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sábado, 27 de abril de 2024

Olha o gás!

Ação nacional dos petroleiros vende gás a R$ 73

Lenilda Luna | Maceió

Janete dos Santos soube da venda de botijão de gás ao preço de R$ 73 pelo telejornal do dia anterior. Ela chegou ao local da revenda, nesta quinta-feira (14), às 4h da madrugada, acompanhada de um rapaz da comunidade onde mora. Quando as pessoas na fila começaram a ser chamadas, ela exibiu orgulhosa a ficha de número um. “Minha filha, tem três meses que eu não consigo comprar um botijão. Onde eu moro está sendo vendido a R$ 120 e eu não tenho condições de pagar esse preço”, contou ela.

A fila enorme, mas organizada, ocupou a calçada ao lado do terminal de ônibus do Benedito Bentes, um dos bairros mais populosos da periferia de Maceió, que tem vários condomínios e ocupações populares no entorno, com uma população de 88 mil habitantes. “Chegamos aqui por volta de 7h e ficamos impressionados. A própria comunidade distribuiu fichas para garantir que as pessoas fossem atendidas por ordem de chegada. O povo sabe se organizar”, disse Luciano Alves, diretor do Sindpetro AL/SE.

A ação nacional dos Sindicatos de Petroleiros propôs vender nas periferias o botijão de gás no valor que deveria ser praticado se não fosse aplicado o Preço de Paridade de Importação (PPI), mantido pelo governo Bolsonaro para garantir os lucros dos distribuidores, revendedores e da estatal. “A Petrobras é uma empresa estatal e deveria praticar um preço justo. Infelizmente, o preço do gás está sendo dolarizado desde 2016, no governo de Temer e a dolarização foi aprofundada no governo de Bolsonaro”, protestou Luciano.

O dirigente sindical enfatiza que o gás, a gasolina e o diesel, que são combustíveis essenciais para as cidades, têm preços calculados de acordo com a variação do dólar e do preço internacional do barril de petróleo. “A Petrobras, por ser uma empresa nacional, com toda a sua tecnologia desenvolvida no Brasil, poderia cobrar o preço em real, já que o custo de produção, majoritariamente, é em real. Essa é a pergunta que viemos fazer à população hoje: por que é o povo que tem de pagar essa conta?”`, ressaltou Luciano.

E essa foi uma parte importante da ação. Não apenas vender o gás, mas dialogar com os trabalhadores e trabalhadoras de baixa renda, sobre a política de preços dos governos neoliberais, beneficiando os ricos e aprofundando a miséria e a fome nas periferias. Com carro de som e distribuição de panfletos, esse era o debate travado enquanto botijões de gás vazios eram entregues no caminhão, além do valor em dinheiro, para receber em troca os botijões cheios.

José Antonio dos Santos entendeu o recado. “Moça, foi ótimo encontrar o gás a esse preço. Eu vi que era o pessoal do sindicato. Cheguei aqui às 6h30 para garantir que hoje vou conseguir levar um botijão de gás para casa. Uma alegria para a gente que não tem como pagar de R$ 115 a R$ 120, como estamos encontrando por aqui. Se o preço pode ser esse e o governo não manda vender assim, é porque não está preocupado com o povo pobre”, criticou o aposentado, carregando o botijão na bicicleta.

 

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