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quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Exploração das mulheres aumenta durante pandemia

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EXPLORAÇÃO – Sem apoio dentro de casa, mulheres passaram a trabalhar ainda mais durante quarentena (Foto: ONU Mulheres)

Estudo revela que jornada de trabalho feminino tem aumentado durante a pandemia. Em muitos casos, a soma das atividades profissionais e domésticas chega a ocupar praticamente todas as horas do dia.

Por Bia Martins
Diretório Nacional da UP

Um estudo realizado pelo Centro de Pesquisa de Gêneros indicou que o isolamento social feito por causa da pandemia do novo coronavírus e a nova “normalidade” têm deixado as mulheres esgotadas, estressadas e dedicando mais horas à manutenção e cuidados domésticos e de seus pares masculinos.

Umas das entrevistadas afirmou que tem trabalhado de madrugada por não para dar conta de todas as tarefas demandadas. “Durante o dia eu tenho que garantir a limpeza da casa e todas minhas refeições, do meu marido e dos meus filhos, e ainda acompanho meus filhos durante duas aulas online. Portanto, é impossível garantir minhas oito horas de trabalho como comunicadora e, por isso, eu tenho que trabalhar durante a madrugada enquanto todos dormem”, disse.

Não é novidade que, sob o regime capitalista, as mulheres são obrigadas a cumprir longas jornadas de trabalho diárias que se somam às horas dedicadas ao trabalho doméstico e ao cuidado da família. Entretanto, com a pandemia, o que tem acontecido é ainda mais assustador e exaustivo do que estamos acostumados a ouvir falar, pois a jornada de trabalho de muitas mulheres tem sido praticamente de 24 horas por dia! 

O estudo também realizou uma pesquisa com os seguintes itens de tarefas: limpeza, compras, roupa, comida e cuidado com os filhos, tanto lazer como educação, e como é a distribuição dessas tarefas durante a pandemia. Entre essas, a única atividade que os homens têm maior responsabilidade é a tarefa de fazer as compras. Em todas as demais, as mulheres exercem um percentual muito maior que os homens.

Outro aspecto interessante do estudo é que nos casos em que as mulheres continuaram trabalhando nos seus locais de trabalho, os homens se demonstraram assustados com a quantidade de tarefas domésticas que eles passaram a fazer. Ou seja, os homens nem fazem ideia do trabalho acumulado pelas mulheres que convivem com eles na mesma casa.

Contra a exploração feminina

Não podemos fechar os olhos para a exploração sobre as mulheres neste momento. Precisamos seguir denunciando os ganhos do capitalismo com todo esse trabalho não pago feminino. Para se ter uma ideia, em janeiro deste ano, relatório da Oxfam confirmou que se pagássemos o trabalho de cuidados que mulheres e meninas realizam gratuitamente em todo o planeta, esse valor seria o triplo de todo o gasto mundial em tecnologia (12,5 bilhões de horas diárias, o equivalente a 10,8 trilhões de dólares anuais)!

Quem tem feito trabalho remoto durante esse período, sabe que não é incomum ver mães com seus filhos no colo durante uma reunião ou uma aula, precisando sair mais cedo porque têm que preparar as refeições da família ou serem interrompidas por seus maridos para fazer algum trabalho doméstico. 

Outra denúncia fundamental nesse momento é contra a ideia liberal de que “o futuro é poder trabalhar em casa”. Trabalhar em casa é uma forma de aumentar a jornada de trabalho, uma vez que a realidade é que trabalhamos a qualquer hora; é jogar nas costas do trabalhador os gastos com seus instrumentos e estrutura de trabalho, para aumentar o lucro dos capitalistas; e é ver o machismo empurrando para as mulheres todo o trabalho doméstico que uma casa com pessoas o tempo todo gera.

Além disso, é preciso combater o discurso de quem acha que o povo não quer voltar ao trabalho porque tem trabalhado menos do que antes da pandemia, coisa que a referida pesquisa desmente definitivamente. A realidade é que a única forma de vencer o vírus hoje é garantindo o isolamento social e condições dignas de manutenção para todas as pessoas durante a quarentena.

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