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quinta-feira, 28 de março de 2024

Por que a PM de São Paulo agrediu o ato antifascista?

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PM reprimiu ato contra o fascismo em SP no último domingo (31). Foto: reprodução

Gregorio Gould
Salvador

As passeatas e carreatas organizados por fascistas em todo o país nos últimos meses não são reprimidas pelas polícias militares. A quadrilha dos 300 (que na verdade reúne umas 30 pessoas) acampada em Brasília também não, mesmo com a defesa aberta de bandeiras fascistas e da implantação de uma ditadura, o que é proibido pela nossa constituição. O que vemos nessas manifestações é uma polícia adestrada, mansa, que até tira selfie e anda abraçado com quem participa desses atos.

Quando são os movimentos sociais que vão para as ruas, sem tetos que ocupam prédios abandonados ou uma torcida promovendo uma manifestação antifascista, com maioria de jovens negros da periferia, o que vemos é a transformação das ruas em um campo de guerra.

De fato, foi isso que ocorreu neste domingo, dia 31 de maio. Centenas de pessoas foram às ruas no que foi por um momento uma belíssima passeata contra um golpe fascista em nosso país, até que a Polícia Militar de São Paulo começou a destilar seu ódio em plena Avenida Paulista. O ato foi convocado por membros da Gaviões da Fiel e teve adesão de pessoas de diversas outras torcidas organizadas de São Paulo.

Também ocorreram manifestações em diversos outros estados. A reação da polícia foi agressiva contra aqueles que lutavam contra o racismo, no Rio de Janeiro e, a mesma, cumpriu um papel de segurança dos fascistas, tentando impedir inclusive os manifestantes antifascistas de abrirem suas faixas em Salvador e Belo Horizonte.

É importante dizer que a PM de São Paulo, é a mesma corporação que um de seus servidores foi humilhado por um autodeclarado rico no Alphaville e ficou calado, em vídeo que viralizou. Ou seja, a PM fala grosso com o povo pobre e fala manso com os ricos. Ou então, como disse o próprio playboy do vídeo, “você pode ser macho na periferia, mas aqui você é um bosta, aqui é Alphaville, mano”.

A diferença é tanta no tratamento com manifestantes ricos e fascistas e com os manifestantes pobres da periferia que lutam por direitos e por democracia que chegou a ter uma mulher armada com um taco de basebol na manifestação de domingo. A fascista foi praticamente cuidada por um policial enquanto aqueles que lutavam de forma pacífica contra o fascismo, a tortura e por democracia receberam bombas de gás lacrimogêneo e efeito moral.

O fascismo é um movimento que defende os interesses da burguesia

Vivemos em uma democracia, é verdade, mas numa democracia burguesa. O caráter do Estado é determinado pela classe que o dirige, esta é a que detém os meios de produção. No Brasil, a burguesia é dona dos meios de produção, por isso vivemos em uma sociedade capitalista, logo o caráter do Estado é burguês.

O fascismo é um movimento da burguesia, ou parte dela, no intuído de que esse Estado tome a forma de uma ditadura sanguinária e feroz contra a classe trabalhadora a fim de impor medidas mais radicais de retirada de direitos do povo pobre e outras medidas que beneficiem os ricos.

Partindo do ensinamento marxista, bem exposto por Lenin em O Estado e a Revolução, “O Estado é o aparelho de dominação de uma classe (a exploradora) sobre a outra (a explorada)”, o objetivo do Estado Capitalista ou Burguês, é manter a exploração da classe trabalhadora pela classe dos capitalistas. Portanto, a diferença entre a burguesia que defende uma democracia e a burguesia fascista é uma diferença sobre como manter essa dominação e exploração, mas fica claro que não há divergências se essas devem existir ou não.

Temos ouvido muito que é preciso combater o Governo Bolsonaro e defender as instituições. Pois bem. Quais as instituições que precisamos defender? Segundo dizem, o Congresso Nacional, o STF, o exército, as policias etc. Mas por que essas instituições não nos defendem? Por que foram exatamente essas instituições que retiraram direitos dos trabalhadores com a reforma da previdência e trabalhista, organizaram um golpe em uma presidenta eleita, nos reprimiram ao longo dos últimos anos em todas as lutas por direitos, ocupações, greves e por que são essas instituições que genocida nossa juventude negra e pobre nas favelas brasileiras?

Porque elas são instituições burguesas e defenderão sempre, os interesses da burguesia. Cada vez que uma dessas instituições faz algo favorável ao nosso povo é conquista nossa, fruto das lutas populares.

Não temos dúvidas que a democracia burguesa é melhor que a ditadura fascista da burguesia, mas não podemos mentir para o nosso povo e dizer que essas instituições que estão aí são o melhor que a humanidade pode construir. É preciso dizer que as instituições da sociedade só corresponderão aos interesses do povo quando o mesmo for poder, quando os meios de produção da sociedade forem propriedade da classe trabalhadora. Portanto, a forma mais efetiva de lutar contra o fascismo é organizando nossa classe para fazer uma revolução e construir o poder popular.

As grandes manifestações do povo negro dos Estados Unidos, a manifestação antifascista na Paulista no domingo, as mobilizações que ocorrem neste momento no Chile e Equador (mesmo que pouco divulgadas na imprensa internacional) demonstram como uma grande frente popular, construída nas ruas e no combate direto ao sistema capitalista, é mais efetiva que frentes parlamentares dóceis e inofensivas no combate ao fascismo.

Nesse sentido, a participação ativa das massas neste combate é fundamental, tanto para a derrota desse inimigo como para o avanço da consciência da nossa classe. Atos como o de domingo devem se espalhar pelo país inteiro e, é dever da militância da Unidade Popular garantir que isso aconteça, construir esses atos junto com outras forças progressistas, movimentos sociais, torcidas antifascistas, etc., e apontar nas ruas que o caminho para acabar com o fascismo, com a retirada de direitos, com o genocídio da juventude pobre e negra, é o caminho do poder nas mãos do povo e que por isso precisamos nos unir e construir uma revolução popular.

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