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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Ato em Maceió denuncia tortura racista dentro de supermercado

MANIFESTAÇÃO – Juventude presente na luta contra o racismo e a tortura. (Foto: Reprodução/Jornal A Verdade)
Andresa Gomes e Gabriel Cunha

MACEIÓ (AL) – A União da Juventude Rebelião (UJR), numa ação conjunta com diversos movimentos sociais, estudantis e partidos políticos atuantes em Alagoas, promoveu, no dia 28 de novembro, um ato antirracista em frente ao supermercado GBarbosa, unidade do bairro Tabuleiro do Martins, em Maceió.

A atividade teve como objetivo exigir justiça para o jovem negro de 19 anos que, ao entrar no supermercado para comprar um celular, na semana anterior, foi conduzido pela segurança da loja até uma sala, espancado e torturado.

Sob acusação de furto, o jovem sofreu violência durante três horas consecutivas. Na ocasião, os seguranças – na presença da gerência da loja – colocaram um saco plástico em sua cabeça e o asfixiaram. A vítima, que não teve seu nome divulgado, mesmo inocente, confessou o crime para que o processo de tortura tivesse fim.

Somente com isso, a Polícia Militar foi acionada e, posteriormente, constatou a inocência do rapaz, endossada pelas imagens das câmeras de segurança da loja. O jovem, acusado injustamente, estava com dinheiro no bolso, economizado por meses, e queria apenas comprar um celular.

A manifestação antirracista teve como principais palavras de ordem “GBarbosa racista” e “Tortura é crime”. Estiveram presentes movimentos sociais, partidos, sindicatos e o DCE Quilombo dos Palmares, além da própria comunidade local, que expressou o apoio.

A manifestação expressou em cada pessoa a indignação e a revolta contra o racismo em todos os âmbitos, especialmente contra essas empresas defensoras do capital que exploram e têm como alvo o povo periférico, pobre e preto com políticas racistas de segurança das corporações.

Os manifestantes, chegando ao local, depararam-se com as portas do supermercado fechado e com a presença da força repressora da Polícia Militar de Alagoas/PMAL, que foi acionada pelo estabelecimento para prezar pelo patrimônio privado em detrimento do crime de tortura física e psicológica praticado pela empresa.

O GBarbosa mostrou que não há qualquer repúdio da empresa frente à tortura que a mesma impôs ao jovem negro, nem prestou qualquer assistência à vítima e a sua família. A empresa apenas emitiu uma nota não reconhecendo seu crime, deixando a comunidade toda revoltada com sua postura racista e opressora.

Nessa conjuntura, em que é predominante a teoria racista do “preto suspeito”, absolutamente nenhum elemento aponta esse jovem como suspeito, como criminoso em potencial, a não ser a cor de sua pele. Os manifestantes cobraram justiça e punição pelo crime cometido, que não vai ficar como mera estatística.

A juventude negra morre diariamente, especialmente em Alagoas. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2019, estamos entre os 10 estados do país em que mais morrem jovens negros entre 15 e 29 anos. É a periferia que sofre com o extermínio do seu povo pelo aparelho repressivo do Estado, como no caso do jovem Jonas Seixas, que, há quase dois meses, foi levado por uma viatura da PM e desapareceu durante essa operação policial no Jacintinho, bairro de Maceió, estando a família sem notícias até hoje.

AGITAÇÃO – União da Juventude Rebelião e Unidade Popular Pelo Socialismo interviram no ato contra o racismo e a tortura. (Foto: Reprodução/Jornal A Verdade)

É curioso, mas não surpreendente, que o episódio de tortura de um jovem negro dentro de uma loja ocorra dois dias após o assassinato brutal de João Alberto Silveira Freitas. Beto foi espancado até a morte por seguranças da rede Carrefour em Porto Alegre (RS), fato que provocou atos antirracistas em todo o país. Em Alagoas, no domingo à tarde (22), a UJR convocou movimentos sociais e outros setores da sociedade contra o assassinato no Carrefour, realizando uma grande manifestação na orla de Maceió.

Os movimentos negros sempre denunciaram que o racismo é a sentença de morte para o nosso povo desde antes da colonização, mas também que a luta sempre aconteceu e vai continuar, pois, onde há opressão, sempre vai ter resistência popular contra o racismo estrutural e cotidiano e contra o sistema.

A execução sumária e os tão comuns episódios de torturas dos corpos negros, escancaram uma realidade muito conhecida no nosso país: o extermínio do povo preto é um projeto! Um projeto legitimado pelas estruturas do Estado burguês, que herda os padrões racistas e de supremacia racial do escravismo.

Em Alagoas, terra de Zumbi e Dandara, seguiremos a luta dos nossos heróis de Palmares, carregamos os exemplos revolucionários e de resistência de Manoel Aleixo e Emmanuel Bezerra dos Santos, combatendo radicalmente o racismo e as estruturas repressivas do sistema capitalista.

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