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quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Ocupação Dom Paulo Evaristo Arns completa um ano de resistência

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Há um ano, no dia 5 de agosto de 2022, surgiu no bairro da Liberdade, em São Paulo, a Ocupação Dom Paulo Evaristo Arns, organizada pelo MLB.

Guilherme Arruda* | São Paulo


LUTA POPULAR – Realizada durante o duro inverno paulistano, a ocupação já nasceu denunciando o descaso do Estado que em meio a temperaturas baixíssimas não tomou nenhuma medida para garantir moradia para a população pobre. O prédio estava abandonado por seu dono há vários anos, apesar de estar localizado em uma região central da cidade.

Solidariedade e internacionalismo

A ocupação foi batizada com o nome de um líder religioso que sempre esteve ao lado das lutas do povo. Arcebispo da diocese de São Paulo, Dom Paulo foi o coordenador do projeto “Brasil: Nunca Mais” que reuniu documentos que comprovam as torturas e os assassinatos cometidos pela ditadura militar.

Ele também defendia que não é preciso esperar pelas autoridades para “dar pão aos que têm fome”, como diz a faixa que estendemos na ocupação desde o seu primeiro dia.

De lá pra cá, essa visão de mundo de Dom Paulo nunca deixou de estar presente na ocupação. “Esse lugar me ensinou o verdadeiro significado de solidariedade, muito do que aprendo aqui eu quero que meus filhos também aprendam”, declarou Mari Abdon, moradora e membro da coordenação da ocupação.

A criação de creches e cozinhas coletivas, que garantiram que fosse possível resistir às tentativas da polícia de desocupar o prédio nos primeiros dias dessa luta, foi uma expressão prática disso.

Outro exemplo dessa solidariedade é o fato de que, assim como sua vizinha – a ocupação Jean-Jacques Dessalines –, a ocupação Dom Paulo conta com várias famílias de imigrantes da América Latina, especialmente da Bolívia.

Nosso movimento luta para que os trabalhadores que vêm de outros países para o Brasil também tenham seus direitos respeitados e não sejam alvo da xenofobia e da exclusão social promovidas pelas classes dominantes. A participação dos migrantes na luta por moradia do MLB é expressão do nosso internacionalismo e um caminho para que eles conquistem sua libertação.

Campanha de reforma do prédio

Para celebrar o primeiro aniversário de sua resistência, as famílias da ocupação fizeram, no dia 13 de agosto, um almoço especial na cozinha coletiva do espaço. O momento de comemoração contou com a presença dos alunos e alunas do curso de Educadores Sociais do SENAC, convidados a conhecer o MLB.

No aniversário da Dom Paulo também foi lançada uma campanha financeira para custear a reforma do teto do prédio. Por conta do estado de abandono em que o prédio estava antes de ser transformado em um espaço de luta pelo direito à moradia, a ocupação precisa hoje renovar suas instalações elétricas, instalar novas calhas e canaletas e forrar seu teto.

Essas ações vão ser essenciais para que as famílias passem com segurança o período de chuvas, que é sempre muito difícil para os trabalhadores de São Paulo por conta das enchentes e inundações. O poder público nunca se preocupa em garantir o bem-estar dos trabalhadores nessa época, em que muitos perdem a casa. Nós do MLB, sim!

Durante todo o 2º semestre, as famílias da Dom Paulo e a militância do MLB de São Paulo estarão envolvidas na arrecadação de recursos para a reforma. Por isso, convidamos todos os apoiadores da luta por moradia no Brasil a se envolverem nesse esforço. Para doar, basta clicar aqui ou enviar um Pix para [email protected].

A luta por moradia em São Paulo

Segundo os dados do IBGE, a quantidade de domicílios vazios em São Paulo dobrou entre 2010 e 2022 – passando de 290 mil a 588 mil. A destinação de 400 mil desses imóveis para a habitação social resolveria o déficit habitacional da cidade. Mas as autoridades e o empresariado preferem que esses prédios e casas sigam sem função social para que no futuro gerem lucros para o setor imobiliário.

A Constituição, em seu artigo 6º, diz que a moradia é direito de todo cidadão, mas situações como essa provam que só a luta é capaz de fazer com que essas leis sejam realmente aplicadas.

O aniversário de um ano da ocupação Dom Paulo deve ser comemorado como exemplo da resistência popular às injustiças e desigualdades das cidades brasileiras. As famílias do MLB não vão arredar pé da luta até conquistarem a vitória: com reforma urbana, socialismo e habitação digna para todos!

*Militante do MLB

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