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quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Operações da PM na Baixada Santista colocam em risco a vida de moradores

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Com a posse do atual governador do estado de São Paulo está ocorrendo o aumento de operações violentas por parte da Polícia Militar, que é responsabilidade estadual.

Yasmin Thomaz | militante da UP


SANTOS – Em janeiro, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que é seu objetivo intensificar as políticas de segurança do estado, pois só assim, segundo ele, “avançaremos no combate ao crime”. Isso foi dito durante o evento de contratação ocorrido já nos primeiros dias do ano, onde 900 soldados foram empregados para reforçar a corporação.

Além disso, vale lembrar que Tarcísio é ex-ministro de infraestrutura de Bolsonaro e nascido no Rio de Janeiro, estado que reelegeu Cláudio Castro (PL) autor de 3 das 5 maiores chacinas do estado, sendo conhecido por incentivar ações truculentas da polícia em território civil.

Essa relação fortalece a expectativa de que São Paulo seja influenciado pelo modelo letal de segurança utilizado no Rio. Modelo ineficaz que, a partir do relatório de Segurança Pública de 2021, é o que mais mata e o que mais morre, e também se vê cada vez mais longe de solucionar o problema do tráfico de drogas.

Município de São Paulo passa a sofrer violência policial

E a hipótese do aumento da truculência policial já se verifica a partir de operações cada vez mais rigorosas se tornando rotina para os moradores de São Paulo. Um caso particular é o da Vila dos Pescadores em Cubatão (Baixada Santista): em 3 operações ocorridas em fevereiro, nos dias 14, 22 e 23, a Polícia já acumula o número de 4 moradores assassinados, 1 baleado e outro ferido por estilhaços das janelas atingidas pelos tiros.

Foi essa a situação de repressão denunciada pela população do bairro, no dia 23 de fevereiro, que se manifestou interrompendo a circulação da rodovia Anchieta com destino à capital, por volta de 16h30, próximo ao horário de pico, a rodovia somente foi liberada 1h depois.

A população denuncia que as operações estão acontecendo ao meio dia, horário de almoço, em que ocorre grande circulação de moradores, inclusive de crianças indo ou voltando da escola, o que provoca o medo da população e a sensação de desrespeito com as suas vidas. Ao todo foram 4 moradores assassinados e pelo menos 2 moradores feridos.

Estes feridos eram idosos e não tinham qualquer relação com o tráfico de drogas. Um deles, foi uma senhora que estava dentro de casa, e foi surpreendida pela bala vinda da janela enquanto almoçava.

Combate ao crime ou combate ao pobre?

Além da dificuldade em localizar alvos devido à grande circulação de moradores neste horário das operações, vídeos relatam que uma das operações teve início com os policiais atirando na favela de cima de um viaduto, despreocupados com os demais moradores. Isso também demonstra o objetivo claro de execução dos alvos por parte dos policiais, observado com a autópsia do último morador assassinado no bairro, um jovem que foi encontrado com mais de 5 perfurações nas costas.

Dessa forma, pode-se observar que o fascista governador Tarcísio e sua polícia militar não estão medindo esforços para consolidar o estado de São Paulo como mais uma zona de guerra aberta no nosso país.

Tais medidas não tem efeito nenhum no combate ao crime, mas busca fortalecer o autoritarismo e a repressão anistiada – herança da ditadura militar no Brasil – isso coincide com uma das também grandes promessas de Tarcísio é remover as câmeras dos uniformes da polícia, projeto que reduziu em 53% os homicídios cometidos pela polícia e impediu ao menos 108 mortes, é o que aponta levantamento da FGV, estudo realizado entre julho de 2021 à julho de 2022.

A manifestação da população tinha por objetivo chamar a atenção da imprensa em relação à violência sofrida nos últimos dias. O protesto foi formado em maioria por mulheres, que se posicionaram dizendo que caso as operações truculentas persistirem, a população voltará a interromper a rodovia e se manifestar pedindo por uma “favela de paz”, comentário que presenciei durante o acordo da população com os policiais para a dispersão do protesto.

E para além do protesto físico, a população também deveria pedir pela responsabilização da organização policial com relação aos homicídios e ferimentos causados para que esse cenário tenha uma solução e não volte mais a ocorrer.

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