O Museu que completaria 10 anos desde sua fundação, e funcionava como um Centro de Cultura, Memória e Estudos da Diversidade Sexual do Estado de São Paulo, foi fechado por tempo indeterminado graças a uma denúncia realizada pelo deputado bolsonarista Gil Diniz (PL), que questiona a destinação de verbas para o museu, dizendo que é um “desperdício frívolo de dinheiro público”.
Priscila Carvalho e Julia Poletto
SÃO PAULO – Nesta última semana, o Museu da Diversidade Sexual, prestes a inaugurar a exposição Duo Drag, foi fechado por tempo indeterminado graças a uma denúncia realizada pelo deputado bolsonarista Gil Diniz (PL), que questiona a destinação de verbas para o museu, dizendo que é um “desperdício frívolo de dinheiro público” e coloca em dúvida a capacidade administrativa da atual gestão realizada pelo Instituto Odeon, assumida no começo desse ano.
Nesse mês o Museu completaria 10 anos desde sua fundação, decretada em maio de 2012, como um Centro de Cultura, Memória e Estudos da Diversidade Sexual do Estado de São Paulo e é a primeira instituição com este caráter na América Latina. Desde então o museu contou com diversas atividades e exposições, sendo a última delas a exposição Orgulho e Resistências: LGBT na Ditadura, fazendo o resgate da luta LGBT durante a ditadura e relembrando imprensas alternativas como “O Lampião da Esquina” e “Chana com Chana”, publicações que foram essenciais para a discussão dos direitos das pessoas LGBTQIA+ em uma época de grande repressão.
Hoje, a cidade de São Paulo conta com 110 museus, sendo a maioria deles localizados nos grandes centros urbanos, o que já dificulta o acesso de moradores das periferias à cultura e lazer. O fechamento desse museu não só nos faz perder mais um centro cultural, mas também contribui para o apagamento da história de resistência e luta da população LGBTQIA+, que inclusive é desconhecida por muitos membros da comunidade. No último sábado de abril, 30, foi realizada uma manifestação em defesa do Museu, contando com a participação de dezenas de pessoas que exigiam sua reabertura.
O ataque ao museu ter partido de um deputado bolsonarista não é por acaso. Bolsonaro, assim como diversos membros da direita do nosso país, declarou inúmeras vezes que a comunidade LGBTQIA+ e a “ideologia de gênero” são as grandes responsáveis pela destruição da família tradicional brasileira. Ora, hoje as famílias brasileiras estão sim sendo destruídas, mas pela falta de políticas públicas, pela fome e pelas práticas do governo fascista de Bolsonaro e do capitalismo. Essa medida é claramente uma tentativa de censura e perseguição que se comprova pelo tweet realizado pelo deputado conhecido nas redes como o “carteiro reaça”: “O carteiro, Gil Diniz, fechou o museu LGBT!”.
Precisamos lutar pela vida das pessoas LGBTQIA+, pela preservação da sua memória e cultura, e que membros da comunidade também organizem sua revolta contra esse sistema de opressão. A luta organizada contra o capitalismo, que em seu auge de contradições se utiliza do fascismo como ferramenta máxima de violência e repressão, deve ser nossa prioridade para enfim vivermos dignamente.