Afinal, quem é Léo Péricles na fila do pão? 

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LUTA POPULAR – Léo sua iniciou trajetória no movimento estudantil, construiu o movimento de moradia e hoje é presidente da UP e pré-candidato à Presidência da República. (Foto: Reprodução/A Verdade)

Este é apenas um breve relato bibliográfico daquele que, com muita honra, é meu pré-candidato à presidência do Brasil.

Muitos estão curiosos querendo saber quem é Léo Péricles. Outros o criticam duramente por ele se separar da esquerda hegemônica social-democrata. Os que fazem as críticas, consideram sua candidatura irrelevante e invisível, que não merece ser considerada. Creem que apenas o voto utilitário é útil. Decidem ficar presos na armadilha das pesquisas eleitorais encomendadas pela burguesia. A especulação do mercado eleitoral é a base para esses setores decidirem o seu voto, deixando de lado os programas e posicionamentos políticos. 

Antonio Manoel dos Santos
Minas Gerais


POVO NEGRO – Aos 40 anos, Léo Péricles é o único pré-candidato negro para as próximas eleições à Presidência da República. (Foto Emília Silberstein/A Verdade)

Para criticar Léo na linguagem popular, perguntam: mas quem é Léo na fila do pão?

Tentarei responder essa questão não apenas para os críticos, mas principalmente para os trabalhadores que querem de fato saber como surgiu a novidade.

Primeiro gostaria de apresentar Leonardo Vieira Péricles como pré-candidato de um Partido com letras maiúsculas à Presidência da República. Um dos poucos partidos que merecem esse nome, pois tem um programa nacional que não fica nas gavetas, é unitário e age como coletivo, não promove candidaturas personalistas com projetos individuais e não utiliza “famosos” como propulsores. Um Partido que utiliza suas candidaturas como instrumentos para a luta pela transformação de toda a sociedade. 

Léo Péricles dispôs do seu nome, sua energia e sua capacidade como parte de uma estratégia e tática de um partido de pobres, negros e trabalhadores explorados. Tem sua candidatura como um meio e não um fim em si. Um meio para promover, propagandear e avançar na conquista de um programa que devolva os direitos dos trabalhadores, resgate as riquezas do país, tire nosso povo da fila do osso e do desemprego. É uma candidatura verdadeiramente de Partido, com P maiúsculo.

Mas não é só isso. Léo Péricles tem uma grande experiência. Experiência que vem de baixo para cima. Léo não é um estudioso acadêmico de Harvard, nem um burocrata que aprendeu nos cargos de gabinete do Estado. Aprendeu na universidade da luta e das ruas. Formou-se em PHD na luta de classes.

A formação popular de um lutador: do passe livre às jornadas de junho de 2013

Ainda muito jovem, no período da adolescência, o companheiro lutou pelos estudantes que não comiam e nem podiam se deslocar para ir e vir da escola. Organizou dezenas de grêmios estudantis e junto com seus companheiros de luta travou uma dura batalha pelo direito dos estudantes ao meio passe estudantil.

Esse foi o período mais ou menos nos fim dos 90 e início dos 2000. Léo organizou a Associação Municipal dos Estudantes Secundaristas de Belo Horizonte (AMES-BH) e em seu período como presidente, os estudantes lutaram e conquistaram um dos mais importantes direitos da juventude, o direito de ir à escola e acessar a cidade. 

Enquanto construía a luta dos estudantes por direitos, Léo percebeu que só o passe livre não acabaria com os problemas da juventude pobre. Observando os problemas da realidade a sua volta, passou a se organizar em uma juventude rebelde e combativa, com o objetivo de defender o socialismo como um novo sistema político e econômico, a União da Juventude Rebelião. Em pouco tempo de militância organizou a UJR em Minas Gerais e logo depois passou a construir a juventude a nível nacional.

Nas jornadas de junho de 2013, que iniciou contra o aumento abusivo das tarifas e se desenvolveu questionando também o sistema político vigente até hoje, Léo também teve participação de destaque. Apesar de já ter ingressado no movimento de moradia à época, era conhecido e prestigiado entre os estudantes e no auge do movimento, coordenou assembleias e inclusive a ocupação do parlamento local. Ao final comemoramos a derrubada do aumento das tarifas, que garantiu também o congelamento por anos dos preços das passagens.

A luta pela casa própria e pela reforma urbana

LUTA POR MORADIA – Leonardo Péricles é coordenador nacional do MLB e morador da Ocupação Eliana Silva, em Minas Gerais. (Foto: Reprodução/MLB)

Ainda jovem, morando de favor na casa da mãe na periferia de Contagem, Léo encontrou no movimento de moradia a possibilidade de lutar por sua casa própria e continuar a construção de uma sociedade diferente, lutar pela reforma urbana e pelo socialismo no Movimento de Luta nos Bairros Vilas e Favelas (MLB). Como se diz popularmente, “juntou a fome com a vontade de comer”.

Léo passou a trabalhar pela construção do MLB, movimento nascido no nordeste do país, em Minas Gerais, lutando por moradia digna para o povo trabalhador mais pobre. Em pouco tempo o movimento cresceu, organizou famílias pobres e realizou a ocupação Eliana Silva, ocupação onde mora até hoje. Em seguida veio a ocupação Paulo Freire e um processo de lutas que desencadeou diversas outras ocupações. 

Esse processo de lutas urbanas não foi apenas por moradia, enquanto lutavam por moradia, mais trabalhadoras e trabalhadores tomavam consciência de seu poder e decidiram lutar por seus direitos. 

Destas lutas surgiram inúmeros projetos. Creches foram erguidas sem um centavo do Estado, campanhas de solidariedade foram realizadas (e ainda são) no período do COVID, se configurando como exemplos de que o poder do povo age, enquanto o Estado abandona.

Dessa forma, Léo Péricles foi construindo e sendo construído, adquirindo uma grande experiência na luta de classes e administrando (porque não) os problemas da vida com o povo. Este povo que consegue construir moradias, creches, campanhas de solidariedade contra a fome, praticamente sem recursos e absolutamente sem corrupção.

E todo esse processo se deu na luta. Luta contra o abandono do Estado que atende os interesses dos ricos e joga o povo trabalhador em becos e vielas. Esta luta conquistou inúmeras vitórias, desde a água encanada, saneamento e energia elétrica, sendo uma confirmação de que o povo tem poder e só ele age em seu benefício.

Da luta pelo direito à cidade e por uma reforma urbana, o povo pobre, preto e trabalhador toma o poder em suas mãos e passa a sonhar sonhos maiores, sonhos de liberdade, passa a sonhar em viver um mundo diferente.

E de onde veio Léo?

DEMOCRACIA – O 2º Congresso Nacional da Unidade Popular aprovou por unanimidade o lançamento da pré-candidatura de Leo. (Foto: Manuelle Coelho/A Verdade)

Nestas linhas não há pretensão de fazer uma biografia completa de Léo Péricles. Esboço aqui apenas alguns aspectos políticos da sua trajetória. Considerem apenas um relato de um companheiro de longas datas… Dando continuidade, falaremos um resumo de como entendemos, o como e o porquê, Léo chegou até aqui. 

Léo Péricles é de origem trabalhadora. Filho de mãe e pai pretos e trabalhadores, sempre sentiu na pele a opressão e a exploração contra si e contra os seus companheiros. Já na sua juventude, atuando nas escolas e universidades, começou a adquirir consciência de que fazia parte de uma classe e que essa classe social era a mais excluída das riquezas, dos benefícios, dos direitos e da participação no sistema político.

Junto com dezenas de companheiros e companheiras de movimentos de trabalhadores, feministas, de juventude, de moradia, foi compreendendo que não bastava lutar por suas pautas específicas sem lutar pelo todo. Cada dia ficava mais claro que era necessário lutar pelas riquezas que são produzidas por trabalhadores e apropriadas pelas elites econômicas do país. Que era necessário lutar pela participação política, por espaços de poder e para que de fato o povo seja poder político no nosso país. Léo e seus companheiros e companheiras, chegaram a conclusão de que o atual sistema político só promove os interesses dos ricos e, por consequência, a exploração e opressão do povo negro, trabalhador e periférico.

Com essa compreensão somamos um conjunto de forças para construir o mais novo partido do país. Um partido verdadeiramente socialista, com o objetivo de resgatar as bandeiras da esquerda que foram gradativamente abandonadas pela esquerda até esse momento hegemônica. 

Então vem essa velha esquerda e pergunta: quem é Léo na fila do pão? 

CANDIDATURA POPULAR – “Um pré candidato coletivo de corpo e alma” (Foto: Jorge Ferreira/A Verdade)

Eu respondo: Léo é o novo que surge dos becos e vielas, das favelas, dos pontos de ônibus, dos postos de trabalho miseravelmente assalariados, das filas dos desempregados que não têm o que comer. Dos pobres que não têm dinheiro para comprar um mísero presentinho para seus filhos neste natal. Do povo na fila do osso, dos que não puderam sepultar os seus parentes vítimas da COVID. Do conjunto de todos os explorados e oprimidos, que resolveram dizer NÃO. Não ao fascista neoliberal Bolsonaro e ao neoliberalismo que nos explora e massacra!

Léo representa os que decidiram dizer NÃO em alto e bom som à conciliação com os poderosos e lutar pelo fim das privatizações que entregam nossos recursos para a burguesia estrangeira.

Os que decidiram dizer NÃO à retirada de direitos e fazer a revogação das reformas trabalhista e previdenciária, que significaram o aumento da exploração dos trabalhadores e dos lucros da burguesia.

Dizer NÃO a impunidade dos assassinos da ditadura de 1964 e dos torturadores de ontem e de hoje. Torturadores que são os mesmos que estão no governo genocida e corrupto de Bolsonaro e merecem estar todos na cadeia.

Uma pré-candidatura a serviço do povo pobre e trabalhador

Estes são apenas alguns pontos que a candidatura de Léo e da Unidade Popular pelo Socialismo se compromete a levar a frente, mesmo sendo necessário travar uma monstruosa luta de classes. Léo compreende que junto com o povo tudo é possível. Portanto, queremos com o povo e para o povo tudo, sem o povo nada.

Estamos na fila do pão ao lado do povo, que hoje não tem pão, nos unindo contra os exploradores do povo. Queremos assaltar o poder e dar o pão para quem tem fome e o poder para o nosso povo.

Somos a novidade para os que estão cansados do abandono e querem lutar imediatamente pelos seus interesses presentes e futuros. Somos os que têm pressa, porque estamos com fome e sede. 

A candidatura do camarada Leonardo Péricles Vieira é, com muita honra, um instrumento a serviço desse povo e do seu partido. Um pré candidato coletivo de corpo e alma. É um instrumento na luta contra o fascismo e o neoliberalismo e terá seus comitês de campanha nos porões das casas do povo como comitês de solidariedade e contra o governo fascista.

Para responder resumidamente quem somos na fila do pão, eu afirmo:

Na fila do pão somos os que estão atrás dos muros, ao lado dos trabalhadores sem pão. Porém, vamos derrubar todas essas muralhas, tijolo por tijolo, e tomaremos  cada bocado de pão e carne que produzimos com o suor do nosso rosto e que é roubado pela burguesia.