Falta atendimento especializado à mulher em Boituva

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A falta de informação sobre atendimento especializado à mulher em Boituva é mais um reflexo da forma como a vida da mulher é tratada no município e nós devemos dar uma resposta a altura: nos organizamos e denunciamos essas contradições.

Taissa Santos | militante do Movimento de Mulheres Olga Benario


BOITUVA – A cidade de Boituva fica localizada no estado de São Paulo e, apesar de ser uma cidade do interior conhecida pelo turismo paraquedista, tem tido um aumento exponencial do custo de vida. Porém apesar disso existe uma grande lacuna com relação a dados estáticos como no caso de dados em relação a violência contra a mulher, sendo que nem o CRAS ou o CREAS souberam informar onde podemos consegui-los.

No ano de 2021, o Movimento de mulheres Olga Benario lançou a 3ª edição da sua cartilha com um compilado de textos que apoiam a formação das militantes do movimento e servem de base para as discussões sobre as especificidades da mulher no sistema capitalista.

A cartilha apresenta pesquisas que apontam que uma mulher morre a cada uma hora e meia no Brasil e que 70% das mulheres sofrerão violência ao longo da vida.  Esses dados evidenciam o quão insuficientes o Estado tem sido no enfrentamento à violência contra a mulher.

Mas apesar de todos esses dados sobre violência no Brasil, não há no município de Boituva uma rede de atendimento especializado para mulheres em situação em violência e, de um modo geral, existe uma carência com relação a políticas públicas para as mulheres.

A seguir listamos o que conseguimos encontrar de serviços que a mulher pode procurar em caso de situação de violência na cidade: CRAS (Centro de Referência de Assistência Social ); CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social); duas viaturas responsáveis pelo patrulhamento da Lei Maria da Penha que ficam nas dependências da GCM; e o Centro de Referência à Saúde da Mulher que realiza exames de mamografia e Papanicolau, mas também dão encaminhamento para casos de violência contra a mulher – porém, na prática, o posto não funciona como deveria uma vez que foi removido do seu local de atuação e o prédio se tornou o espaço de funcionamento da UBS do bairro.

As UBS e hospitais são portas de entradas para a denúncia de violência contra a mulher. Apesar disso, o único centro de referência à saúde da mulher no município segue hoje descaracterizado.

Esse é um reflexo do que o sistema capitalista tem a oferecer às mulheres trabalhadoras: a insegurança de não saber se o amanhã será de respeito aos nossos direitos ou de uma cassação deles. É mais que urgente lutar por uma nova sociedade em que seremos respeitadas e viveremos com dignidade. Não temos mais condições de todos os dias temer morrer de fome, de violência doméstica ou sexual ou pela negligência do estado.

Essa situação pode provocar o sentimento de que somos impotentes, mas precisamos ter consciência que não somos! Devemos nos inspirar na história de luta de outras mulheres e nos organizamos, pois não haverá outros heróis e heroínas que não nós mesmos. A construção de uma sociedade socialista em que os trabalhadores decidirão o andar da carruagem é urgente.

O reflexo do governo fascista para as mulheres é a insegurança de se viver no Brasil, o sucateamento de serviços para a mulher, descumprimento de leis, enfim, um retrocesso cada vez maior nas condições que amparam a mulher.

Isso é refletido também no nosso município com uma gestão que não investe na segurança e saúde da mulher, ou seja, na qualidade de vida daquelas que são maioria da população, daquelas que ajudam a construir a cidade.

A falta de políticas públicas para que as mulheres possam viver com dignidade demonstra a necessidade de organização das mulheres na cidade para adentrar os aparelhos estatais e torna-los nossos.