Lula assina despacho revertendo processo de privatização de oito estatais. EBC, Petrobras e Correios estão na lista. Defesa do patrimônio público foi uma das principais promessas de campanha do novo presidente.
Felipe Annunziata | Redação Rio
BRASIL – Em uma das primeiras medidas tomadas após sua posse, em Brasília, o presidente Lula ordenou a suspensão da privatização de oito estatais, iniciada no governo Bolsonaro. O despacho foi assinado no Palácio do Planalto, ontem (1), e determina a saída das empresas do Programa Nacional de Desestatização e do Programa de Parceria e Investimentos da Presidência.
Na lista de empresas que não serão entregues estão a EBC (Empresa Brasileira de Comunicação), a Petrobras, PSSA (responsável pela exploração do pré-sal), Correios, Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev), Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A. (Nuclep), Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), além dos armazéns e imóveis de domínio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Todas as empresas cumprem funções estratégicas para a economia nacional. O Dataprev e o Serpro, por exemplo, são responsáveis por organizar e produzir dados do governo; a Conab é a empresa pública que tem capacidade de garantir controle da inflação dos alimentos, sem falar nas demais empresas que são mais conhecidas da população.
Com essa medida, o novo presidente do Brasil começa a cumprir uma das principais promessas feitas na campanha e depois das eleições: acabar com as privatizações no Brasil.
Também é necessário reverter diversas medidas tomadas nos últimos anos que precarizaram o trabalho dos servidores dessas estatais, além de dar protagonismo ampliando o investimento nelas.
Outro processo importante, no caso da Petrobras, é acabar com a influência do capital estrangeiro e privado na empresa. Hoje a companhia tem ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo e Nova Iorque e vive diariamente sob assédio especulativo de banqueiros e bilionários.
Embora Lula não tenha prometido mudar nada disso, essa é uma necessidade para manter essas empresas estratégicas atendendo a demandas do povo brasileiro.
Sem dúvidas, a luta pela retomada das empresas privatizadas nas últimas décadas será uma das questões centrais da conjuntura no próximo período, exigindo dos sindicatos, dos movimentos populares e da sociedade como um todo permanente mobilização e pressão.