Opinião: Marighella e a luta clandestina

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CULTURA DE RESISTÊNCIA – A vida e luta de Marighella foram retratados em filme com seu nome. (Foto: O Cruzeiro/EM/D.A Press)

João Victor Medeiros de Godoy

GOIÂNIA – Após quase dois anos de concessões e cortes impostas pela direção fascista da ANCINE e da FSA (Fundo Setorial do Audiovisual) o filme Marighella foi enfim disponibilizado na web no dia 08 de maio. 

O filme, que mostra a trajetória do guerrilheiro e revolucionário Marighella e escancara as atrocidades cometidas pela ditadura militar no Brasil contra os revolucionários da ALN, retrata uma das concepções de luta mais importantes para os movimentos revolucionários do mundo: a luta clandestina. Logo nos primeiros minutos de filmes se abre em um diálogo entre Marighella e um companheiro de seu partido. Na conversa, Marighella expõe a necessidade da organização da luta armada ante os incontáveis assassinatos, sequestros, torturas, etc.

Antes de mais nada, é necessário que se entenda por qual motivo a luta ilegal tem início nas organizações e partidos revolucionários.

Durante o período do capitalismo em que o fascismo toma a frente, a massa tende a se organizar politicamente e o embate dessa massa contra o sistema se acentua devido a perda de direitos, restrições e até ilegalidade forçada dos partidos legais, manipulação da mídia e o aumento da exploração dos trabalhadores. Ou seja, diante de tanta barbárie, o proletário não vê outra alternativa que não o atrito violento contra as forças exploradoras. Nesse sentido, Lenin afirma que “o imperialismo é o prelúdio da revolução socialista” (Imperialismo, fase superior do Capitalismo).

O AI-5 (Ato Institucional Número 05) do governo Costa e Silva durante a ditadura militar no Brasil foi um dos pontos de partida fundamentais para o acirramento entre as forças revolucionárias e os agentes militares. Diariamente pessoas eram mortas, torturadas, a imprensa foi censurada e várias mentiras eram ditas publicamente, o que tornou o apoio popular aos grupos revolucionários muito mais difícil. 

A reação foi dada ao mesmo tom com a distribuição de panfletos políticos em atos rebeldes, ocupação de rádios e exigências por meio de outras atividades revolucionárias da leitura em rede nacional de cartas e textos escritos pelos revolucionários.

A ALN, assim como vários outros grupos revolucionários, acabaram sendo dissolvidas pela ditadura militar, que os torturou e matou, assim como a qualquer um que lutasse por liberdade.

Hoje, o governo genocida que se instaurou no poder, comemora as atrocidades cometidas pela ditadura, produz mentiras e aplaude publicamente ditadores que torturavam, estupravam e matavam.

Compreendermos que a luta ilegal é uma reação direta contra todo o massacre fascista do sistema capitalista, que se caracteriza como um processo indispensável para a derrocada e rompimento com o capitalismo, é imprescindível para que seja feita uma luta concreta contra as mentiras criadas pela burguesia e pela memória, verdade e justiça daqueles que lutaram heroicamente contra os fascistas da ditadura.