses movimentos representam de fato a postura que deveríamos todos ter nesse momento. Paralelo a isso, o país não recebe as ações necessárias que um líder de governo deveria ter. Bolsonaro, pelo contrário, opta por dizer que a Covid-19 é uma gripezinha, “E daí?”, que 70% da população vai se contaminar mesmo, entre outros ataques a vida das pessoas.

Há um aumento significativo na criminalização dos movimentos sociais e quem se manifesta nas ruas, de quem realmente está do lado do povo. É contra esses que lutam todos os dias que o discurso do “Eu avisei” também afeta, porque escolhem por assumir uma postura do lugar de plateia assistindo do celular tudo sucumbir sem assumir a defesa do povo.

É preciso lembrar que o papel político necessário nesse momento é o de denunciar as injustiças, a violência, a crueldade que se espalha e toma esse país, pois quando esvazia-se o sentido político do atual momento na forma de “Eu avisei”, colabora-se para que as reais pessoas que defendem os povos não sejam levadas a sério e sejam assassinadas.

Não é difícil lembrar, por exemplo, que o Brasil foi o 4º país que mais matou ativistas de direitos humanos em 2019. Ou seja, enquanto há quem assume esse discurso, tem gente morrendo por defender nossos direitos e por não possuir o mínimo para se viver. Assim como avisamos, quem votou em Bolsonaro em sua ampla maioria foi enganado. Está na hora de mostrarmos a essa população de que estavam errados e de trazer todos eles e o time do “Eu avisei” para o lado da luta, do povo trabalhador que ainda que explorado opta pelo lugar de mudança e transformação do país por meio da luta, pois somente este é capaz de dar ao povo tudo que sonham.

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