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quinta-feira, 2 de maio de 2024

Mulheres da América Latina e do Caribe em luta por um mundo novo

Mais de 45% de todas as crianças e adolescentes estão à mercê da fome. Cerca de 20% das jovens não estudam e não trabalham para se ocupar das tarefas do cuidado e, cerca de 30% engravidam antes dos 20 anos de idade. A violência e exploração sexual vitimam milhares de crianças todos os anos, só no Brasil são 500 mil e, mais de 60% das pessoas traficadas na América Latina, são mulheres e meninas.

Coordenação Nacional Olga Benario


MULHERES – Mulheres de todas as regiões do Brasil e de mais 11 países se preparam para chegar a Brasília para participar, nos dias 21,22 e 23 de julho, do 3º Encontro de Mulheres da América Latina e Caribe. O evento, previsto para ser realizado em 2021, foi suspenso devido à pandemia da Covid-19, foram anos de construção coletiva e muito empenho para que centenas de mulheres pudessem se reunir e partilhar das lutas e anseios de um mundo melhor.

A realidade é que o encontro acontece num momento de aprofundamento da crise econômica do capitalismo, onde em sua sanha por mais domínio sobre nações e territórios, causam guerras e um aprofundamento da miséria e da pobreza, para que um punhado de capitalistas fiquem ainda mais ricos. 

Mulheres e crianças são a parcela da população mais afetada por essa situação. Só na região da América Latina e Caribe, estão entre a maioria dos mais de 280 milhões de pessoas vivendo em pobreza. 

Mais de 45% de todas as crianças e adolescentes estão à mercê da fome. Cerca de 20% das jovens não estudam e não trabalham para se ocupar das tarefas do cuidado e, cerca de 30% engravidam antes dos 20 anos de idade. A violência e exploração sexual vitimam milhares de crianças todos os anos, só no Brasil são 500 mil e, mais de 60% das pessoas traficadas na América Latina, são mulheres e meninas.

A pandemia da Covid-19 aumentou a violência, a miséria e o desemprego, porem entre as mulheres esses dados são mais alarmantes, o índice de desemprego é o maior já visto, 16,4%, são mais de quatro milhões de mulheres que não conseguem um emprego para sustentar suas famílias. 

As crises (econômica e climática) e as guerras têm obrigado milhões de homens, mulheres e crianças a se deslocarem. São mais de 15 milhões só na América Latina. Para sobreviver, as mulheres migrantes trabalham cerca de 50 horas semanais (quando conseguem um emprego), além de estarem em postos que não correspondem a sua qualificação profissional. Alias, é comum mulheres em postos mais precarizados e com menos direitos e, muitas vezes não correspondentes com sua escolarização e qualificação profissional.

Para impor essa realidade ao povo, não foram poucos os golpes e intervenções militares que o imperialismo promoveu em nosso território, desde o aprofundamento da crise econômica que se instalou mundialmente em 2008. A deposição de Manuel Zelaya, Honduras em 2009; o impeachment de Fernando Lugo (Paraguai) e Dilma Rousseff, em 2012 e 2016, respectivamente; o impeachment e, posteriormente, o não reconhecimento da eleição que reconduziu Evo Morales a Presidência da Bolívia, 2019 e 2020, respectivamente e, o golpe no Peru em 2022, são alguns dos exemplos que reafirmam que o capitalismo, desde o momento em que invadiu nossas nações o fizeram para explorar e espoliar, para sangrar o nosso povo e as suas riquezas e, quanto mais em crise ele se encontra, só com a imposição da força é possível atender suas vontades e caprichos mesquinhos.

Assim, chegamos ao século 21 com a burguesia mundial impondo governos de caráter fascista e de extrema-direita para garantir, por meio do terror e da violência, os seus privilégios às custas do aprofundamento da pobreza e da precarização das condições de vida da imensa maioria da população, sobretudo das mulheres.

O que os quatros anos de desgoverno do fascista Bolsonaro, somados aos dois anos de desmontes promovidos pelo golpista Temer, causaram ao povo brasileiro, particularmente às mulheres, será sentido por muitos anos. As mulheres foram parcela fundamental da luta para derrotar o fascismo, justamente por sentir na pele toda dor e violência promovidas. Somaram esforços nas campanhas de solidariedade ao povo e, também nos enfrentamentos contra as sucessivas tentativas de golpes.

Denunciaram o aumento das violências de gênero, mas também os da violência policial, que vitimaram milhares de jovens e trabalhadores negros nas periferias das cidades; estiveram nas ruas defendendo a democracia e também exigindo punição aos torturados e facínoras de 1964 e os que atentam, hoje, contra as liberdades democráticas; ocuparam as periferias para dialogar com os que mais são afetados por todos os desmontes nos direitos e serviços públicos e desenvolvendo campanhas de solidariedade. 

Assim, diante de um cenário de golpes e crises, onde a situação econômica do povo tem piorado a cada dia é necessário um movimento de mulheres combativo, disposto a fazer os enfrentamentos em defesa da vida e dos direitos das mulheres e crianças.

Combater o fascismo é não só tirá-los do poder, como fizemos no Brasil, é também exigir sua punição e de todos os seus cumplices. É defender e lutar melhores condições de vida, emprego e moradia para as mulheres. É combater as reformas impostas pelos governos, que para atender aos interesses da burguesia e manter seus privilégios, precarizam a vida das mulheres, tornando-as ainda mais vulneráveis. 

Em todos os países da região se aplicam ajustes fiscais, tetos de gastos, reformas da previdência e do trabalho; a inflação galopa desenfreadamente, fazendo com que nossas mulheres e crianças passem fome, além de convivermos com um desemprego alarmante. 

Para os próximos anos, devemos lutar e defender que os nossos países nacionalizem suas riquezas naturais, combatendo os saques e espoliações imperialistas; desenvolver amplas jornadas pela suspenção dos pagamentos das dívidas públicas e que estes montantes sejam investidos em saúde, educação, infraestrutura e assistência social; que se revertam às privatizações que privam o povo de acesso aos recursos naturais e serviços de atenção essenciais; lutar por um aumento geral dos salários, além da garantia de emprego e renda para as mais de quatro milhões de desempregadas; exigir dos governos congelamento dos preços dos itens básicos de vida, contendo assim a escalada da inflação; realizar amplas campanhas para que se decrete emergência nacional no que diz respeito à violência contra as mulheres e que se garanta mais investimentos, bem como, um combate efetivo para acabar com essa cultura de violência que vitima mais de 4.400 mulheres por ano na América Latina; que se erradique o analfabetismo, que atinge mais de 20 milhões de mulheres e que  se revoguem todas as leis que atentam contra os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres.

Assim, devemos estar nas ruas, bairros, empresas, fábricas, escolas, universidades, nas cidades e no campo, lutando e defendendo um mundo livre de toda opressão e violência e, isso só é possível, tomando partido e conectando nossas lutas com a emancipação do nosso povo do jugo da exploração capitalista. Portanto, a nossa luta é por nossas vidas, nossos direitos e pelo socialismo.

Matéria publicada na edição nº 275 do Jornal A Verdade.

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