UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

terça-feira, 15 de outubro de 2024

A importância do grêmio estudantil para a luta secundarista

É na escola onde os estudantes passam a maior parte de seu tempo, logo, além de conhecer bem os problemas desse espaço, eles também são os principais afetados pelos mesmos. Nesse sentido, quando estão indignados e buscam por melhorias, os estudantes organizam um potente instrumento de luta: o grêmio estudantil.

Isabella Gandolfi | Diretora da UBES


JUVENTUDE – A organização dos estudantes secundaristas sempre desempenhou um papel fundamental em nosso país. Mobilizações importantes ficaram marcadas na história, desde a passeata por justiça para Edson Luís, até as mais recentes jornadas de luta contra o Novo Ensino Médio. Dessa maneira, inúmeros direitos foram conquistados para a juventude, como, por exemplo, a meia-entrada, o passe-livre, as eleições diretas e muitos mais. Essas mobilizações e conquistas foram possíveis a partir da consolidação de entidades representativas dos estudantes secundaristas, a nível regional, estadual e nacional, que fortaleceram a luta em defesa do ensino secundário. Entretanto, para que uma entidade estudantil ou movimento de luta secundarista funcione de maneira ativa e democrática, é imprescindível a atuação ao lado dos grêmios estudantis.

O papel do grêmio estudantil

É na escola onde os estudantes passam a maior parte de seu tempo, logo, além de conhecer bem os problemas desse espaço, eles também são os principais afetados pelos mesmos. Nesse sentido, quando estão indignados e buscam por melhorias, os estudantes organizam um potente instrumento de luta: o grêmio estudantil.

O grêmio é uma representação, regulamentada por lei, dos estudantes de uma instituição de ensino secundária, dentro e fora dela. São sócios do grêmio estudantil todos os estudantes matriculados naquela unidade e são os estudantes que elegem sua diretoria através de seu voto. Ele tem o papel de defender os direitos de todos discentes e lutar para que o ambiente escolar seja um espaço acolhedor e que garanta a permanência daqueles que ingressam. Desta forma, lutas internas por mais infraestrutura, contra casos discriminatórios, entre outras, podem ser desempenhadas com mais qualidade, além de organizar atividades que tornem a escola mais atrativa, como shows de talentos e torneios esportivos.

Lutas internas e externas

O grêmio, diferentemente das entidades gerais, presencia naturalmente o cotidiano de seus sócios. Por consequência, uma ligação profunda é estabelecida e o movimento estudantil consegue intervir com mais rapidez na realidade dos estudantes naquele local. Mas o grêmio não vai conseguir resolver, por si só, todas as demandas apresentadas, o que evidencia que certos problemas vão além dos limites da escola. Nesse caso, torna-se necessário recorrer às formas de lutas externas, como passeatas, reuniões com representações gerais, etc.

Apesar da luta interna e específica serem consideradas as bases das lutas estudantis, não podemos colocar como principal as lutas internas em detrimento das lutas externas – nem vice e versa. O mesmo vale em relação às lutas reivindicatórias e às lutas políticas. Portanto, os grêmios estudantis devem escolher as formas de luta mais adequadas a partir da necessidade concreta de cada momento, tendo sempre em perspectiva a fortificação do movimento.  

Uma boa gestão do grêmio

A força do grêmio está principalmente na participação dos estudantes e são esses quem vão decidir se estão satisfeitos ou não com a gestão eleita. O grêmio fala por todos e é, por isso, que suas decisões devem ser tomadas democraticamente por meio de consultas, assembleias, reuniões da diretoria, etc. Além disso, para priorizar o compromisso com os estudantes e para garantir sua independência frente às direções, governos e empresas, é indispensável que haja autonomia financeira, uma política historicamente adotada pelos movimentos sociais combativos. Afinal, como diz o ditado popular, “quem paga a banda, escolhe a música”.

A diretora da entidade vai representar pessoas diferentes e, portanto, também deve se preocupar em planejar atividades amplas, que atendam diversos interesses. Por esse motivo, o Movimento Rebele-se lançou um plano de sete atividades a serem realizadas semestralmente em cada local de atuação: uma atividade cultural; uma atividade esportiva; uma reunião com os representantes de turma; um boletim informativo; um debate; um cineclube; e uma luta reivindicatória. Cumprindo esse planejamento, é possível conquistar uma grande referência entre os estudantes e realizar uma gestão combativa e consequente.

Por último, o que também define um bom grêmio estudantil é a capacidade de desgastar o atual sistema que constantemente ataca nossas escolas, encontrando, no fogo dessas lutas, novos companheiros e companheiras que acreditem na mudança e juntem-se na construção de um mundo novo. Diante disso, é urgente a organização de grêmios estudantis que realizem boas gestões para conquistarmos, juntos, a educação que os estudantes brasileiros merecem. 

Em cada escola, um grêmio, em cada grêmio, uma luta!

Outros Artigos

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Matérias recentes