Claudia Jones foi uma mulher negra dirigente do Partido Comunista dos Estados Unidos (PCUS) que, em 1949, escreveu um texto discutindo no seio do partido as especificidades e como conduzir a luta com as mulheres negras. O jornal A Verdade publicou uma matéria sobre a sua vida e luta que você pode conferir aqui.
Tradução feita por Beatriz Behling* | São Paulo
TEORIA MARXISTA – O país estava passando por lutas de enfrentamento para colocar fim às leis Jim-Crow (que decretavam a separação dos espaços públicos e privados entre brancos e negros). Essas leis surgiram no século anterior e permitiram que por muito tempo organizações supremacistas brancas (como a Ku Klux Klan) perseguissem, torturassem e matassem a população negra sem nenhum tipo de punição.
A forma de atuação dessas organizações mudou conforme elas foram ocupando os cargos do estado, intensificando então a perseguição à população negra de forma judicializada.
Claudia fala da importância da defesa dos jovens negros da violência policial como parte da construção de um partido com mais mães negras. Como exemplo, cita o caso Trenton Six. Nele, seis jovens foram coagidos pela polícia a assinarem a confissão pelo assassinato de um lojista branco idoso em janeiro em Trenton, Nova Jersey. Acontece que os jovens não foram reconhecidos pela única testemunha e todos os seis tinham álibis para aquele dia, mas foram condenados à morte, em agosto de 1948, por um júri totalmente branco.
O PCUS assumiu a defesa legal dos réus conseguindo provar que as provas eram forjadas e condenar o médico legista por perjúrio (falso testemunho).
Ela mostra também o vínculo do Partido com os sindicatos, já que em 1933, o quarto ano da grande crise norte americana, teve o maior levante dos operários norte-americanos e seu movimento de organização sindical. O PCUS liquidou a central sindical oportunista e construiu o Congresso das Organizações Industriais (CIO), comandando diversas greves.
A nova organização passou a incorporar os negros de maneira mais ativa e dirigiu greves operárias importantes. A mais famosa delas resultou na ocupação da General Motors (GM) que terminou com a vitória dos trabalhadores. Outro grande movimento foi a paralisação no setor do aço, um dos últimos baluartes resistentes à organização sindical. O marco dessa luta se deu no Memorial Day, em 30 de maio de 1937, no qual, num sangrento conflito com a polícia e milícias privadas, foram mortos dez operários e mais de duzentos ficaram feridos.
Falando sobre a importância da construção dos sindicatos e as lutas das trabalhadoras domésticas, para possibilitar melhores condições de vida e trazer as mulheres negras para dentro do partido.
A tradução foi feita pela força militante, com o intuito de fomentar o estudo e o debate sobre esse tema tão atual e tão importante. Deixamos um trecho como exemplo da força do texto:
“É essa consciência, acelerada pelas lutas, que convencerá cada vez mais milhares de pessoas de que somente o Partido Comunista, como vanguarda da classe trabalhadora, com sua perspectiva do socialismo, pode alcançar para as mulheres negras – para todo o povo negro – a plena igualdade e dignidade em que as contribuições para a sociedade são medidas, não por origem nacional ou por cor, mas uma sociedade em que homens e mulheres contribuem de acordo com a sua capacidade e, finalmente, sob o comunismo, recebem de acordo com suas necessidades”.
— Claudia Jones, 1949.
Acesse o texto on-line e em PDF abaixo:
Um Fim à Negligência dos Problemas da Mulher Negra – Claudia Jones
Um Fim à Negligência dos Problemas da Mulher Negra – PDF
*Livro publicado em: https://abolitionnotes.org/claudia-jones/neglect