População paraguaia foi às ruas pedir a saída do presidente Mario Abdo Benítez, tido como principal responsável pelo aprofundamento da crise sanitária e pelo colapso da saúde por conta da pandemia. País recebeu apenas 4 mil doses de vacina para uma população de mais de 7 milhões de habitantes.
Por Heron Barroso | Redação Rio
INTERNACIONAL — Milhares de paraguaios foram às ruas da capital Assunção ontem (5) em protesto contra a má gestão da pandemia pelo governo do presidente Mario Abdo Benítez, do Partido Colorado, que governa o país praticamente desde os anos 1940. Mais cedo, o ministro da Saúde, Julio Mazzoleni, entregou o cargo acusado de deixar hospitais lotados, sem equipamentos e medicamentos para o tratamento dos infectados pela Covid-19.
O Paraguai vive o pior momento da pandemia, com falta de leitos nos hospitais, recorde de novos casos e mortes e demora na vacinação da população. As mortes pelo vírus já passam de 3.280 e são mais de 165 mil infectados, mas apenas 4 mil doses de vacinas chegaram até agora ao país, sem previsão de novas remessas.
No lugar de corrigir as falhas no combate à Covid-19, o governo Benítez mandou a polícia reprimir os manifestantes. Mais de 10 mil pessoas foram dispersadas com gás lacrimogêneo e balas de borracha pela tropa de choque. Ao menos uma pessoa morreu e 20 ficaram feridas pela ação policial.
A repressão foi tão desproporcional que os policiais ficaram sem munição e tiveram que levantar bandeiras brancas pedindo paz aos manifestantes.
Vacina para quem?
Mas a má gestão da pandemia foi apenas o estopim da revolta. O presidente Mario Abdo Benítez, filho de um dos assessores do ditador Alfredo Stroessner (1954-1989), é acusado de envolvimento em vários casos de corrupção e atos de lesa-pátria.
Em 2019, Benítez assinou um acordo secreto com o governo brasileiro no qual se comprometia a pagar mais caro pela energia comprada da usina de Itaipu, de propriedade binacional. O acordo elevaria os custos para a empresa estatal de eletricidade do Paraguai em mais de US$ 200 milhões. Depois de protestos que reuniram milhares de pessoas, o acordo foi cancelado.
Enquanto a população paraguaia sofre com a falta de leitos e medicamentos nos hospitais e sem vacina, os ricos são atendidos em unidades médicas de alto nível, e muitos já foram vacinados, mesmo não sendo dos grupos prioritários.
O colapso do sistema de saúde levou médicos e enfermeiras a protestarem nas ruas de Assunção exigindo melhores condições de trabalho. Os profissionais denunciaram que não existem medicamentos, nem sedativos para os intubados na UTI.
Bolsonaro leva Brasil pelo mesmo caminho
A crise sanitária no Paraguai não é uma exclusividade do país vizinho. No Brasil, estamos assistindo a uma escalada no número de casos e mortes pela Covid-19, enquanto o presidente Jair Bolsonaro zomba do sofrimento de milhões de pessoas. Para ele, importa apenas proteger seus filhos dos escândalos de corrupção e do envolvimento com as milícias que assassinaram a vereadora Marielle Franco.
Assim como o presidente paraguaio, Bolsonaro também é responsável pela má gestão da pandemia e pelas mais de 260 mil mortes de brasileiros, muitas delas em decorrência da falta de respiradores, oxigênio, leitos e UTIs. Aliás, já há um consenso internacional de que o governo brasileiro é o pior do mundo no combate à Covid-19.
Por isso, Bolsonaro precisa ser derrotado! Quanto mais cedo o povo brasileiro se livrar desse vírus que infectou o Palácio do Planalto, mais facilmente sairemos da crise e salvaremos nossas vidas e nosso país.