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sexta-feira, 3 de maio de 2024

Correnteza organiza cozinha solidária no CRUSP

O Movimento Correnteza e o Movimento de Mulheres Olga Benário organizaram, no final de agosto, no CRUSP  a primeira edição da Cozinha Solidária Rafael Kauan, que distribui comida gratuitamente a dezenas de moradores.

Daniel Lustosa* | São Paulo


EDUCAÇÃO – A iniciativa surgiu como forma de denunciar a negligência da reitoria da Universidade de São Paulo que não oferece, em seus Restaurantes Universitários, jantar aos finais de semana e nenhuma refeição em feriados. Além de mitigar esse problema, a Cozinha tem como objetivo organizar os moradores para a luta!

O Correnteza, em conjunto com o Movimento Olga, já havia questionado a reitoria sobre o porquê de não oferecerem jantas nos RU’s aos fins de semana, mas não fomos respondidos. A verdade é que para a Universidade de São Paulo, o CRUSP, que reúne a parcela mais pobre do corpo estudantil, é um elefante na sala, um incômodo problema para o qual não querem dedicar esforços.

Isso fica evidente quando vemos que para além do grave problema de alimentação, o CRUSP possui diversas questões estruturais, internet de péssima qualidade e faltas frequentes de água e luz.

Em relação à alimentação, sabemos que uma grande parte do nosso povo é afetado por um problema crônico: enquanto o Brasil exporta toneladas e mais toneladas de alimento, falta comida no prato dos brasileiros; enquanto as grandes redes de supermercados jogam fora comida, famílias passam fome nas ruas.

Essas dificuldades também fazem parte do dia a dia de muitos estudantes, ainda mais quando falamos da moradia estudantil. E mesmo que não sejam todos que sofram diretamente da fome, vários passam muita dificuldade em pagar por alimentação e têm que restringir o escasso orçamento que têm para comer com qualidade.

Em face a essa situação, os moradores decidiram se organizar e construir a Cozinha Solidária Rafael Kauan – que homenageia o estudante líder da ocupação que conquistou a moradia estudantil da USP em 1964.

Rafael Kauan também deu nome à primeira associação de moradores do CRUSP, a Associação de Universitários Rafael Kauan (AURK), entidade que travou duras lutas em meio à ditadura militar brasileira (1964-1985) seja por liberdades democráticas ou mesmo por uma alimentação digna – como feito na Greve do Fogão de 1965 que reivindicava redução dos preços e melhoria das refeições servidas na USP.

Também podemos rememorar e ter como exemplo o programa Café da Manhã Grátis para Crianças, construído pelo Partido dos Panteras Negras, organização revolucionária histórica dos EUA.

Em um trecho do artigo “Alimentar nossas Crianças” da edição do Jornal Black Panther de 26 de março de 1969, pode-se ler: “Por muito tempo nosso povo passou fome e sem a ajuda médica adequada que precisa. Mas o Partido dos Panteras Negras diz que este tipo de coisa deve terminar porque devemos sobreviver a este perverso governo e construir um novo que sirva a todo o povo.”.

Nesse momento, nós também dizemos que esse tipo de coisa deve terminar, a fome não deve caber na nossa moradia.

Para nós, essa luta significa conquistar melhores condições de vida para os moradores do CRUSP, significa servir aos interesses do povo pobre do nosso país, significa lutar por uma sociedade radicalmente nova, livre da fome e de todo tipo de opressão.

Nosso movimento é fundado com esse propósito e convidamos cada estudante e morador a tocar essa luta conosco! O CRUSP será território livre da fome!

*Militante do Movimento Correnteza USP

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