Considerado um rebelde pelos militares, Dom Paulo acumulou 46 fichas no DOPS. Os documentos o acusavam de ‘’praticar atividades comunistas’’, afirmavam isso pelo fato dele tomar partido a favor dos direitos humanos, lutando firmemente pela derrota da ditadura e direitos dos presos políticos.
Coordenação MLB – SP
SÃO PAULO – Em tempos tão difíceis como o que nós temos enfrentado, é sempre fundamental relembrar os grandes exemplos de luta e rebeldia do nosso povo. Hoje, vamos relembrar a memória e luta de Dom Paulo Evaristo Arns, um grande líder social e religioso.
Nascido em 1921, em Forquilhinha (SC), Dom Paulo foi um árduo defensor dos direitos humanos no Brasil, à frente da resistência popular contra a ditadura militar, atuou especialmente na denúncia das torturas promovidas por este regime a partir de 1964. Arns assumiu um papel de vanguarda na luta pela defesa dos direitos humanos, sua atuação pastoral foi voltada para as periferias, sempre ao lado do povo trabalhador.
Em parceria com o pastor Jaime Wright, coordenou de forma clandestina o projeto Brasil: Nunca mais, que teve o importante papel de denunciar a gravidade das violações promovidas pela repressão política durante esse período. Outra grande contribuição do Arcebispo foi a criação da Comissão Justiça e Paz de São Paulo, fundamental na proteção de perseguidos políticos e seus familiares. Além disso, prestou apoio jurídico e registrou os casos de violação, assumindo inúmeras ações de denúncia. A Comissão se tornou referência e continua ativa com o objetivo de dar visibilidade e acolhimento a graves violações da integridade física, da liberdade e da dignidade humana, especialmente as cometidas por agentes do estado contra pessoas e populações discriminadas.
Considerado um rebelde pelos militares, Dom Paulo acumulou 46 fichas no DOPS. Os documentos o acusavam de ‘’praticar atividades comunistas’’, afirmavam isso pelo fato dele tomar partido a favor dos direitos humanos, lutando firmemente pela derrota da ditadura e direitos dos presos políticos.
Dom Paulo costumava dizer que “as pessoas têm que ter liberdade para lutar pelo que acreditam” e seguindo essa ideia defendeu os trabalhadores, pobres, comunistas e perseguidos pela ditadura militar. Por isso, seu exemplo segue vivo na luta do povo pobre, como a maioria dos desempregados, das mulheres, mães, trabalhadores pretos e ambulantes, que sofrem diariamente com o aumento da violência, o descaso do Estado e o avanço do fascismo que tenta implementar um novo golpe no nosso pais. Assim como as trabalhadoras e trabalhadores de hoje, o Arcebispo passou a vida erguendo a bandeira da liberdade, lutando por uma sociedade que fosse de fato justa, sem opressões e que trouxesse melhores condições de vida para a maioria dos brasileiros.
Pelo direito a memória, verdade e justiça.
Dom Paulo Evartisto Arns vive.