Charles Wallace dos Reis Aguiar deu entrada na delegacia da Polícia Militar de Ouro Preto sob a queixa de desacato no dia 20 de agosto. O jovem de 23 anos faleceu cerca de 1h após a prisão. O caso foi divulgado pela polícia como suicídio, mas familiares e amigos contestam a hipótese.
Layane Rodrigues – estudante
OURO PRETO (MG) – Charles foi levado à delegacia após a PM ter sido acionada por conta de uma briga entre o jovem e o namorado. Após, Charles já foi encaminhado à delegacia por desacato contra um dos policiais, sendo encontrado sem vida momentos depois.
Charles Wallace, jovem negro, estudante do curso de História na UFOP, era conhecido por atuar em movimentos sociais e possuía em um dos braços uma foice e um martelo tatuados.
No rosto de Wallace também foram encontrados sinais de agressões, conforme uma fonte afirmou em entrevista:
“O Charles tinha uma tatuagem do símbolo do comunismo no braço, somado ao fato dele ser negro, gay e estar brigando com o namorado, faz com que qualquer coisa que ele tenha falado à polícia já dê o aval de um tratamento mais bruto. Ele estava todo machucado no rosto, então eu acho que ele apanhou. Ele deve ter apanhado bastante.”
Os sinais de agressão contribuem, ainda mais, com o cenário de que a morte de Charles pode ter sido mais um caso de violência e abuso policial, deve haver pressão para a investigação das circunstâncias que levaram ao falecimento do jovem e cabe ainda punição caso tenha ocorrido autoextermínio dentro da delegacia, sucedido pela irresponsabilidade e negligência por parte das autoridades do Estado.
Na conjuntura que estamos enfrentando, o fascismo escancarado com agressões por motivações políticas cada vez mais comuns, se preserva o direito e o dever dos familiares e amigos de exigirem um esclarecimento por meio de uma investigação.
Em todo caso, é de uma barbaridade inimaginável que um jovem tenha falecido dentro de uma cela sob a custódia do Estado. Isso reflete em como as autoridades policiais, dado ainda ao momento político que vivemos, encontraram-se confortáveis para admitir cenas como essa todos os dias. Que busquemos, mais uma vez, esclarecimentos e justiça.