Nesta terça-feira (24), policiais militares invadiram o Morro do Palácio, em Niterói, e assassinaram o entregador Elias de Lima Oliveira. Em protesto, os moradores da comunidade realizaram uma manifestação na Avenida Visconde de Rio Branco exigindo justiça pelo crime.
Redação Rio
RIO DE JANEIRO – Por volta das 15h de ontem (24), policiais militares assassinaram o entregador por aplicativo Elias de Lima Oliveira, 24 anos, no Morro do Palácio, em Niterói. Elias foi atingido no rosto, em mais uma ação policial em que os agentes do Estado entram atirando na periferia.
Vizinhos afirmam que, além de ser entregador de aplicativo, Elias trabalhava em um hortifruti da região. Em entrevista à imprensa, uma moradora relatou o ocorrido: “Eu posso falar porque eu vi. Estavam carregando ele como se fosse um lixo. Jogaram ele na blazer como se fosse nada. Uma coisa muito triste. Poderia ser o filho de qualquer um aqui. Acho que isso não pode ficar impune. Mais uma cena muito triste. Ninguém merece passar por isso”.
Apesar da brutalidade do assassinato, a polícia militar não comentou o assunto. A corporação disse apenas que “houve um tiroteio na região”.
Pesquisa realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) mostra que o Rio de Janeiro é o estado com mais registros de mortes em operações policiais no país. 775 pessoas foram mortas durante operações policiais apenas em 2020.
O relatório também assinala que, apenas no primeiro semestre de 2020, as mortes provocadas pelas operações cresceram 6% em números absolutos no país.
Protesto contra violência policial
No fim de semana passado, a PM-RJ realizou uma chacina no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, que assassinou ao menos oito pessoas, vítimas de tortura e execuções sumárias. Elias é mais um morador da Baixada Litorânea que tem seus sonhos enterrados pela repressão do Estado burguês.
Depois da morte de Elias, dezenas de manifestantes interditaram a Rua Presidente Pedreira e a Avenida Visconde de Rio Branco, próximas ao Morro do Palácio. Com cartazes, eles denunciavam a brutalidade policial contra os moradores da comunidade e exigiam justiça.
Um dos manifestantes levava um cartaz escrito: “”Elias é mais um. Na favela é assim: primeiro atira, depois pergunta”.