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sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

4700 trabalhadores da PROGUARU lutam por seus empregos

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Trabalhadores da empresa Proguaru, se manifestaram contra a extinção da empresa e a entrega dos serviços prestados para empresas privadas.

Matheus Martos – militante da UP e Lucas Guerra – militante da UP e ex-trabalhador da PROGUARU


GUARULHOS – Dignidade, ao pesquisar esta palavra em dicionários encontraremos seu significado relacionado à maneira de se comportar que incita respeito, que tem consciência de sua importância.

E esta é a palavra que pode definir a luta dos quase 5 mil funcionários da PROGUARU – empresa responsável por serviços de manutenção, limpeza e infraestrutura da cidade de Guarulhos – que desde dezembro de 2020 lutaram para manter a empresa aberta e cumprindo seu papel fundamental na cidade, papel este que consiste em zelar pelos espaços públicos, sejam as escolas, hospitais, unidades básicas de saúde, teatros, CEUs (Centros de Educação Unificada), parques e ruas.

A extinção da PROGUARU

Durante todo o ano de 2021 a cidade conheceu e presenciou a luta e a forma corajosa como os trabalhadores reivindicaram seus direitos posicionando-se de maneira firme defendendo a realização do referendo popular no qual permitiria aos munícipes votar pela continuação ou não dos trabalhos da empresa.

Entretanto, de maneira indigna, o atual prefeito Gustavo Henric Costa, o Guti (PSD), que faz um governo elitista desde seu primeiro mandato e tem como prioridade beneficiar os grandes empresários com seus projetos de terceirização dos serviços públicos, além de tratar os funcionários de forma cruel usando e abusando de recursos públicos com o objetivo de extinguir a empresa e demitir 5 mil pais e mães de família, contribuindo ainda mais com o grande índice de desemprego em um país que possui atualmente 12 milhões de trabalhadores e trabalhadoras desempregados (as).

Morte na fila de demissão

É importante esclarecer que em nenhum momento durante todo este processo de extinção da PROGUARU houve respeito pelos funcionários, as demissões foram publicadas pelo governo no Diário Oficial, que convocou centenas de agentes de portaria a comparecerem no CEU Continental no dia 10 de dezembro para assinar sua demissão, medida esta que vitimou José Benedito Pinto, 70 anos, que faleceu enquanto aguardava na fila.

O senhor José trabalhou por mais de 20 anos na empresa e não resistiu ao estresse de ficar desempregado na sua idade, pois além do alto nível de desemprego (11,1%) do país, da pandemia de coronavírus e seus agravantes também é de conhecimento geral a dificuldade que pessoas mais velhas enfrentam no mercado de trabalho.

TODOS PROGUARU – Categoria defende realização de um referendo para que a população opine e decida sobre a privatização (Foto: reprodução/A Realidade em Fotografia).

Precarização e privatização

Além disso, segundo a prefeitura da cidade, os serviços de manutenção e limpeza realizados pela PROGUARU seriam progressivamente substituídos por empresas privadas, por meio de licitações, o que serve para precarizar ainda mais as condições de trabalho deste setor da sociedade que já sofre com baixas remunerações e jornadas de trabalho cansativas.

Quatro meses após a demissão em massa dos trabalhadores da PROGUARU, os moradores da cidade de Guarulhos sentem diariamente o impacto que esta decisão arbitrária causa nos espaços públicos da cidade. Praças, ruas e parques que recebiam os serviços de limpeza e manutenção se encontram hoje em péssimas condições de uso, cheias de lixo e precisando de reparo, situação que contradiz a nota técnica da prefeitura que afirma que empresas terceirizadas realizariam esses serviços por meio de licitações que, há quatro meses, estavam sendo finalizadas e algumas já estavam em vigor.

Este cenário descrito agrava a situação da vida do guarulhense, que por encontrar-se em uma cidade dormitório de São Paulo sempre sofreu com políticas públicas débeis no que se refere a espaços de lazer e garantia de serviços públicos de qualidade, como o reparo e manutenção do patrimônio da cidade.

Para além disso, Guti não pára por aí e segue com seus ataques aos trabalhadores, segue endividando o município com seus empréstimos escandalosos, gastos inexplicáveis com ovos de páscoa, enquanto nega reajuste aos servidores públicos municipais, que inclusive tiveram direito de greve negado pela justiça burguesa.

MANIFESTAÇÃO – Milhares de famílias podem ficar sem renda com a extinção da empresa (Foto: reprodução/A Realidade em Fotografia).

Aos guarulhenses, resta a luta

Para os trabalhadores que  constroem esta cidade cabe lembrar a importância do combate e enfrentamento dessas injustiças, que os ataques não param enquanto não fizermos parar e que além de fazer parar é preciso conquistar nossos direitos, construir uma cidade, um estado e um país cada vez melhor para o povo.

Em meio a uma pandemia em que a taxa de mortalidade em Guarulhos é mais alta do que a média do Brasil, centenas de trabalhadores ousaram tomar as ruas em frente à prefeitura, travar vias importantes da cidade, construir uma greve porque não tem mais nada a perder, escolhendo a luta ao invés do desespero de esperar pelas promessas da social-democracia que governa a cidade.

Que a luta dos servidores públicos do município, em especial os trabalhadores e trabalhadoras da PROGUARU sirva de exemplo e motivação para todos nós até a vitória.

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