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quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Quem criou o fascista que roubou as joias e tentou fraudar as urnas eletrônicas

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Tivemos na Presidência da República um genocida fascista e ladrão de joias disposto a tudo para aumentar a sua fortuna e implantar uma ditadura militar. No entanto, os grandes meios de comunicação, ao noticiar os inúmeros crimes de Bolsonaro, fazem questão de esconder quem foram os responsáveis por tornar um ex-capitão, preso e processado pelo Exército por planejar explodir bombas em quartéis, presidente do Brasil.

Luiz Falcão | Comitê Central do PCR


EDITORIAL – Após a diplomação, pelo TSE, de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente eleito do Brasil, o ex-capitão Jair Bolsonaro passou a propagandear que não compareceria à posse e nem entregaria a faixa ao vencedor das eleições. Por trás do desrespeito à vontade da maioria do povo brasileiro estava a pressa de, ainda na condição de presidente da República, levar num voo da Força Aérea Brasileira (FAB) para a Orlando, EUA, quatro conjuntos de joias avaliadas em milhões de dólares. Ganancioso, ele queria mais. Um dia antes da viagem e da posse de Lula, Bolsonaro ordenou ao tenente-coronel Mauro Cid retirar outro conjunto de joias que estava retido pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos desde outubro de 2021. 

Em entrevista à revista Veja, Cezar Bitencourt, advogado do fiel ajudante de Bolsonaro, declarou que Cid também recebeu ordem para vender parte das joias e entregar o dinheiro ao ex-presidente. Em três anos, os ajudantes de ordens de Bolsonaro movimentaram, de forma suspeita, R$ 12 milhões.  Preso no Batalhão da Polícia do Exército de Brasília por ter falsificado os cartões de vacina do seu chefe e da filha, o oficial disse que vai proteger sua família, porém, não esclareceu a que família se refere.

Que pix é esse?

Além de roubar as joias da União, Bolsonaro teve depositado em sua conta, por meio de pix, cerca de R$ 17 milhões. À imprensa, o ex-presidente disse que essa pequena fortuna foi resultado de uma vaquinha feita junto aos seus apoiadores para pagar multas e processos que perdeu na Justiça.

Depósitos suspeitos nas contas da Família Bolsonaro não são novidade. Em 2020, foi descoberto que um dos chefes das rachadinhas, Fabrício Queiroz, fez 27 depósitos na conta de Michelle Bolsonaro num valor total de R$ 89 mil.

Tem mais. No dia 24 de agosto, a Polícia Civil do Distrito Federal realizou busca em cinco endereços de Jair Renan Bolsonaro, o filho 04, e de seu sócio, Maciel Carvalho, para investigar a prática de estelionato, falsificação de documentos, sonegação fiscal, criação de empresas fantasmas, lavagem de dinheiro e associação criminosa. 

Lembremos que, em 2021, o filho 01, Flávio Bolsonaro, senador pelo Estado do Rio de Janeiro, comprou uma luxuosa mansão de 2.500 m² com quatro suítes amplas, academia, piscina, spa e aquecimento solar no condomínio Ouro Branco, em Brasília, cujo valor é estimado em mais de R$ 10 milhões.

O plano para fraudar as urnas

Em depoimento no dia 17 de agosto à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), do Congresso Nacional, que investiga os atos golpistas de 08 de janeiro, o hacker Walter Delgatti Neto afirmou que Bolsonaro pediu para que ele invadisse as urnas eletrônicas para facilitar o plano de uma intervenção militar.

Segundo Delgatti, Bolsonaro afirmou: “Fique tranquilo. Se algum juiz te prender, eu mando prender o juiz”.  O hacker disse ainda que teve cinco reuniões no Ministério da Defesa, uma delas com o ministro, general Paulo Sergio Nogueira, e que o documento dos militares enviado ao TSE com questionamento às eleições foi todo elaborado por ele. Por fim, Walter Delgatti declarou que os pagamentos por seus serviços foram efetuados pela deputada federal Carla Zambelli (PL), aliada de Bolsonaro. 

Como vemos, tivemos na Presidência da República um genocida fascista e ladrão de joias disposto a tudo para aumentar a sua fortuna e implantar uma ditadura militar. No entanto, os grandes meios de comunicação, ao noticiar os inúmeros crimes de Bolsonaro, fazem questão de esconder quem foram os responsáveis por tornar um ex-capitão, preso e processado pelo Exército por planejar explodir bombas em quartéis, presidente do Brasil.

Quem criou Bolsonaro?

Em abril de 2018, o então comandante do Exército Eduardo Villas Bôas enviou o seguinte Twitter aos ministros do STF: “Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais.”

O livro “Os onze, o STF e seus bastidores”, de autoria dos jornalistas Felipe Recondo e Luiz Weber, mostra o resultado da pressão realizada pelo Alto Comando do Exército junto ao STF para que Lula fosse mantido na prisão e não pudesse ser candidato nas eleições de 2018. De acordo com os jornalistas, em reunião com os membros do TSE, o ministro Dias Toffoli  – então presidente do STF (2018-2020) -, afirmou que se Lula fosse solto e se tornasse candidato, haveria um golpe militar, pois “o comandante do Exército, general Villas Bôas, tinha 300 mil homens armados que apoiavam a candidatura de Jair Bolsonaro”.

Os generais e Bolsonaro

Após sua posse, Bolsonaro agradeceu várias vezes às Forças Armadas, em especial ao seu comandante: “Meu muito obrigado, comandante Villas Bôas. O que nós já conversamos morrerá entre nós. O senhor é um dos responsáveis por eu estar aqui”.

O apoio do Exército de Caxias a Jair Bolsonaro foi, portanto, fundamental para a sua eleição.  Aliás, mais de 6.000 militares ocuparam diversos cargos de ministros, presidentes de estatais e inúmeros ajudantes de ordens. Citemos alguns desses renomados militares.

General Eduardo Pazuello foi o ministro da Saúde que cumpriu a ordem do ex-capitão para não comprar vacinas e que causou a morte de milhares de pessoas contaminadas pelo vírus da Covid-19.

General Paulo Sergio Nogueira, ministro da Defesa, autor, junto com o hacker Walter Delgatti, de relatório com ataques ao sistema eleitoral e às urnas eletrônicas. 

Almirante Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia, responsável por trazer um conjunto de joias da Arábia Saudita e que tentou enganar a Receita Federal dizendo se tratar de presente de um príncipe para a primeira-dama Michelle Bolsonaro. 

General Braga Netto, chefe do Estado Maior do Exército, ministro da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro. Após a derrota nas eleições, no dia 18 de novembro, fez a seguinte declaração a apoiadores do golpe militar: “Vocês não percam a fé, tá bom? É só o que eu posso falar para vocês”.

General Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), órgão envolvido no vandalismo no Palácio do Planalto no dia 08 de janeiro. Perguntado sobre sua participação num plano de golpe, o general Heleno afirmou à CPI da Câmara Legislativa do Distrito Federal: “Eu acho que o tratamento que estão dando a essa palavra ‘golpe’ não é um tratamento adequado. Porque um golpe, para ter realmente sucesso, precisa ter um líder principal, alguém que esteja disposto a assumir esse papel de liderar o golpe”.

De onde sai o dinheiro que financia o fascismo?

Além do apoio dos generais, o ex-capitão foi financiado pela grande burguesia, isto é, donos de grandes empresas de comunicação, de transporte, da indústria, da agricultura e banqueiros. Com efeito, de acordo com relatório da Advocacia Geral da União (AGU), mais de 100 empresas financiaram ônibus, pagaram diárias e compraram comida para os acampamentos em frente aos quartéis e organizaram atos fascistas que pediam a intervenção militar contra o resultado das eleições. 

Em troca do apoio ao governo fascista, a grande burguesia se beneficiou com uma Reforma Trabalhista que retirou direitos, um salário-mínimo sem reajuste real e as mais altas taxas de juros do mundo, que permitiram lucros exorbitantes para a classe rica. Em resumo, o verdadeiro entorno de Jair Bolsonaro inclui generais golpistas, donos de bancos e das empresas do agronegócio e partidos e parlamentares da extrema-direita, vulgo Centrão. 

Conclusão: enquanto o poder econômico for mantido nas mãos da classe capitalista e o poder militar estiver sob o controle de generais fascistas e anticomunistas, o Brasil não terá nem justiça nem uma verdadeira democracia. Pior, o risco de uma ditadura militar para aumentar a exploração dos trabalhadores e das trabalhadoras seguirá rondando nossa pátria. Afinal, o Exército é de Caxias, e não do povo brasileiro.

Um exemplo triste, mas verdadeiro dessa realidade. Há oito meses, o genocida fascista não é mais o presidente da República. No entanto, no dia 17 de agosto, Bernadete Pacífico, mais conhecida como Mãe Bernadete, ialorixá e líder de um território quilombola, em Simões Filho, Bahia, foi assassinada a tiros em sua casa enquanto assistia TV com três netos.  Em 2017, Bernadete viu seu filho, Binho do Quilombo, ser covardemente assassinado por capangas da classe rica da Bahia. O motivo foi o mesmo: Bernadete e seu filho lutavam pelo direito à terra das famílias do Quilombo Pitanga de Palmares.

Por isso, a luta antifascista, para ser consequente, necessita avançar até a transformação profunda da estrutura econômica, política e militar da sociedade, ou seja, o regime capitalista precisa ser substituído pelo socialismo. Do contrário, continuaremos a ter as filhas e os filhos mais generosos do nosso povo sendo assassinados por lutarem por justiça e os trabalhadores e as trabalhadoras sendo explorados violentamente pela burguesia.

Editorial publicado na edição nº 278 do Jornal A Verdade.

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