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quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Quantos devem morrer para agradar ao deus mercado?

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Por Lenilda Luna – jornalista e presidente municipal da Unidade Popular em Maceió – AL

Depois do pronunciamento do presidente Bolsonaro na noite do dia 25 de abril, ficou clara a prioridade do atual governo: o lucro está acima da vida. Não tem como fazer outra leitura.

Bolsonaro está cedendo à pressão dos empresários que apostam na política do Estado mínimo, do neoliberalismo levado ao extremo, da quebra da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) para aumentar suas riquezas.

Eu moro na Avenida Antônio Lisboa Amorim (antiga Cachoeira do Meirim). Da minha janela, vejo o tráfego do maior e mais populoso bairro de Maceió, com cerca de 200 mil habitantes. Na manhã seguinte ao pronunciamento Bolsonaro, já deu para sentir que o movimento aumentou.

Bolsonaro desautorizou todas as medidas que foram tomadas até aqui, e que não são ainda suficientes. Ele tripudiou sobre o heroísmo e a dedicação de profissionais de Saúde que estão se revezando para cuidar dos doentes em todo o país e sabem que o sistema não suporta que todos se contaminem ao mesmo tempo.

É claro, não é fácil convencer as pessoas a ficarem em casa. Principalmente os autônomos, os ambulantes, os que trabalham por aplicativo, os terceirizados, os que ganham comissões e vêm reduzidos os ganhos…

Por isso, a postura dos líderes de Estado nesse momento de crise deveria ser de assertividade: reiterar a necessidade do isolamento social e encaminhar medidas que garantam a manutenção das famílias que ficam sem renda com tudo parado.

Deveríamos estar, como sociedade, nos unindo para apoiar os mais vulneráveis próximos a nós. Deveríamos estar cobrando do Governo Federal a suspensão do pagamento da dívida pública. Deixando em caixa o 1 trilhão destinados à amortização dos juros, daria para garantir o salário mínimo e a cesta básica de todos os que precisam de apoio e, imperativo, para fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS).

Bastaria ainda taxar as grandes fortunas ao invés de propor cortar salários dos servidores públicos, demitir em massa os trabalhadores da indústria e comércio e pressionar as pessoas entre o risco de perder o emprego ou de morrer ou contaminar os parentes.

No dia seguinte ao pronunciamento, em entrevista no Palácio da Alvorada, já conhecida pela grosseria com que Bolsonaro trata os jornalistas, em especial às mulheres, um repórter perguntou: Presidente, quantas vidas perdidas o sr. acha razoável para retomar a normalidade?

Bolsonaro virou as costas e não respondeu. Bolsonaro realmente não se importa!

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