Ontem (24), manifestantes incendiaram estátua do colonizador e invasor português Pedro Álvares Cabral, no Rio de Janeiro. Ação foi contra o Marco Temporal na demarcação de terras indígenas. Monumento representa os invasores que dominaram as terras indígenas e que realizaram um dos maiores genocídios da história da humanidade.
Igor Barradas | Redação Rio
LUTA POPULAR – Na madrugada deste terça-feira (24), manifestantes incendiaram o monumento do invasor português Pedro Álvares Cabral, na Zona Sul do Rio de Janeiro. A ação foi em protesto contra o marco temporal proposto pelo ruralistas e o genocídio em curso do governo de militares de Bolsonaro contra o povo indígena.
O marco temporal está sob julgamento do STF durante essa semana. Se aprovado, alterará a legislação da demarcação de terras indígenas, permitindo a expulsão dos povos originários de suas terras nativas e abertura de seus territórios para explorações predatórias de grileiros e latifundiários. As demarcações de terras indígenas são um direito fundamental dos povos originários, previsto na Constituição Federal.
De acordo com o marco temporal, uma terra indígena só poderia ser demarcada caso for comprovado que os indígenas estavam sobre a terra requerida no dia no dia 5 de outubro de 1988, ou seja, na própria data da promulgação da Constituição.
Estudos arqueológicos afirmam que muito antes dos europeus invadirem as terras indígenas, inúmeros povos já viviam em abundância e construíam sociedades sem exploração. Entretanto, para a bancada ruralista, quem estiver fora da área nesta data, não possui o direito a pedir sua demarcação.
O significado do ataque a monumentos que homenageiam genocidas
Nos últimos tempos, inúmeros monumentos que homenageiam colonizadores, ditadores e escravistas estão sendo incendiados ou derrubados pela população. O incêndio da estátua de Pedro Álvares Cabral, conhecido por ter “descoberto” o Brasil, é um exemplo dessa movimentação.
Os colonizadores foram os responsáveis pela morte e escravização de milhões de nativos indígenas. Propagaram epidemias, impuseram religião e costumes europeus em ordem de dominar estes povos.
Ao mesmo tempo, tem aumentado a reivindicação para a construção de monumentos de nossos verdadeiros heróis. Movimentos sociais tem reivindicado a construção de estátuas e marcos homenageando os povos indígenas que lutaram contra a colonização, lideranças negras que lutaram contra a escravidão ou brasileiros que se dedicaram na luta contra a Ditadura Militar Fascista.