Bolsonaro quer acabar com a correção do salário mínimo e das aposentadorias pela inflação

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Plano da equipe econômica de Bolsonaro, comandada por Paulo Guedes, é desvincular reajuste do salário mínimo e de benefícios do INSS da inflação. Perdas na renda dos trabalhadores decorrentes da elevação do custo de vida não serão mais repostas.

Heron Barroso | Redação Rio


BRASIL – Denúncia publicada hoje (20) pelo jornal Folha de S. Paulo revelou que a proposta do ministro da Economia Paulo Guedes é, a partir do ano que vem, caso Bolsonaro seja reeleito, acabar com a correção do salário mínimo e das aposentadorias pela inflação.

Atualmente, o reajuste no valor do salário mínimo e das aposentadorias é feito pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) do ano anterior, garantindo, pelo menos, a reposição da inflação.

Guedes quer estabelecer uma nova regra, que considerará a “expectativa de inflação”, corrigindo os benefícios pela meta de inflação estipulada pelo Ministério da Economia, que muitas vezes fica abaixo da inflação efetivamente registrada.

Segundo a FSP, a intenção do governo “é reformular o teto de gastos e ‘quebrar o piso’, ou seja, frear o crescimento de despesas que hoje pressionam o orçamento – entre elas os benefícios previdenciários ou atrelados ao salário mínimo”.

Na verdade, o principal objetivo da proposta é liberar mais recursos público do Orçamento Geral da União para o pagamento de juros da dívida pública e para o chamado “orçamento secreto”, esquema bilionário de corrupção montado por Bolsonaro para comprar apoio do Centrão no Congresso Nacional.

Dito de outra forma, Bolsonaro e Paulo Guedes querem diminuir o rombo nas contas públicas com mais arrocho salarial em cima dos trabalhadores e aposentados. Hoje, o salário mínimo está no pior patamar em 15 anos: apenas R$ 1.212. É o menor poder de comprar desde 2007, de acordo com o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

Quatro anos sem reajuste

Enquanto a família do presidente e os generais que mandam em seu governo compram mansões e enriquecem às custas dos esquemas de rachadinhas, superfaturamento na compra de vacinas, corrupção nos ministérios e dinheiro público usado para comprar leite condensado e Viagra, a população sofre com a inflação fora de controle e um arrocho salarial que há muito não se via no Brasil.

Desde que Bolsonaro chegou à Presidência, o salário mínimo não é reajustado acima da inflação, prejudicando milhões de trabalhadores e aposentados, especialmente os mais pobres. O ex-capitão será o primeiro presidente da República a terminar o mandato com um salário mínimo com menor poder de compra do que quando iniciou o governo, desde o Plano Real, em 1994. Nesses 28 anos, nem mesmo FHC ou Michel Temer entregaram um salário mínimo mais desvalorizado que o falso Messias.

Ao todo, a perda será de pelo menos 1,7%. Ou seja, descontada a inflação, o piso cairá de R$ 1.213,84 para R$ 1.193,37, entre dezembro de 2018 e dezembro de 2022. Isso se a inflação não continuar subindo ainda mais, como apontam as previsões. Nesse caso, as perdas serão ainda maiores.

Salário de fome

O salário mínimo é um direito previsto na Constituição, mas nenhum governo jamais estabeleceu um valor digno para os trabalhadores, pois a prioridade para eles são os lucros da burguesia e dos banqueiros.

Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o valor ideal do mínimo nacional deveria ser de R$ 6.388,55 (em julho). É mais que cinco vezes o valor atual, de R$ 1.212,00. Esse seria o mínimo necessário para sustentar com dignidade uma família de quatro pessoas, considerando gastos com moradia, transporte, alimentação, saúde, educação, vestuário, higiene, lazer e previdência. Porém, o Governo Bolsonaro nega essa dignidade à maioria dos trabalhadores brasileiros, apesar de serem eles quem realmente constroem toda a riqueza do país.