Redação RN
Fotos: Luísa Medeiros
NATAL – Um dos principais suspeitos de assassinar o jovem Giovanni Gabriel, agora está solto. O sargento da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, Paullinelle Sidney Campos Silva, acusado de envolvimento no assassinato do jovem Giovanni Gabriel de Sousa Gomes, de 18 anos, conseguiu um habeas corpus para aguardar o julgamento em liberdade.
Paullinelle estava preso desde outubro de 2020. Ele e outros três policiais militares, Anderson Adjan Barbosa de Souza, Valdemi Almeida de Andrade e Bertoni Vieira Alves, também lotados em Goianinha, são acusados de homicídio qualificado, sequestro e ocultação de cadáver de Giovanni Gabriel, morto na manhã do dia 5 de junho de 2020, a caminho da casa da namorada.
Apesar de um parecer do Ministério Público do Rio Grande do Norte pedindo a manutenção da prisão, os desembargadores do Tribunal de Justiça decidiram atender ao pedido da defesa do acusado, que alegou, entre outras coisas, que seu cliente não oferecia risco à sociedade.
A decisão colegiada dos desembargadores do TJRN contraria a decisão do juiz de 1ª grau, que havia decidido que os policiais deveriam aguardar o julgamento na prisão porque são acusados de um crime muito violento e com tentativa de destruição de provas, além de outros elementos que constam no processo.
O julgamento do caso Gabriel já foi adiado três vezes desde que o primeiro juiz da Comarca de Parnamirim determinou que o julgamento do caso deveria ir ao Tribunal do Júri, ou seja, a júri popular. A concessão do habeas corpus pode abrir precedente para que os outros policiais presos também utilizem o mesmo argumento para aguardar o julgamento em liberdade. Mas, o Ministério Público ainda pode recorrer da decisão.
O que vemos é a repetição de um protocolo para a impunidade. Agentes do Estado cometem crimes bárbaros e covardes contra pessoas pobres, em sua maioria negras, e, quando são pegos, contam com a demora em seus julgamentos, habeas corpus, etc., para que tudo “esfrie” e a “poeira abaixe”. O que está em curso no Brasil é uma guerra contra os pobres e quem a promove é o Estado por meio do seu braço armado.
Giovanni Gabriel foi assassinado porque era pobre e negro. Um jovem que teve a vida interrompida por bandidos de farda que sequestram, torturam e matam acreditando que jamais serão punidos. É preciso pôr fim a esse Estado assassino e construir uma verdadeira democracia popular, em que o povo exerça o poder, para que, assim, as pessoas possam viver em paz, sem medo de serem mortas pelo simples fato de morar em uma periferia.
Entretanto, é necessário manter a luta pela punição desse crime, para que justiça seja feita e possamos organizar a luta pelo fim dessa violência em nosso país. As vítimas desses crimes tinham uma vida, uma história, um nome e todos precisam saber.
Por isso, exigimos que o suspeito aguarde em regime de reclusão e que haja celeridade para o júri popular. Não aceitaremos mais mortes e ameaças contra nossas comunidades!
Racismo mata! Justiça por Gabriel!
Pelo fim da violência contra a juventude negra!