Movimento luta por justiça contra mais um feminicídio em Cabo Frio

171
Naimar Ferreira, estuprada e assassinada é mais um caso que evidencia o aumento da violência contra as mulheres na Região dos Lagos, no Rio. Foto: Reprodução

Na última segunda (15), Naimar Ferreira, moradora do bairro Itajuru, foi encontrada morta depois de dois dias desaparecida. Dados do último dossiê montado pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) revela que Cabo Frio e São Pedro da Aldeia, são as cidades com os maiores registros de violência contra a mulher no estado do RJ.

Por Chantal Campello*

CABO FRIO (RJ) – Na última segunda (15), Naimar Ferreira, moradora do bairro Itajuru, foi encontrada morta depois de dois dias desaparecida. Estuprada e espancada até a morte, com os seios mutilados e laceração anal, Naimar foi localizada por uma equipe da polícia ambiental na Praia das Dunas, em Cabo Frio, enrolada nua em um tapete preto.

No Brasil, ocorrem em média 180 estupros por dia, 1 a cada 11 minutos, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) divulgados em 2015. A violência de gênero atinge centenas de mulheres diariamente de diversas formas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil tem a 5ª maior taxa de feminicídio do mundo. A cada duas horas uma mulher é assassinada no país, a maioria mortas por seus companheiros ou por parentes próximos.

Na Região dos Lagos, o índice aumenta cotidianamente. Dados do último dossiê montado pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) revela que Cabo Frio e São Pedro da Aldeia, são as cidades com os maiores registros de violência contra a mulher no estado do RJ. Entre Marias, Lucianas e Flávias, estava Naimar Ferreira: mãe e trabalhadora, estuprada até a morte, mutilada e abandonada. O principal acusado é seu ex-companheiro, Lucas de Jesus Silva. Câmeras de segurança flagram o momento em que ele aparece empurrando um carrinho de mão com pano preto grosso, semelhante ao que cobria o cadáver de Naimar.

Movimento de Mulheres da Região dos Lagos luta a anos contra a violência contra a mulher. Foto: MMRL

Solidariedade e luta por justiça

O Movimento de Mulheres da Região dos Lagos divulgou um formulário online como parte de um início de mapeamento das violências, e só nesse primeiro momento consta como informação que 45% de mulheres sofreram algum tipo de violência (física, psicológica, moral, sexual e/ou patrimonial) nos últimos 5 anos e que 38,9% foram vítimas de violência física provocada por ex cônjuges, 16,7% por ainda companheiros.

Quantas mulheres precisarão morrer de forma desumanizada para que as nossas vidas sejam colocadas numa posição de prioridade? Quantas mulheres precisarão ser estupradas até a morte para que políticas públicas sejam criadas e sancionadas? A violência contra as mulheres em todas as suas formas é um fenômeno que atinge mulheres de diferentes classes sociais, origens, idades, regiões, estados civis, escolaridade, raças e orientação sexual. A violência contra a mulher é um problema complexo e estrutural fruto da sociedade capitalista patriarcal em que vivemos.

Por isso, precisamos construir políticas públicas emergenciais e lutar para que nossas mulheres continuem vivas. Fortalecer a luta por uma sociedade justa para todas as mulheres é um dever de todos aqueles que lutam pelo fim da exploração e pelo socialismo. Todas nós esperamos que o responsável pela morte de Naimar seja encontrado e punido!

*coordenadora do Movimento de Mulheres da Região dos Lagos