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quinta-feira, 18 de abril de 2024

Eleições marcam avanço do fascismo na Hungria

FASCISTA. Orbán aumentou a dependência econômica da Hungria ao imperialismo europeu (Foto: Getty)

Em 12 anos de governo, Orbán perseguiu comunistas, sindicalistas e demais opositores, controlou imprensa e universidades, discriminou imigrantes africanos e asiáticos e criou leis para reprimir a população LGBT.

Felipe Annunziata | Redação Rio


INTERNACIONAL – No último domingo (3), aconteceram eleições gerais na Hungria. O país do leste europeu deu mais de dois terços do parlamento ao partido do primeiro-ministro fascista Viktor Orbán, que terá agora seu quarto mandato seguido. Com 135 das 199 cadeiras do parlamento, o partido de extrema-direita Fidesz manteve a maioria para seguir alterando a Constituição do país. 

Em 12 anos de governo, Orbán perseguiu comunistas, sindicalistas e demais opositores, controlou imprensa e universidades, discriminou imigrantes africanos e asiáticos e criou leis para reprimir a população LGBT.

A Hungria, até 1989, fez parte do antigo bloco socialista liderado pela URSS. 

Fascismo na Hungria

Viktor Orbán foi eleito em 2010, após derrotar o então governo social-democrata com um discurso anti-sistema. A Europa, naquela época, ainda lutava contra as consequências da crise econômica mundial de 2008, que afetou profundamente as economias menores da União Europeia. 

As políticas de austeridade e a submissão da social-democracia húngara aos ditames do Banco Central Europeu levaram o povo da Hungria a votar no partido de extrema-direita e anti-UE. A propaganda anticomunista reinante nas décadas anteriores no país também impôs sérias dificuldades às organizações revolucionárias ou progressistas no país. 

Com larga maioria parlamentar, o primeiro-ministro fascista fez de tudo para impor sua agenda. Sempre alinhado aos interesses da burguesia húngara, Orbán aumentou a dependência econômica de seu país ao imperialismo europeu. 

O discurso do partido Fidesz de construir uma Hungria soberana só existe para perseguir imigrantes não-europeus, mulheres e a população LGBT. Enquanto mantém a estrutura econômica atrelada ao capital financeiro, o Estado húngaro persegue o próprio povo.

Os fascistas Bolsonaro e Orbán (Foto: Getty)

Fracasso da “Frente Ampla”

A oposição a Viktor Orbán seguiu a cantilena liberal da “frente ampla”. Unindo desde social-democratas até um partido de extrema-direita, o Jobbik, foi montada uma única coalizão que lançou como candidato o conservador Peter Mark-Zay. 

O caráter fluido e conciliador da frente, aliado a um sistema eleitoral autoritário implantado por Orbán, garantiu a derrota deste setor. Nem na própria cidade de Mark-Zay, Hódmezővásárhely, a oposição conseguiu uma vitória. 

Mais uma vez, a escolha de ir para a direita e não responder aos anseios da classe trabalhadora levou a um fracasso eleitoral da social-democracia na Hungria. A opção dos social-democratas de cederem espaço aos conservadores na coalizão mostra como a política de “frente ampla” com a burguesia está fadada ao fracasso.

O comunista húngaro Béla Kun: milhares de húngaros lutaram nas fileiras do Exército Vermelho e desempenharam importante papel no estabelecimento do poder soviético (Foto: Arquivo)

A luta contra o fascismo na Hungria

Não é a primeira vez que a Hungria vive sob um governo fascista. De fato, o país vive há mais de um século no enfrentamento aos setores reacionários da elite nacional.

Após a Revolução Russa de 1917, os revolucionários e trabalhadores húngaros tomaram o poder em Budapeste, em 1919, criando a República Soviética Húngara. Por 4 meses, um governo revolucionário existiu no país até sua queda por um golpe liderado por forças reacionárias e monarquistas. 

De 1920 até 1944, a Hungria viveu sob uma ditadura fascista liderada por Miklós Horthy. No seu governo, Horthy se aliou a Hitler e Mussolini na invasão à URSS, apoiando inclusive a política do Holocausto. 

O horror no país só acabou com sua libertação pelo Exército Vermelho, com apoio dos revolucionários e da população húngara. Após a vitória dos antifascistas, o país viveu dentro do bloco socialista e capitulou junto com ele após as sucessivas aproximações do revisionismo soviético com o capitalismo. 

Mesmo assim, nesse período, o país viveu em prosperidade. Todas as pessoas tinham acesso à moradia, emprego, comida, saúde e educação pública. A Hungria era uma potência em vários esportes e atingiu nessa época alto grau de desenvolvimento humano.

No entanto, o governo, que após 1956 ficou sob controle dos revisionistas, falhou em enfrentar os setores reacionários da sociedade liderados pela Igreja e a burguesia local. Isso tudo levou à derrota do socialismo naquele país, em 1989. 

Hoje, novamente os húngaros se veem diante da ameaça fascista e, da mesma forma que outros países do antigo bloco socialista, os revolucionários têm o desafio de reorganizar suas forças para enfrentar o governo e os setores que apoiam a conciliação naquele país e construir uma alternativa revolucionária para a classe trabalhadora húngara.

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